terça-feira, 31 de julho de 2012

OUTRA NOITE EM 2012

Fazia tempo que o Jason não aparecia por aqui e, para minha agradável surpresa, havia uma visível ansiedade no ar naquela noite de segunda-feira, 23 de julho de 2012, mais uma vez na rua da (Lou)cultura. Um bom publico apareceu, se levarmos em conta o dia e horário ingratos – cerca de 300 pessoas. Dentre elas ele, claro ... 

BILAL: O Jason vai tocar aqui hoje, é? Cadê Panço, aquele fulêro?
EU: Panço vem não, saiu da banda.
BILAL: Oxe! Que viagem! Pensei que ia encher o saco dele hoje ...
EU: Mas os outros caras vêm aí pra você encher o saco.
BILAL: Mas se não tem Panço eu não devo conhecer ninguém mais não ...
EU: Tem Vital e Flock da primeira formação e é o mesmo baterista.
BIAL: Ah, ta. Então ta massa ...

Marcelo, Flock, Vital e Rodrigo apareceram por volta das 21:00H, enquanto uma banda de rap sergipana com sotaque paulistano vomitava clichê atrás de clichê no palco. Foram interceptados por Adolfo Sá e sua equipe para uma entrevista a ser veiculada no programa “Cena do som”, da TV Aperipê ...

BILAL: Esses caras do Jason são uns pau no cu !!!

O rap parou por problemas técnicos – ufa!

BILAL: Esses pau no cu vem do Rio pra tirar onda aqui no meu nordeste ...

Problema técnico resolvido, recomeça o rap ...

BILAL: Tem que matar esses caras do Jason, meter a faca ...

BANDA DE RAP: Blah blah blah periferia etc e tal periferia e coisa e tal periferia e periferia e tome mais periferia ...

Barraquinha de merchandising montada com CDs e belas camisetas com os origamis estilizados que Flock bolou como marca visual da turnê.

BILAL: Bote um CD na mão aí! Eu sou Headbanger, porra !!!

A banda finalmente sobe ao palco e eu, com satisfação, confirmo o que havia sentido na semana anterior, no show da Camarones: a Rua da Cultura parece ter, finalmente, contratado alguém que sabe equalizar minimamente o som. Vital, macaco velho, chama o público pra frente do palco antes mesmo do show começar ...

BILAL: Bote o CD na mão, pra eu divulgar ...

As duas primeiras pedradas são do segundo disco, “Eu sou quase fã de mim mesmo”: “Roda gigante” e “álbum de família”. Formam-se rodas de pogo – massa, nunca mais tinha visto isso em Aracaju, cujo cenário está morgadaço.

BILAL: Cadê meu CD ? Eu quero um Cd ...

O público não canta junto nas músicas novas, mas o ritmo não cai. Elas funcionam bem ao vivo. Só que o bicho pega mesmo pra valer quando vem uma nova sequência de “clássicos”, dentre elas as antológica “Barbie disfarçada” e “que bom que eu não amo ninguém”. E fim de papo. Juventude feliz, banda satisfeita, confraternização após o show.

Uma daquelas noites revigorantes que só o bom e velho rock and roll pode proporcionar.

“Deus salva, o rock alivia”, já dizia o Made in Brazil.

BILAL: Bote uma cerveja aí ...

Fui!

A.

terça-feira, 24 de julho de 2012

UMA NOITE EM 2012

CENÁRIO: Rua da loucura (ops, cultura), 16/07/2012, por volta das 21:00. Camarones Orquestra Guitarrística, banda instrumental do Rio Grande do Norte, no palco. Noite chuvosa (pero no mucho), pouca gente na platéia. Som bom, o que é ótimo – e não muito comum. O publico, além de pequeno, é pouco participativo (sergipanos costumam ser tímidos), mas a banda não se abala e entrega uma perfomance perfeita - devidamente registrada pelas lentes espertas de Marcelinho Hora (as fotos da galeria abaixo são dele) e Victor Balde da Snapic (esta resenhazinha tosca metida a besta é, na verdade, apenas uma desculpa pra publicar as fotos deles).

ANDERSON FOCA: Boa noite a todos. A chuva quase estraga a festa de novo (era pra ter rolado na segunda-feira passada, mas foi cancelado devido às péssimas condições meteorológicas), mas que bom que deu uma trégua. Em todo caso nós estamos aqui, protegidos no palco, e vocês estão aí, sujeitos ao mal tempo, então, já que não tem tanta banda pra tocar hoje,  vamos estender um pouco nosso set, que costuma ser de meia hora, se não for incoveniente para ninguém.


E tome rock. Rock bom, redondinho, bem tocado, cheio de guitarras e com algumas intervenções eletrônicas. Ana Moreno, a baixista, é o destaque da noite, sempre com um belo sorriso no rosto e uma empolgação contagiante no corpo. Tocaram por cerca de 45 minutos, ao fim dos quais Foca recita o nome de algumas bandas do lado obscuro da força, como Venon, Exciter, Exodus e Slayer. “Mystical Fire”, eu grito, arrancando risos dos que me circundam, membros honorários da confraria informal que freqüenta as noites quentes regadas a álcool e substancias ilícitas do centro de Aracaju.

Falando neles, uma noite na Rua da Cultura seria incompleta sem os diálogos nonsense protagonizados por estas criaturas:

RAS (RENATO AUREOLINO): Essa baixista é massa, sempre sorridente, dá os pulinhos do rock e não perde a nota nunca.


BILAL: E é gata.

RAS (RENATO AUREOLINO): Pode crer. A guitarrista é gatinha também.

BILAL: Que nada, a mulher parece Joey DiMayo (do Manowar).

RAS (RENATO AUREOLINO): Só na sua cabeça de jerico que aquela mulher parece com aquele brucutu. Mas tanto faz, o que importa é que a banda é boa e ela toca pra caralho.

Adolfo Sá, que miraculosamente estava presente com sua simpática patroa (parabéns aos Camarones por tirar este indivíduo notoriamente recluso de casa numa noite chuvosa) cai na gargalhada. E me chama pra ir lá nos bastidores ver o material que a banda tem pra vender.


ANDERSON FOCA: Bela camisa, grande banda (eu estava com uma camiseta do Atari Teenage Riot). Vi um show deles, muito bom. Pressão total.

EU: Este último, agora?

ANDERSON FOCA: Sim, esse mesmo.

EU: Eu só vi pelo youtube e achei sensacional. Queria muito poder ter ido. Panço do Jason foi da outra vez que eles estiveram aqui no Brasil e nem conseguiu ficar até o final, achou mais barulhento que Slayer e Napalm Death juntos. Disse que ainda conseguia ouvir o barulho do som vários quarteirões à frente, a caminho de casa. Ficou com os ouvidos zunindo por um bom tempo.

ANDERSON FOCA: É por aí mesmo.

EU: Tocaram no Cine Íris, em São Paulo. Nunca fui lá, é legal, o local?


ANDERSON FOCA: Não sei, eu fui na Argentina.

EU: Caralho, agora você me matou de inveja ...

Inveja branca, saudável.

Risos gerais.

Fim.

A.