terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Zombeer Fest



Dia 05 de dezembro de 2008, em Aracaju - No Espaço Edra, na Praia de Atalaia

Resenha por Murillo Viana

A proposta sempre foi beber cerveja.
E beber cerveja ao som d'um bom crossover, seria ideal.
Foi assim que rolou a Zombeer Fest.

Começou com o Metallica Cover. Havia boatos que eles iriam tocar só as músicas do Kill'em All. Mentira! Eles começaram o show com For Whom The Bell Tolls do álbum Ride The Lightning. Depois disso foi só do Kill'em All, o melhor álbum do Metallica pra quem curte a velha escola do Thrash Metal. O show dos caras foi muito foda, executaram o cover com muita categoria e abriu o show no melhor estilo possível, chamando o pessoal de fora do show pra dentro e começando a cervejada insana.

Logo depois iria tocar a Demonkrätzie, banda de power-violence sergipana, mas não sem antes a polícia baixar no show pra dizer que o som estava alto demais. O clima esquentou com a chegada dos porcos fardados, o pessoal de fora do show já saiu espalhando que o show iria acabar, mas não acabou, a Demonkrätzie começou a tocar seu fastcore agressivo com muita energia e a galera foi começando a lotar o Espaço (Espaço Edra). Um show bacana, rápido e eficaz, foi onde os 'pôgos' começaram.

Continuando o show com a Rótulo desta vez, os caras fizeram o que melhor sabem fazer, fazem há bastante tempo e com maestria, o hardcore melódico. Pra quem curte o estilo e gosta de musicas trabalhadas com riffs expressivos, a Rótulo é umas das melhores bandas do Brasil nesse quesito, não há como negar. Seu vocalista tem o carisma que todo vocalista precisa ter e conduz a banda perfeitamente. O show deles serve pra dois tipos de público: os que querem entrar numa roda de pôgos ou quem preferi cruzar os braços e ouvir a melodia de suas guitarras e ficar com os pelinhos dos braços arrepiados. O som mais bonitinho da noite.

Em seguida foi a vez da banda de punk rock, Rotten Horror. A banda fez um show impecável, coeso... Até parece que a banda tem 15 anos de estrada pelo entrosamento dos integrantes, um power-trio, mas a banda é até bastante nova. Nesse show eles anunciaram que estavam de partida para uma tour em São Paulo e que iriam tocar no Hangar 110. Puta que pariu, que conquista! Especialmente se tratando de uma banda nordestina onde as possibilidades são remotas. Fiquei bastante orgulhoso ao saber disso, eles merecem!

Agora era a vez da banda Nucleador (da qual faço parte tocando guitarra) estrear nos shows da vida com seu thrash crossover. Dava pra sentir a expectativa do público em ver o primeiro show da banda, especialmente pelos thrashers que estavam no local. O ep ainda não lançado chamado Zombeers Infest que estava (está) circulando pela internet deu a galera que baixou e ouviu uma idéia do que seria o show e isso só apimentou ainda mais nosso show. Quando a banda começou a tocar sua musica instrumental, Inthrash, a galera estava prestando bastante atenção aos riffs e a batida da bateria, o que os perceber o bagulho era série e que as cavalgadas não iam cessar! E com esse perfil constante a Nucleador fez a galera bater cabeça e pôgar nas músicas seguintes. Um show muito foda! Obrigado a quem agitou conosco.

Por fim, Uzômi. Puta que pariu, que show alucinante. Crossover seco! Seu set-list repleto de músicas foi executado inteiramente sem nenhuma pausa, nenhuma! Uma coisa realmente incrível de se ver. Mais entrosamento que isso, impossível! Foi a banda que mais agitou a galera, sem sombras de dúvidas. A batida thrash da banda fez todo mundo bater cabeça, pular, gritar! Realmente não se via um show tão empolgante por aqui em Aracaju a um longo tempo. O vocalista Heron é um dos caras mais insanos que eu já vi num show: o cara pulava feito louco, rolava no chão, puxava a galera pra rolar no chão com ele, sangrou a boca, cuspiu sangue pro alto, interpretava cada palavra que gritava. O cara roubou a cena do show! Quando o set dos caras acabaram a galera pediu BIZ e eles tocaram mais uma pra galera se esbaldar de crossover. Um show que vai ficar pra história do underground sergipano. Sinto-me honrado em ter feito parte disso.

Gostaria de agradecer a todas as bandas que tocaram na Zombeer Fest: ao Metallica Cover, Demonkrätzie, Rótulo, Rotten Horror, Nucleador e Uzômi. Tocaram sem pretensão de cachê, coisa que cada banda merecia mais que a outra, pois são bandas fodas, as melhores em seu estilo em todo o Brasil e disso eu não tenho a menor sombra de dúvidas, mas que infelizmente cachê é uma coisa difícil num show underground, onde quase sempre dá prejuízo a quem organiza! Desculpe, pois vocês mereciam mais e o que há de melhor! Agradeço especialmente a Débora e Adelvan da rádio Aperipê FM que deram uma força na divulgação do evento, ao Sílvio da Karne Krua, ao Oitchi da Planet Music, a Victor Balde e ao Tutu pelas fotos profissionais, ao Beto e Stela do Espaço Edra, a Jason, ao Rafael Findans e ao Rodrigo (e seu irmão) da Metallica Cover, ao Dudu e ao Sílvio da Demonkrätzie, ao Luis Solon e Bruno Petoh da Nucleador (meus comparsas!) e a todos do Uzômi: Brunão, Eric, Heron e ao Vini. Foi bastante divertido passar a semana com esses bebuns e conhecê-los com calma e perceber que são todos pessoas maravilhosas e envolvidos com o underground e com a correria, são caras competentes e de boa índole e são pessoas como essas que devemos nos cercar! Queria agradecer também a quatro pessoas que me ajudaram pra caralho no evento e que sem elas o show seria um fracasso: A Biel, meu companheiro de todas as horas, um irmão. Ao Henrique que ajudou sem mesmo eu pedir e foi brutalmente fundamental na realização do show, valeu mesmo cara! A Dandara que ficou no bar num calor desgraçado, valeu mesmo Dandarita! E o agradecimento mais que especial a Juh (meu amor), obrigado pelas milhares de coisas que você faz por mim. Também agradeço a minha cunhada Carol que deu aquela força de sempre e agradeço até a minha mãe, hehe. Obrigado mesmo.

No que depender dessas pessoas e de mim, o Underground não vai morrer em Aracaju. Palmas pra todos e até o próximo show THRASH!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Eu, eu mesmo e + eu


MADE IN ITABAIANA
Foto: Adelvan Barbosa numa foto bem recente, tirada há uns 20 dias, na Usina Hidrelétrica de Xingó, na fronteira entre Alagoas e Sergipe, no Rio São Francisco.
Por Marcelo Viegas
Quando o tema “Fanzines” foi escolhido para inaugurar as atividades aqui do blog, eu pensei: posso muito bem falar da minha experiência de fanzineiro, contar histórias e mais histórias... Mas isso seria muito pessoal (e previsível), e o grande barato dos fanzines sempre foi falar das coisas legais que nós gostávamos e mais ninguém divulgava. Decidi, então, falar de outrem.
Assim, apresento-lhes o ilustre Adelvan Barbosa, editor do extinto fanzine Escarro Napalm. Nascido em Itabaiana (SE), uma cidadezinha de 80 mil habitantes a 52 km de Aracaju, Adelvan é uma figura rara, dotada de um senso de humor inato e contagiante. Profundo conhecedor das manifestações do underground, possui um gosto variado, de Sonic Youth à Slayer, passando por Pato Fu, DFC e Gangrena Gasosa. Fã ardoroso de Star Wars e Marquês de Sade, Adelvan sempre batalhou para movimentar a pacata cena sergipana. O Escarro Napalm durou de 1991 a 1995, com “7 edições, mais uma mega-edição especial delirante chamada ‘Delirium’”, diz.
Mas o espírito fanzineiro permanece, impregnado, subcutâneo, e o cabra-macho de 37 anos segue colaborando com a fomentação da cena local com seu programa de rádio, ao lado do amigo Fabinho, da banda Snooze. Troquei uma idéia com o Adelvan - que não perde sua tradicional marca de começar todas frases com um “rapaz” (proferido com sua voz fiiiina) – sobre suas memórias fanzineiras e alguns outros assuntos. Confira logo abaixo
ZINISMO: Você nasceu em Itabaiana (SE). Quando mudou pra capital Aracaju?
ADELVAN: Em Aracaju desde 1989. Lembro bem porque foi na época da primeira eleição pra presidente.
ZINISMO: De que ano a que ano editou o Escarro Napalm?
ADELVAN: O Escarro Napalm foi de 1991 a 1995. Mas houve um precursor, que eu editei em 1988 e 1989, em Itabaiana mesmo, chamava-se Napalm.
ZINISMO: Qual a explicação do nome Escarro Napalm?
ADELVAN: Rapaz, é uma viagem meio de roqueiro de primeira viagem adolescente revoltado. O primeiro se chamava Napalm em homenagem à casa noturna que tinha aí em São Paulo. E porque eu acho o nome forte, essa bomba aí é muito louca, né? Espalha gasolina... Aí eu fiz um informativo e pra diferenciar chamei de Escarro Napalm, porque não era o zine em si, era tipo uma cusparada flamejante (risos). Aí quando fui fazer um novo zine adotei esse nome. Muita gente achava que, pelo nome, o zine só falava de grindcore ou coisas do tipo, se surpreendiam quando pegavam.
ZINISMO: E do que falava o Escarro?
ADELVAN: Rapaz, era bem aberto. O universo do rock independente era uma constante, mas rolavam também matérias com o assunto que me viesse à telha. Mas o tema central era o rock mesmo, fiz inclusive alguns perfis de bandas daqui, como Karne Krua e Camboja.
ZINISMO: Quais as melhores demo-tapes que passaram pelo zine?
ADELVAN: Eu não resenhava tapes. Pelo menos não numa seção assim específica, mencionava sempre a banda como um todo num resumão que eu fazia no meio do fanzine. Mas lembro de algumas demos que me impressionaram muito e eu devo ter comentado no zine: A primeira demo dos Cabeloduro, a primeira do DFC, uma com a capa colorida do Living in the Shit de Maceió, “Psicose” do Concreteness, as demos do GDE, do RS, a primeira demo do Pato Fu... A demo do Snooze também foi bem marcante.
ZINISMO: E as melhores capas de demos?
ADELVAN: Rapaz, acho que a galera não caprichava muito nas capas não, e os recursos não ajudavam, Xerox tosca e tal. Não lembro nenhuma especialmente marcante – aliás, lembrei: uma do Eddie, de Olinda, com o desenho de uma invasão de moscas, muito boa. Tinha uma da Karne Krua que era muito boa também, com um desenho estilizado de uma mulher gritando.
ZINISMO: Você lembra matérias em fanzines que tenham te marcado?
ADELVAN: Uma entrevista com Zenilton feita pelo zine Cabrunco. O Papakapika teve muita coisa boa, mas não lembro especificamente de uma. Na verdade não me vêm à memória matérias em si, mas os zines de forma geral. Eu lia tudo, tinha uma paciência na época que hoje não teria não. Lia desde os mais legais e elaborados até os mais toscos e panfletários.
ZINISMO: E as capas dos fanzines? De quais você gostava?
ADELVAN: Lembro que as capas feitas pelo Yuri Hermuche (hoje na banda Firefriend), de Brasília, pelo Weaver, de Fortaleza, por Ricardo Borges e Joacy Jamys, do Maranhão, pelo Alberto Monteiro, do Rio, por Henry Jaepelt, de Santa Catarina, pelo Law e Claudio MSN, do RS, eram sempre muito boas.
ZINISMO: Lembra de cidades inusitadas pra onde enviou o Escarro?
ADELVAN: Alguma cidade lá do extremo norte, acho que Porto Velho e Rio Branco. Às vezes rolavam umas correspondências do interiorzão, mas era bem difícil. Tanto que nem lembro qual... A esmagadora maioria vinha de São Paulo mesmo.
ZINISMO: Tem acompanhado os fanzines da atualidade?
ADELVAN: Estou absolutamente por fora de fanzines atuais, não conheço praticamente nenhum.
ZINISMO: Quais bandas gostaria de ter entrevistado no Escarro?
ADELVAN: Pô, as que eu era fã mesmo na época e eram acessíveis entrevistei – tipo Pato Fu, DFC e Gangrena Gasosa. Gostaria de ter tido contato com o Second Come, me amarrava. Eddie tinha contato, mas nunca entrevistei, deveria ter feito. OsCabeloduro também.
ZINISMO: Vamos falar um pouco da sua banda, o 120 dias de Sodoma, que é lendária na cena nordestina. Muitas histórias de shows polêmicos, nudez e coisas bizarras em geral. Qual história foi mais marcante, no seu ponto de vista?
ADELVAN: Rapaz, um show nosso que tem trechos no Youtube foi bem legal, pois rolou um impacto. Só tinha bandas indie meio deprê na noite, a organização colocou a gente pra "esculhambar" mesmo, e conseguiu. No final todo mundo se divertiu, ao que parece. Inclusive um bêbado que fez umas participações com uma gaita horrível o show inteiro e no final fez um strip tease. Assistam até o fim e verão esse momento sui-generis na historia do rock sergipano.
ZINISMO: Como você definiria 120 dias de Sodoma para quem nunca ouviu?
ADELVAN: Bizarro. Também horrível, para alguns, ou divertido, para outros. Depende do senso de humor ou do estado de espírito de quem vê.
ZINISMO: Apesar de não fazer mais fanzine, você tem um programa de rádio, junto com o Fabinho Snoozer. Como tem rolado esse lance do programa?
ADELVAN: Tem sido muito legal. A proposta do programa é a mais ampla possível, indo dos clássicos ao underground do underground, do indie rock ao splatter gore death black metal. E fazemos entrevistas com bandas e personalidades (como produtores de shows) da cena local, ou que estejam de passagem pela cidade. Inclusive conseguimos uma repercussão nacional, pois fomos indicados ao premio Dynamite, coisa que não esperava, pois concentramos a divulgação do programa aqui dentro do estado mesmo. Há inclusive o convite para que se transforme num programa de TV, a ser transmitido pela emissora pública local, via Fundação Aperipê
ZINISMO: Momento alta fidelidade: os 5 melhores zines brasileiros de todos os tempos.
ADELVAN: Masturbação, Iogurte e Rock and Roll, de Fortaleza; Cabrunco, de Aracaju; Papakapika, de Curitiba; Panacea, de SP; Anti-Usual, do Rio de Janeiro; e Kri$e – do Maranhão (menção honrosa, hehehe).
ZINISMO: 5 melhores bandas que descobriu em zines.
ADELVAN: Concreteness (SP), Eddie (PE), OsCabeloduro (DF), Second Come (RJ) e Gangrena Gasosa (RJ).
ZINISMO: 5 amigos que deve aos fanzines.
ADELVAN: Rapaz, aí vai ser foda escolher cinco. Vou falar os que eu tinha mais contato mesmo, alguns deles são meus amigos do peito até hoje: Fellipe CDC do DF; Oscar F. de Goiânia; Ronaldo Chorão do RJ (esse tá inclusive aqui em casa nesse momento, passando as férias); Marcos de Oliveira Ferreira, do Rio; e Marly do No Sense, de Santos.
ZINISMO: O que é insubstituível num fanzine impresso? E o que era chato pra caralho?
ADELVAN: O manuseio do papel é sempre legal. É mais legal ler em papel que na tela - muito embora ler matérias curtas (ou não muito longas) seja bastante viável via computador, o que não dá é pra ler um livro inteiro, a meu ver. O que era chato é que às vezes fanzines muito bons vinham em cópias xerox muito ruins, o que diminuía o impacto do trabalho. E a trabalheira que dava pra grampear, dobrar, envelopar e remeter, muito embora eu fizesse com prazer, pela empolgação de estar produzindo, participando de algo, muito provavelmente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

PROGRAMA DE ROCK indicado ao Premio Dynamite

Deu em http://www.aperipe.se.gov.br/ (Neste site, toda sexta, às 20:00, você pode sintonizar a Aperipê FM via internet e ouvir o programa ao vivo):


Programa da Aperipê FM é indicado ao Prêmio Dynamite de Música Independente



Fabinho Snoozer e Adelvan Kenobi comandam o Programa de Rock

Investindo na difusão desse estilo tão famoso pela sua irreverência e rebeldia, o Programa de Rock, da Aperipê FM 104,9, é um dos indicados ao Prêmio Dynamite de Música Independente. Junto com vinte outros indicados de diversos estados brasileiros, como Amazonas, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará e Pernambuco, o Programa de Rock concorre na categoria ‘Programa de Rádio ou Emissora’.

De acordo com o diretor da Aperipê FM, Patrick Torquato, essa indicação ao Prêmio Dynamite é um grande reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela Aperipê, em especial pelo Programa de Rock, de valorização e divulgação da diversidade de conteúdos e expressões artísticas. “Para a rádio, um programa ter reconhecimento nacional é um mérito, principalmente se tratando de um universo como o da música independente. A indicação da Aperipê, dentre tantas outras rádios do país, é uma prova que a nossa programação tem o mesmo padrão de variedade e qualidade das “grandes mídias”, e que somos referência para outras emissoras, produtores artísticos, músicos e bandas”, assegurou o diretor da rádio.

Apresentado por Fabinho Snoozer e Adelvan Kenobi, o Programa de Rock é transmitido todas as sextas-feiras, das 20h à 22h, e toca o som das bandas independentes de Sergipe, do Brasil e do mundo, abrindo espaço para os novos artistas e divulgando eventos relacionados ao universo do rock. Integram a seleção musical do Programa de Rock as bandas inglesas, americanas, grupos independentes brasileiros, metal, punk, e até mesmo artistas da música eletrônica, que não tocam rock, mas influenciam o trabalho de diversos grupos contemporâneos.

Segundo o apresentador Adelvan Kenobi, a indicação do Programa de Rock à categoria de ‘Programa de Rádio ou Emissora’ do Prêmio Dynamite é uma mostra da dimensão do alcance da internet, já que o programa é divulgado e ouvido pelos outros estados através dela. “Para mim foi uma surpresa muito boa, principalmente devido às limitações do Programa de Rock quanto aos seus recursos de divulgação. Grande parte dela é feita através da internet e pelo site de relacionamentos Orkut, então é uma surpresa um prêmio de alcance nacional ter nós presenteado com essa indicação”, afirmou Kenobi.

Prêmio Dynamite de Música Independente

O Prêmio Dynamite foi criado para fortalecer a produção independente, dando o primeiro passo para a construção de um mercado musical consolidado e com estruturas mais fortes. Organizado pela Revista Dynamite, que completa 16 anos de trabalho com música alternativa no país, e pelo Portal Dynamite Online, criado pela revista em 2002, o prêmio e já reuniu personalidades da música como Tom Zé, Arnaldo Antunes, Seu Jorge, Xis, Otto, Zé do Caixão, além de membros das principais bandas de pop/rock do país.

A novidade deste ano é que o prêmio teve um lançamento oficial com shows de alguns indicados. A Mostra do Prêmio de Música Independente, considerada a prévia da premiação, foi realizada entre os dias 5 e 7 de setembro, aproveitando a semana da Independência, no Teatro do SESC Pompéia. Tendo à frente a curadora Suzana Gnipper, a Dynamite consultou mais de 300 jornalistas, produtores e formadores de opinião por todo o país durante o primeiro semestre deste ano, mapeando as indicações para as 22 categorias que abrangem todo o espectro da música independente e de que os apóia.

O site do Prêmio Dynamite - www.premiodynamite.com.br – possui tecnologia de home-banking, para que o público possa votar nos seus favoritos com segurança. A votação vai até 30 de setembro, e os resultados serão divulgados neste site no mês de outubro, quando ocorrerá a premiação. Para votar basta acessar ao site do prêmio, cadastrar um e-mail válido e aguardar o link e a senha. Com elas, o internauta tem acesso a uma cédula exclusiva com todas as categorias e os indicados. Mais informações no site do prêmio ou através do e-mail premio@dynamite.com.br

Todos os indicados na categoria "Programa de radio ou emissora":» 91 Cena Local (91 Rock / PR)» Alto-Falante (MG)» Aumenta que é Rock (PB)» Balada Total (SP)» BR 102 (Kiss FM / SP)» Cultura Reggae (Rádio Cultura / AM)» Estúdio B (FM Cultura 107,7 / RS)» Evolução Hip-Hop (Rádio Educadora FM 107,5 / BA)» FMI nas Ondas do Rádio (Rádio Cultura FM 100,9 / DF)» Independência ou Morte (Rádio UFSCAR / SC)» Loaded (Rádio UFSCAR de São Carlos/SP, Rádio Unicentro em Guarapuava/PR, e Rádio Universitária de Goiânia/GO)» Metal Heart - Rádio Estrela FM 94,5 FM ? Jaguariúna (SP)» Mundo Rock de Calcinha (SP)» Pró-Música (RS)» Programa de Rock (Aperipê FM - 104,9 / SE)» Rádio Cultura (Belém - PA)» Rádio Universitária FM (Recife - PE)» Reator (GO)» Underock (SP)» Venenosa FM (RJ)

O que tem tocado no programa de rock:

# 72 - 05 de setembro de 2008

The Cure – sleep when I´m Dead
Krisiun – Contradictions of decay

Casa das Máquinas – Dr. Medo
Golpe de Estado – Underground
A Bolha – sem nada
Made In Brazil – Jack o estripador

Bloco produzido por Ramon Franklin:

The National – mistaken for strangers
Cut off your hands – Expectations
Primal Screan – Can´t Go back
Eddie Veder – No ceiling

Drop Loaded:

Justine – Minutos para as 6 AM
Porcas Borboletas – Nome próprio

Manfred Hubler & Siegfried Schwab – The Lion and the cucumber
Manfred Hubler & Siegfried Schwab – countdown to nowhere
Isobel Campbell – October´s Sky
Television – untitled
Pata de Elefante – Angelita

Thurston Moore – off work
Ciccone Youth – Burning up
Lee Ranaldo – Deva, Spain fragments
Sonic Youth – Theresa´s sound world

Mukeka di rato – Cachaça
Merda – Graças ao Merda
Jason – marra de cão
Delinqüentes – Um belo dia pra morrer
Karne Krua – Forças Armadas
Logorréia – Caos positivo
Da Boca ao reto – Morra podre com suas idéias idiotas
Triste Fim de Rosilene – Depois de tudo
Arma Laranja – sangue no olho

# 71 - 29/08/2008 - Edição Especial do ouvinte

http://rapidshare.com/files/141889196/pdrock___71.WAV.html

01 – Franz Ferdinand – Lucid dreans
02 – AC/DC – Rock and roll train
03 – Metallica – The day that never comes

Bloco produzido por Idalicio:

Ainigma – all things are fading
Dark – Maypole
Fusion – 4/4 ¾

Drop loaded:

Eddie – Metropolitano
The Dead Rocks – Léspion Invisible em vacances

Bloco produzido por Lucas da Rock Vivo:

André Matos – Letting go
Viper – Living for the Night

Entrevista com Edcarlos e Lucas da Rock Vivo produções.

Bloco produzido por Ramon Franklin:

White Lies – unfinished business
The Mary Onnetes – The companion
Midlake – Roscoe
The Walkmen – All Hands and the cook

Bloco produzido por Vladimir:

Harpia – voz da consciência
Anthares – Fúria
Vingança suprema – preparem-se para matar

# 70 - 15/08/2008

01 - The Rolling Stones - Get off of my cloud
02 - The Rolling Stones - Surprise, surprise
03 - The Rolling Stones - Mother's Little Helper
04 - The Rolling Stones - 2000 Light Years from Home

05 – Gigante animal – As mesmas ...
06 - Capim Maluco - O que é bom pra você
07 - Thee Butcher's Orchestra - The Last Time
08 - Supersoniques – Zap

---> Bloco produzido por Stephanie

09 – Vader – Silent Empire
10 – Amon Amarth – runes to my memory
11 – Evol – Sad Doom of a dark soul
12 – Dr. Acula – Say Cheese and die
13 – Carcass – Pungent excruciation

--> Drop Loaded:

14 – Jumbo Eletro – Freak Cat
15 – Barbiekill - Chiclete

16 – Madame Saatan – Vela
17 – Snake of Boots – Everything at last
18 – Forte Paradoxo – Mundo de ilusões
19 – Plástico Lunar – Não há quem mude

20 - theatro de séraphin - Cólera
21 - messias - the machines are my family
22 - brincando de deus - livro de Rilke

23 – Motorhead – Ramones
24 – Ramones – Spiderman
25 – Devotos de Nossa Sra. Aparecida – Gibi, Ramones e Motorhead
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26 – The Meteors – somebody put something in my drink
27 – Metallica – Now I wanna sniff some glue
28 – Garbage – I just wanna have something to do
29 – U2 – Beat on the brat

# 69 - 09/08/2008

http://rapidshare.com/files/136050712/pdrock___69.WAV.html

01 – King Crinson – The Court of the Crimson King

02 – The Black Angels – manipulation
03 – She Wants Revenge – She Will always be a broken girl
04 – Interpol – Obstacle 1
05 – Joy Division – New Dawn Fades

06 – The Specials (Ao vivo) – Monkey Man
07 – Morrissey (Ao Vivo) – The First of the gang to die
08 – Echo & the Bunnymen (Ao vivo) – Stormy weather
09 – Blondie (Ao vivo) – Heroes

----> Drop Loaded

10 – Astronauta Pinguin – Lisa Boyle
11 – Graforréia Xilarmônica – Eu

---> Bloco produzido por Lucas da Rock Vivo produções

12 - Nordhein – River of Death
13 – Torture Squad – The Beast within
14 – Dominus Praelii – Battle of Stanford Bridge

15 – Perdeu a Língua – Visão Periférica
16 – Perdeu a Língua - Mamparra
17 – Fóssil (Ao Vivo) – Le territoire fonce

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Let´s talk about ...


Perguntado por meleloas@hotmail.com, respondido por ADELVAN KENOBI – adelvank@hotmail.com

1) Qual tipo de publicação faz: fanzine de papel ou mídia eletrônica para divulgação de quadrinhos ( Especificar: e-zines, sites, fotologs, blogs, etc)?

Já fiz, de papel e xerocado. Fiz um ainda no final dos anos 80, e meu mais conhecido, ESCARRO NAPALM, que foi publicado entre 1991 e 1995.

PARA QUEM FAZ FANZINE DE PAPEL
1) Por que faz fanzine de papel ?
Fazia, não faço mais. Na época internet era ficção cientifica.
2) Qual o estilo do fanzine?
O meu era bem anárquico, não seguia o manjado padrão de artigos e seções de revistas não.
3) Tem um público específico?
Na época tinha: outros fanzineiros, em 80, 90% dos casos.
4) Qual a freqüência da publicação do fanzine?
O meu era totalmente esporádico, fazia quando podia. Mas a media eram de uns 2 por ano.
5) Como divulga?
Pegávamos endereços em revistas (a Animal divulgava muito fanzines) e e flyers (papeizinhos de propaganda de outros zines que vinham nas correspondências) e iamos espalhando.
6) Publica em nível nacional e/ou internacional?
Ia pro Brasil todo sim. No meu caso, acho que só Roraima ficou de fora.
7) Qual o custo na confecção?
Variava, minha tiragem era em torno de 100 copias. Não dá pra lembra em quanto ficava, pois faz muito tempo. Mas era o custo da xerox e da postagem
8) Qual o custo para obtenção do fanzine?
Geralmente o preço era mandar o zine que o cara fazia em troca, ou um valor pra cobrir os custos que poderia ser enviado em selos, pra evitar dinheiro em cartas, que era proibido.
9) Como confecciona?(material, impressora, etc).
Era datilografar, cortar, colar, xerocar, dobrar e grampear.
10) Quais as vantagens e desvantagens do fanzine de papel em relação as outras mídias?
Papel é mais “palpável”. Mas na net é muito mais fácil.
11) Por que não faz uso de mídia eletrônica
Faço. Tenho um blog, http://www.escarronapalm.blogspot.com/
12) O que o fanzine de papel representa para você?
Romantismo. Amor à “coisa”
13) Qual a sua preferência, o fanzine de papel ou a mídia eletrônica?
Hoje em dia prefiro mídia eletrônica
14) Utiliza a mídia eletrônica, através de e-zines, sites, fotologs, blogs, Orkut? Especificar.
Citado acima
15) Quais as diferenças e semelhanças entre a mídia eletrônica e o fanzine de papel?
A semelhança é que através de ambos se procura se comunicar, o que é saudável e louvável. A diferença maior, a meu ver, é que na internet fica tudo nivelado por cima. Um site da Veja pode ser acessado e ter a mesma qualidade que um e-zine – desde que o webmaster tenha competência pra fazer um site bacana, claro. A Internet é uma revolução inacreditável e irreversível. Thank you Lord. Eu amo a internet.
16) A linguagem utilizada no fanzine de papel e na mídia eletrônica é a mesma? Explique como.
Nos próprios fanzines de papel as linguagens se diferenciavam – alguns zines se assumiam como fanzines e tinham uma linguagem mais descompromissada e despojada, já outros queriam ser revista e eram mais sérios e formais – alguns conseguiram, vide Rock Brigade, Roadie Crew, Valhala.
17) A internet com tantas novidades supera as expectativas de leitores e autores de fanzines de papel?
Sim. Muito. Nunca pensei que as coisas um dia pudessem ficar tão fáceis.
18) Qual o alcance do fanzine? Como mensurá-lo?
Dependia muito do capital investido e do pique do autor pra enviar e responder cartas. Dava um trabalhão, mas era super prazeroso.
19)Qual o alcance da mídia eletrônica ? Como mensurá-lo?
Sem limites.
20)Quais as interferências causadas pela mídia eletrônica no fanzine de papel?
Acho que os fanzines de papel praticamente acabaram ou estão em vias de extinção. Descansem em paz. Foi bom enquanto durou, mas passou.
21)O que o fanzine de papel representa para você, neste cenário de avanço tecnológico?
Saudosismo.

Caralho, era pra ter respondido aí embaixo, foi mal. Espero que seja útil.

PARA QUEM JÁ FEZ FANZINE DE PAPEL E NÃO FAZ MAIS

1) Que período publicou fanzines de papel? (Especificar década)
Principalmente na primeira metade os anos 90, mas comecei no final dos anos 80, só que nem sabia que fazia fanzine, chamava de “apostila”
2) Com confeccionava? (material, xerox, etc).
Cola e xerox e textos datilografados.
3) Como divulgava o fanzine?
Contatos pegos aqui, ali e acolá.
4) Qual era o estilo do fanzine?
Doideira roqueira, principalmente
5) O que o fanzine representou para você?
Um meio de expressão
6)Continua tendo contato com fanzine mesmo indiretamente? De que forma?
Ainda tenho contato com alguns fanzineiros da época, que se tornaram grandes amigos, mesmo que à distancia. Retomei muitos desses contatos graças à internet.
7) A linguagem utilizada nos fanzines sofreu alguma modificação com o avanço tecnológico?
Acho que como linguagem em si não, foi mais o meio de divulgação que melhorou mesmo
8) Por que não faz mais fanzine?
Cansaço.
9) Na atualidade, trabalha com algo relacionado ao que divulgava nos fanzines?
Faço um programa de radio. Programa de rock, toda sexta às 20:00 pela radio publica local, Aperipê FM 104,9 – pode ser ouvido via net em http://www.aperipe.se.gov.br/

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Maldição de Omolu é a Gangrena Gasosa no seu ...

A Gangrena Gasosa está de volta, de novo. Gravando coisas novas e tocando bastante ao vivo (por enquanto apenas no Rio, infelismente). Confira abaixo a nova formação ao vivo, além do release oficial e aqui , você pode baixar a primeira demo da banda, SARAVÁ METAL OU O SANTO DE CASA TAMBÉM FAZ MILAGRES, com direito a vinhetas de pontos de macumba entre as "músicas". Um clássico.




6AN6RENA 6ASOSA


Hoje em dia o guarda-roupa do Inimigo está com mofo e teia de aranha. Todas as suas capas pretas e vermelhas estão sem passar. O seus chifres-de- festa estão opacos e embassados. O rabo de seta está sem barbear e coberto de pelos. Os cascos do Mancador estão sapateira da área sem dar um brilho já faz um tempão. O Capira não liga mais seu três-em-um da CCE desde que o Anjo Gabriel roubou seu original autografado do Smells Like a Tenda Spírita.
Não que ele não tenha tentado se modernizar ouvindo novidades mas o Diabo é sujeito e não curte nada de new metal, Linkin Park, Limp Bizkit, System of a Down e esse monte de bichice. Ele ainda sente saudade do despacho no palco, da cachaça e da farofa com cebola. Quando abre o seu baú de lembranças, lá estão os charutos que ele ganhou de presente no show do Garage e disco de vinil Welcome to Terreiro. Seus olhos ficam embargados mas ele não chora, por que é foda, o Diabo é tosco e não vai pagar esse lelê pra ninguém ver, mas lá no fundo de seu negro e fumegante coração, bate uma saudade...
Acontece que um dia, ele ficou boladão porque em cima da sua suíte infernal no Rio de Janeiro construíram uma igreja Adventista, e isso foi o fim! Aí não mano! Ele estava na disciplina respeitando a área do Alemão*, mas acordar com terra de reboco caindo na cara por que os crentes ficavam pulando e gritando em cima do seu teto, às 07:00 Hs da manhã de Domingo, foi foda!
Ele acordou pegando fogo e pediu seu demofone pro Capeta, que rapidamente discou o número da linha de emergência do inferno: 6 – 6 – 6, o Disk Disgraça. Após alguns instantes, uma gravação atendeu e deu as opções: - Digite 1 para Mistyfier, digite 2 para Mutilator, digite 3 para Sarcófago, digite 4 para Sepultura antigo, digite 5 para Matanza ou digite 6 para ser atendido por uma de nossas assistentes... “ 6 “ ...

– Bom dia, com que estou falando?
– Com Satanáis minha filha!
– Senhor, para sua segurança, antes de atende-lo, estarei solicitando algumas informações para confirmação de seu cadastro em nossa base de dados: data de nascimento?
– 6 de junho de 6 bilhões de anos atrás.
– Nome do Pai? –
Infelizmente meu pai é Deus (cusp!)
– Nome da mãe?
– A puta que te pariu!
– Nome completo?
– Diabo, Satanáis, Capiroto, Catiço, Cramulhão, pode escolher aí o que você quiser...
– Senhor, infelizmente não consta nenhum desses nomes em nosso cadastro...
– Tenta Lúcifer minha filha, tenta Lúcifer!!!
– Ah sim, pois não senhor Lúcifer, em que posso ser útil?
– Cadê a opção 6 para 6AN6RENA 6ASOSA???
– Senhor, esse artista não está mais em nosso catálogo, poderia estar sugerindo alguma outra opção dentro desta linha de produtos que possamos atende-lo em suas necessidades infernais?
– Não minha senhora, eu pago este serviço em dia há anos, e agora que eu preciso quero ser atendido pelo artista que contratei na apólice!!!
– Um instante por gentileza, vou estar verificando qual a disponibilidade deste artista nos próximos meses, aguarde na linha por favor... “(toca música de fundo, Carmina Burana executada de trás pra frente)” ...
– Senhor, tenho informações de que voltarão a se apresentar no dia 13 de julho de 2008 em Jacarépaguá no Rio de Janeiro. Gostaria de estar reservando suas entradas?
– As duas primeiras filas!
– Assento especial?
– Não se preocupe, levarei o meu trono.
– Gostaria de lembrar que o evento é especial e exige traje adequado para ocasião...
– Sem problema, vou engomar o meu traje de gala!
– Posso ser útil em mais alguma coisa?
– Não, obrigado!
– A Disk Disgraça agradece a sua ligação, e tenha um péssimo dia!
– Você também arrombada!
– Vai se fuder filho da puta!
– Vai você sua piranha!
– Vai tomar no seu cú desgraçado! Eu estou aqui no Domingo é trabalhando!
– Quem mandou não estudar em vez ficar fumando maconha na escola? Eu te manjo há muito tempo sua viada!
– Vai tomar no cú seu Diabo!
– Olha o respeito, hein! Olha o respeito! ...

























segunda-feira, 5 de maio de 2008

ABRIL PRO ROCK 2008


por Adelvan Kenobi


A vida, às vezes, pode ser surpreendente. Eu nunca sequer cogitei a possibilidade de um dia ver um show do New York Dolls, pelo simples motivo de que nunca achei que fosse possível. A banda, proto-punk pioneira e que influenciou o nascimento de toda aquela movimentação, sempre me pareceu coisa do passado, até porque torna-se difícil imaginar que aqueles caras possam, depois de passar por tudo o que passaram, voltar um dia à ativa – muito embora criaturas como keith Richards estejam por aí até hoje, e eu sinceramente não creio que seja apenas pelo dinheiro. Mas eis que numa determinada noite já do século XXI a banda não apenas retorna, como retorna em grande estilo, com uma apresentação ao vivo lançada em CD e DVD com direito a um pomposo “Morrissey apresenta” na capa. E pra coroar, lança um disco de musicas inéditas – elogiado (merecidamente) pela critica, diga-se de passagem.

Até aí tudo bem. A Historia tinha tudo para ser mais uma daquelas que a gente vê à distancia – quem mora em Aracaju ou em qualquer outro canto “periférico” do planeta está acostumado em ver as coisas à distancia. Mas eis que anuncia-se a presença do NY Dolls no Abril pro rock 2008. Ali do lado, em Recife. Evidentemente que decidi no ato que iria, antes mesmo de saber que teríamos, de “bônus”, nada menos que a lendária banda de Hard core e reggae novaiorquina Bad Brains – isso sem falar dos brasileiros Mukeka di rato, Zumbis do Espaço (dos quais gosto muito e nunca tinha visto ao vivo) e os pernambucanos do Vamoz! (estes figurinhas fáceis por aqui, mas ok).

Felicidade garantida, expectativa nas alturas, armo o já tradicional esquema de “racha” de gasolina com amigos de longa data de Itabaiana (só a velha guarda do rock ceboleiro!) e lá vamos nós, do mangue ao mangue. Chegamos, nos hospedamos e partimos para mais uma empreitada rock and roll – com direito a uma passadinha no shopping Tacaruna, do lado do Chevrolet Hall, para adquirir os quilinhos de alimento que nos garantiriam ingressos a módicos 30 reais !!! Deus salve o patrocínio da Petrobras e paulistas, morram de inveja com seus ingressos caríssimos para ver uma ou duas bandas.

É amigos, o Abril pro rock este ano mudou-se para o Chevrolet Hall. Eu, que das 16 edições estive presente a mais de 10, louvo mais esta mudança – sou do tempo em que o Festival acontecia no simpático porém mambembe Circo Maluco Beleza, ao ar livre – depois mudou-se para o Centro de Convenções, em Olinda, antes de pousar numa das casas de show mais prestigiadas da cidade. Mas como quem ta no rock é pra se fuder, como dizia Irmã Dulce (Assim falaram os Retrofoguetes), fazia um calor infernal no recinto. Ou o ar-condicionado estava com defeito, ou era insuficiente, ou alguém decidiu que roqueiros não mereciam tamanho luxo, o que é mais provável. Em todo caso, a mudança foi para melhor – nada pode ser pior do que a terrível acústica cheia de ecos do centro de convenções.

O Chevrolet Hall para nós, aracajuanos, parece um Espaço Emes vitaminado e ampliado. Para o Abril, o palco principal foi circundado por dois minúsculos palcos secundários, um dos quais ocupado por uma banda local quando entramos – ninguém soube me informar quem eram, mas imagino que fossem o tal Project 666. Bom show, Hardcore, mas nada demais. Fizeram um bom aquecimento para um dos verdadeiros “godfathers” do estilo no Brasil, o Mukeka di Rato, que logo deu o ar de sua graça no palco principal – grande, porém não gigantesco, o que é uma qualidade. Por incrível que pareça, não gostei do show, apesar de ser fã da banda e da mesma contar de volta nos vocais com o veterano Sandro. E o show foi ruim justamente por causa dele – não sei qual o motivo, ou se foi impressão minha, mas o mesmo não parecia estar muito disposto não – até arriscou uma de suas tradicionais ironias, oferecendo a apresentação a um mito da musica brega nacional cujo nome não lembro (acho que era Adelino Nascimento) que tinha acabado de morrer, mas sei lá, me pareceu meio forçado. Além do mais, Sandro declamava as letras ao invés de berrar, o que diminuía muito o impacto das mesmas. Acabaram o show, burocraticamente, e deram espaço ao Zumbis do Espaço no outro palco secundário – o que acho injusto, pois aquela era a primeira vez que a banda tocava não apenas no APR, mas em Recife, e por isso tinham um séqüito de seguidores fiéis esperando pela ocasião de vê-los ao vivo. Mais uma vez foi decepcionante, mas neste caso não por culpa da banda, e sim pelo som, terrível. Mal se conseguia ouvir os voais de Tor. Apesar disso, o pouco publico presente participou ativamente e pareceu se divertir.

A raquítica quantidade de publico, por sinal, foi o ponto fraco de todo o evento. A princípio pensei que as pessoas fossem aparecer à medida que a noite fosse avançando, mas não foi o que aconteceu não – o publico foi pequeno, o que é extremamente lamentável. Em todo caso, estávamos lá para conferir a antológica primeira apresentação do Bad Brains em solo brasileiro. Sensacional, energético, visceral, emocionante e acima de tudo verdadeiro. O vocalista Israel Joseph substituiu muito bem o lendário (e ao que consta, excêntrico) HR, vocalista original da banda, e o show fluiu como todos esperavam, uma sucessão de clássicos do hardcore intercalados por pérolas “reggae” e “ragga”, numa simbiose inusitada que, pelo menos com essa perfeição, só o Bad Brains é capaz de produzir. Primeiro show “para lavar a alma” da noite. Aproveitei a apresentação da banda seguinte, Vamoz! (que já conheço de longa data de shows aqui mesmo em Aracaju) para dar uma passeada pelos tradicionais stands e rever figuras de outros estados que costumo encontrar somente no Festival, como Fernando (ex-Káfila), do Piauí, e Frizzo, do Fóssil, de Fortaleza. Desta vez tive o prazer de me deparar também com outras criaturas vindas de rincões ainda mais distante que há anos não tinha a oportunidade de rever. Este é o outro ponto positivo de festivais como o Abril pro rock, servir como ponto de encontro para pessoas que moram distante e que para lá convergem atraídos pelos shows.

E eis que começa a grande atração do Festival – na minha humilde opinião, evidentemente. Confesso que, macaco velho que sou, não estava lá tão empolgado quanto deveria – até o inicio da apresentação. Quando ouvi aquela voz tão característica de David Johansen se sobressaindo por sobre uma avalanche de riffs clássicos e matadores, aquele tradicional arrepio percorreu a espinha – o arrepio de quem de repente se dá conta de que está diante de um momento histórico. Já na segunda musica emendaram com um cover inusitado – “Piece of My Heart”, imortalizada na voz de Janis Joplin e brilantemente adaptada ao estilo da banda. A platéia estava ganha. O que se seguiu foi a esperada sucessão de clássicos do rock executados com vontade e entrega, o que é importante – e principalmente da parte do guitarrista remanescente da formação original, Sylvain Sylvain. Ele praticamente carregou o show nos ombros, com uma empolgação impressionante para sua idade e histórico. David Johansem, por sua vez, não parecia estar tão bem, esquelético e deixando tranparecer uma barriga não muito volumosa porém bizarra por baixo da “baby look” que usava, mas segurou muito bem os vocais, sem gandes arroubos entusiásticos mas também sem deixar a peteca cair. Tocaram por aproximadamente uma hora e meie e saíram praticamente sob protestos de Sylvain Sylvain, que ao final de tudo, já depois do bis, ainda vai ao microfone e ajuda a levantar um coro da platéia para depois emendar que “se vocês pedirem com mais vontade a gente volta novamente e toca até amanhecer”. Impressionante, mas não foi o que aconteceu: a casa acendeu as luzes e deu a primeira noite por encerrada.
A noite seguinte seria uma verdadeira maratona, só que desta vez bem mais eclética. Chegamos cedo por acharmos que a Rockassetes se apresentaria no início, e não queríamos perder a segunda banda sergipana a tocar no festival ( a primeira foi o Lacertae, nos anos 90) . Mas o que vimos foram duas bandas pra lá de “meia-boca”, uma de João Pessoa, que entrou no cast através de um concurso, e outra de Recife. A terceira foi a potiguar Barbiekill. Bizarro. “Electro”, eco do sucesso do CSS e bonde do rolê, provavelmente. Só que muito sem noção e de muito mau gosto, com um vocalista ridículo que acha que é carismático e engraçado mas que consegue ser apenas ... ridículo. A noite seria longa, e estava apenas começando. Para nossa surpresa, os Rockassetes não deram o ar da graça – bom pra eles, que acabaram tocando num horário excelente, lá pelo meio do evento, com um publico considerável (e bem maior que na noite anterior) já presente. Quase estragam essa excelente oportunidade, ao incluírem no set músicas mais longas e com grandes passagens instrumentais, o que não é aconselhável para apresentações com tempo tão reduzido e que, por conta disso, precisa ser enxuta. Mas conseguiram dar seu recado e reverter o jogo a tempo de evitar a dispersão do publico.

O Autoramas foi a primeira banda a se apresentar no palco principal e fizeram, provavelmente, o melhor show da noite. Foi uma apresentação típica, com aquele rock and roll preciso cheio de influencias de surf music e rockabilly e coreografias robóticas meticulosamente executadas pro Gabriel e pela nova baixista gatinha – é impressionante, até parece que o Gabriel tem um estoque de baixistas gatinhas “rockers” guardadas e pré-programadas num deposito prontas para serem acionadas assim que a titular abandona (ou é explusa) (d)o posto. Foram seguidos pelos pernambucanos do Sweet Funny Adans. Grande banda. Seguem a linha “guitar/indie” versão anos 2000, ora lembrando Strokes, ora Interpol – mas sabem compor e executar suas composições, o que realmente importa. Jogo ganho. Para eles e também para Wander Wildner, que veio em nova fase e pareceu agradar bastante o publico, que se concentrou em massa para assisti-lo e ovaciona-lo. Eu, particularmente, não gostei das músicas novas, e achei que os novos e grandiloquentes arranjos, cheios de acordeões e violinos e isso e aquilo, não caíram bem para as antigas que são, por natureza, minimalistas. Mas as pessoas gostaram e Wander merece ser amado porque é um grande “perfomer” e uma gande pessoa, e é isso que importa.

Seguiu-se a isso um verdadeiro buraco negro na programação do festival. Apresentou-se num dos palcos secundários Victor Araújo, um pianista pernambucano virtuoso, jovem e consagrado, porém absolutamente deslocado. Assim como deslocado foi o show de Céu, que sucedeu o tal pianista, no palco principal. Na seqüência tivemos Violins, de Goiânia, com seu som cerebral e reflexivo, e é a vez de Júpiter Maçã ocupar a grande arena. Totalmente chapado ! Absolutamente chapado – mas chapado MESMO, a ponto de não conseguir fazer o show. Ficou lá, se arrastando e fazendo gestos obscenos pelo palco e balbuciando as canções enquanto a banda se esforçava para acompanhar seu ritmo – lento, quase parando. Musicalmente não foi bom, mas foi bem rock and roll. Ele é Júpiter Maçã, Flavio Basso, dos lendários Cascavelletes. Ele pode.

A partir daí o cansaço me pegou e eu fiquei zumbizando pelo recinto esperando apenas para ver o show da Pata de Elefante, da qual sou fã. Lembro que tocaram Superguidis e Datsuns, da Nova Zelândia – dizem que foi muito bom, mas eu não tinha mais condições de avaliar, prostrado que estava no chão imundo tentando descansar um pouco. Consegui resistir para ver a Pata que foi a penúltima a se apresentar, num show minúsculo e apressado que não fez jus à qualidade técnica e ao talento de seus componentes. Lamentável, mas a madrugada já era avançada e Lobão ainda iria subir ao palco com os 500.000 violões de seu show acústico. Deve ser sido no mínimo interessante, mas não fiquei pra ver não.

E foi isso. Ano que vem tem mais - espero.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

RDP em Aracaju - o show, finalmente

Por Adelvan Kenobi

E eis que finalmente chega o grande dia. Dirijo-me à ATPN com as já tradicionais 1 hora e meia de atraso, ainda a tempo de ouvir à distancia o ensurdecedor som da INRIsorio. Entro para ver a banda, a esta altura já perto do final de sua apresentação – não sem antes reencontrar, na porta, os amigos de longa data, alguns especialmente sumidos dos shows “corriqueiros”, digamos assim. (aparecem apenas em ocasiões especiais, como esta). E dá-lhe lembranças de um passado quase sempre divertido, reminiscências de roqueiros veteranos sempre regadas a doses fartas da boa e velha tríade sexo, drogas e rock and roll – uns mais pro sexo, outros mais pras drogas, outros apenas com o rock and roll.

INRIsorio no palco tem uma grande qualidade e um grande defeito. A qualidade é a precisão e a potencia com as quais executam suas musicas – realmente impressionante. Uma banda, tecnicamente, de grande qualidade – especialmente seus guitarristas, que trabalham numa sincronia perfeita em riffs matadores durante todo o tempo da apresentação, sem pausa para descanso. Death grind de primeira, como poucas vezes se viu por estas paragens. No que pecam, no entanto, é na postura de palco, quase sempre muito estático e desleixada. O tipo de som que fazem exige uma entrega maior, uma perfomance ensandecida e desregrada, para que possa contagiar a platéia. O resultado é que, na maioria das vezes, o publico em seus shows é um tanto quanto apático, o que é lamentável, pois não reflete a potencia de som despejada em seus ouvidos pela banda. Mas o saldo final acaba sendo positivo. Bom show.

Na seqüência a já tradicional e sempre bem vinda presença da Karne Krua, em mais uma formação, desta vez mais afeita às origens Hardcore da banda, mas tendo sempre à frente a presença carismática de Sylvio – a esta altura já uma figura emblemática do rock sergipano, com sua longa cabeleira grisalha e suas gesticulações teatrais – basta dizer que numa dessas “Derrota”s (ou outra festa a fantasia cujo nome me falha à memória) da vida um individuo compareceu fantasiado de Sylvio, a saber, com uma peruca grisalha na cabeça e uma guitarra a tiracolo. A nova formação está cumprindo muito bem a tarefa de trazer de volta a Karne krua às suas origens, produzindo um som urgente e pesado para os já tradicionais Hinos de rebeldia entoados desde os confins dos anos 80. Grande show.

Mas a noite, evidentemente, era do Ratos de Porão. E eis que depois de uma longa espera, eles aparecem, despejando uma barulheira ensurdecedora já na abertura do show – cuja primeira palavra proferida pelo vocalista João Gordo foi: “Aê Aracaju, até que enfim ! “. E tome “Pedofilia Santa”, uma das faixas mais potentes de seu ultimo álbum, “Homem Inimigo do homem” – e também um tapa na cara dos que se deixam levar pela fé cega. Terminado o primeiro som, o Gordo finalmente explica o que realmente aconteceu naquela fatídica noite do meio dos anos noventa. Ele disse que foi tirar um cochilo antes do show no hotel em que estavam hospedados e só acordou no dia seguinte pensando: “puta que pariu, fudeu, não teve show”. O “produtor” simplesmente largou eles lá e não deu mais noticias. Mas que hoje a banda iria tirar o atraso. E a partir daí começa um massacre impiedoso de musicas de todas as fases, desde o inicio tosco e punk de antes do “Crucificados pelo sistema”, passando por “cérebros atômicos”, “Morte ao Rei”, “crocodila”, “Beber até morrer” e muitas, muitas outras. Uma hora e meia de show, aproximadamente, sem grandes contratempos, a não ser a já tradicional rusga entre indivíduos mais exaltados da platéia e seguranças nervosos, o que fez a banda parar o show, meio a contragosto do gordo, que fala no microfone já estar cansado dessa mesma historia, sempre. O som estava muito bom, o publico animado e a banda instigada – inclusive o Gordo, notoriamente sempre mal-humorado, hoje em dia parece mais desencanado – já tinha notado isso no ultimo Abril pro rock e senti isso também nesse show – ele até reserva alguns momentos para brincar com a platéia, perguntando se estão cansados e coisas do tipo. Foi uma noite de celebração de energia rock pra ficar na memória dos (infelizmente) poucos (na verdade nem tão poucos, mas claramente abaixo da expectativa de publico) que compareceram.
A noite foi fechada com mais porrada no pé do ouvido por conta do Death Metal brutal “a la” Cannibal Corpse e derivados promovido pela Signo of Hate. O saldo seria amplamente positivo, não fosse a posterior noticia de que os organizadores, mais uma vez, tomaram prejuízo e anunciaram uma possível e precoce “aposentadoria” na promoção de shows deste tipo, o que confirma a máxima proclamada pelos Retrofoguetes num punka passado, pois segundo eles, “como já dizia irmã Dulce: Quem tá no rock é pra se fuder”. Especialmente quem ta no rock em Aracaju, que sempre teve um publico muito volúvel e instável, às vezes comparecendo em massa, ás vezes sumindo sem nenhuma explicação aparente. É uma pena constatar que, no final das contas, as coisas realmente mudam para continarem na mesma.