Forte.
Excessivo. Desconcertante. São as palavras que eu encontro pra definir
"Ninfomaníaca", último e pra lá de polêmico filme de Lars Von Trier - a
respeito do qual você já deve ter lido mais do que o suficiente para ter
uma idéia do que vai encontrar pela frente caso resova enfrentar a
maratona de mais de quatro horas de duração, divididas em duas partes.
Ou não. Porque não é uma obra de fácil
assimilação, muito embora seja, paradoxalmente, um de seus filmes mais
"pop", em termos de narrativa. Chega a ser, inclusive, didático, o que
alguns enxergaram como defeito. Eu não. Adorei os recursos gráficos
usados para explicar o que a gente via na tela. Ajudam a não perder o
fio da meada da longa e, muitas vezes, surpreendentemente divertida,
narrativa. Ora ressaltando algo que já estava evidente, ora chamando a
atenção para as metáforas. Algumas, também, evidentes - entre a pesca e a
caçada sexual na viagem de trem, por exemplo - outras mais rebuscadas,
como a que compara os relacionamentos de Joe à estrutura de uma
sinfonia.
Visto apenas pela primeira parte, parece misógino,
porque focado na visão negativa de Joe diante das consequencias de seus
atos. Perto do final, chega-se a uma nova conlusão: é, na verdade, um
libelo libertário feminista. É também, a meu ver, um estudo sobre o
poder dos impulsos mais primitivos do ser humano, notadamente o sexual,
evidentemente. E é com essa energia, selvagem, descontrolada,
instintiva, que o filme é estruturado. Daí o excesso. Daí o choque. Daí o
final, em que o impulso e a herança cultural determinista vencem, mais
uma vez.
Adorei assitir, do lado de uma senhora de idade, na
primeira parte, e de uma bela jovem, na segunda, ambas desconhecidas, a
cenas, a princípio, desconcertantes, mas filmadas de forma até poética,
em alguns casos, embora sempre sem concessões. Nada de desviar a câmera
para poupar os moralmente recatados do constrangimento. "Felatios" e
penetrações em closes ginecológicos, membros eretos em profusão,
masturbações infantis criativas, lubrificações escorrendo pelas pernas
diante da morte, espancamentos consentidos e até um boquete "por
caridade".
Pornografia existencialista com pitadas, aqui e ali, de um humor negro que beira a morbidez.
Adorei.
A
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