quarta-feira, 2 de junho de 2010

Próximo sábado tem Virada Cinematográfica

( Do Bangalô Cult ): Em comemoração aos três anos do Projeto Cine Cult, a produtora "Cine Vídeo Educação" fará três eventos no mês de junho. O primeiro deles é uma edição especial da "Virada Cinematográfica" que acontece neste sábado, a partir das 23h59, no Cinemark Jardins.

Na ocasião, serão exibidos três filmes a partir das 23h59, com água, café e refrigerante nos intervalos e um belo café da manhã ao final da maratona. Os filmes escolhidos são na ordem de exibição: "Mother- A Busca Pela Verdade" do sul coreano Bong Joon-ho; um filme surpresa e "Soul Kitchen" do turco-germânico Fatih Akin. (ambos os filmes já foram comentados aqui no bangalô e indicados pela blogueira).

Os ingressos para a sessão custam R$ 15 até o dia 04/06 e R$ 20 no dia do evento. Os interessados podem adquiri-los antecipadamente nos seguintes pontos de venda: Casa da Cópia do Shopping jardins, Sorveteria Castelo Branco, Auto Peças macedo, Emporio Naturista, Delicatessem flor do Jardins, Casa Alemã da Av. jorge Amado, Baviera Haus e Cana Express da Unit. A programação de aniversário da ‘Cine Vídeo Educação’ continua no dia 11 de junho com uma palestra com o crítico cinematográfico do Jornal A Tarde, João Carlos Sampaio e termina no dia 12 com mais uma Sessão Notívagos, desta vez dedicada à música instrumental com as bandas Pata de elefante, do Rio Grande do Sul, e Retrofoguetes, da Bahia.

Suyenne Correia

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‘Soul Kitchen’ é contraponto ao filme culinário ‘fofo’

No cinema, a culinária ainda é um reduto da convenção, do erotismo pudico e do sentimentalismo desbragado. Vide alguns dos filmes mais populares sobre o tema, como “Chocolate”, “Simplesemente Marta” e “Como Água para Chocolate”.

Mas há exceções. Aqui, “Estômago”, de Marcos Jorge. Lá fora, “Soul Kitchen”, filme do cineasta alemão de ascendência turca Fatih Akin, uma das surpresas da última Mostra de São Paulo, que chega nesta sexta-feira ao circuito comercial.

“Soul Kitchen”é um belo contraponto a essa tendência, um filme sobre o universo gastronômico cheio de suingue e testosterona, estrelado por homens feios e malvados, e mulheres belas e fortes.

O protagonista é o grego Zinos (Adam Bousdoukos), proprietário de um pé-sujo chamado Soul Kitchen, localizado em uma região decadente de Hamburgo. Ele é um péssimo cozinheiro, sabe basicamente fritar congelados, ainda assim atrai uma clientela pequena, mas fiel.

Zinos está em uma fase negra: sua namorada decide morar um tempo em Xangai; seu irmão presidiário pede um emprego de fachada no restaurante para poder entrar em regime semi-aberto; um antigo amigo que virou corretor tenta sabotar o restaurante para comprá-lo por um preço baixo; e ele tem um problema nas costas que o impede de continuar cozinhando.

A solução é contratar Shayn (Birol Ünel), chef talentoso, mas casca-grossa, que faria o chef televisivo Gordon Ramsay parecer um lorde inglês. Quando tudo começa a dar certo, surgem problemas ainda maiores que ameaçam o sucesso do restaurante.

Conhecido por dramas pesados sobre choques culturais – em particular entre turcos e alemães – como “Contra a Parede” (2004) e “Do Outro Lado” (2008), Akin mostra aqui uma visão bem mais apaziguada sobre a globalização na Alemanha, com um convívio fraterno entre gregos e locais. E, sobretudo, o cineasta revela um talento insuspeito para a comédia. Ele tem timing cômico e o despudor de assumir o pastelão, quando necessário. O resultado é uma rara comédia alemã que faz rir.

A moral de “Soul Kitchen” não é tão diferente da de outros filmes sobre a gastronomia, um elogio do poder gregário e do valor cultural da culinária. Mudam, porém, as estratégias: se Akin quer mostrar que a comida pode ser afrodisíaca, ele arma uma suruba épica no restaurante. Não, “Soul Kitchen” não é um filme fino. E este é um de seus grandes méritos.

por Ricardo Calil

Olha só

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Novo filme do diretor de Memórias de um Assassino e O Hospedeiro volta a trabalhar com um whodunit

por Marcelo Hessel
Omelete


Exibido no último Festival de Cannes, Mother pode desapontar um pouco quem espera a mesma oscilação de gêneros de um O Hospedeiro, trabalho anterior de Bong Joon-ho. Na verdade, seu diálogo imediato é com Memórias de um Assassino, que o sul-coreano dirigiu antes de ficar famoso mundialmente com a comédia-política-de-ação-e-ficção-científica-de-monstro.

Assim como em Memórias de um Assassino, temos em Mother um whodunit (nome dado ao subgênero dos filmes policiais no qual o mistério principal é identificar o autor de um crime). Uma colegial foi morta junto a uma casa abandonada, de madrugada, e o principal suspeito é Do-joon (Won Bin), filho meio lento de raciocínio de uma dedicada lojista (Kim Hye-ja). Tudo indica que o pobre Do-joon é o culpado, mas o instinto materno diz que há mais por trás dessa história.

Há mais, e é sempre bom prestar atenção no que vemos, porque imagens enganam à primeira vista. Na verdade, não é que a imagens enganem - elas são simplesmente desprovidas de sentido até que tenhamos o contexto todo. É por isso que Joon-ho se ocupa de contar um pouco da história de vida da mãe e do filho, além de passar duas vezes uma mesma cena, aparentemente sem importância, ambientada no mesmo mato seco e alto que servia de cenário para Memórias de um Assassino.

Essa obsessão pelos procedimentos que levam a desvendar o mundo - é comum Joon-ho observar o jogo de poder dos interrogatórios policiais, por exemplo - se estende à estrutura do filme, portanto, que vai dando informações sobre os personagens aos poucos. Se Mother não tem a mesma força dos dois filmes anteriores do diretor, é porque esse olhar sofisticado está se prestando a uma trama mais tradicional - aliás, de reviravoltas também tradicionais.

De qualquer forma, Joon-ho filma que é uma beleza. Tem muito diretor que sofre, ao liberar os atores da marcação de cena, para conseguir acompanhá-los com a câmera no tripé. O sul-coreano faz parecer facíl. Sairia-se um belo coreógrafo se não fosse cineasta. Sua especialidade, encenar ações caóticas de um jeito harmonioso, como a cena da briga no campo de golfe ou a do velório, já são motivos suficientes para reservar a Mother um pouco de atenção.

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