FANTÁSTICO, "12 Anos de escravidão". Não tem
nada de novelão melodramático, como alguns críticos "polemistas" e
apologistas do "politicamente incorreto" apontaram. É um drama,
claro, e pesadíssimo, como não poderia deixar de ser, pelo tema abordado. Mas
muito bem filmado, fotografado e interpretado - o vilão "principal", vivido
por Michael Fassbender, é magistral! Mas a grande sacada é que fica o tempo
todo subentendido que não existem "mocinhos" naquela história, já que
o pesadelo que vemos na tela é fruto de uma idéia: a de que seria legítima a
exploração do homem pelo homem. Legítima ao ponto de reduzir algumas categorias
de seres humanos ao nível de mercadoria. É por isso que vemos, por exemplo, a
"piedosa" esposa do amo "bonzinho" tentar consolar uma
negra que havia sido separada dos filhos dizendo que ela logo os esqueceria.
E é de se pensar até que ponto a situação foi
realmente superada, já que a exploração continua a todo vapor. Em outros termos, é verdade. Mas nem sempre, já que vez por outra nos deparamos, nos noticiários, com a informação de que ainda hoje, em pleno século XXI, trabalhadores continuam sendo encontrados encarcerados em condições análogas à escravidão. No Brasil, inclusive, em fazendas de parlamentares ...
As únicas objeções que ouso fazer são a desnecessária escalação de Brad Pitt, que produziu o filme, e o uso da trilha sonora para conferir a certas cenas um tom de melodrama - mas são intervenções pontuais, nada que afete o resultado final, como apontaram alguns. Além do mais, há uma interessante utilização da música, em outros pontos da narrativa, para delimitar os universos retratados: o negro, quando livre e nos salões das "casas grandes", já como escravo, toca violino, um instrumento "civilizado", enquanto nos campos, colhendo algodão ou cana-de-açucar - não sabia que se plantava por lá - entoa os cantos rústicos que com o tempo originariam algumas das mais fantásticas manifestações culturais do século XX, como o blues e o jazz.
Filmaço!
A
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