Don Heck, conhece? Larry Lieber? Que tal Gene Colan? David Michelinie e Bob Layton? Stan Lee e Jack Kirby, pelo menos? E o Homem de Ferro, ouviu falar?
Esses são alguns dos muitos responsáveis pelas histórias do herói. Você não precisa saber que estas pessoas existiram para se divertir com Homem de Ferro 2. Eu sei, e quem sabe da existência delas fica um pouco incomodado. Elas foram muito pouco recompensadas pelo que fizeram.
Lee, editor, roteirista e depois publisher da Marvel, foi o que se deu melhor. Ele criou o conceito do playboy cientista de coração partido, Howard Hughes com a pinta de Errol Flynn. Foi em março de 1963, na revista Tales of Suspense, número 39. O roteiro era assinado por seu irmão Larry, com arte de Kirby e Heck. Em setembro o Homem de Ferro já fundara a equipe de super-heróis, os Vingadores. Em dezembro o herói já vestia a armadura vermelha e amarela.
Foram nos anos 60 que a “mitologia” do Homem de Ferro que é explorada nos filmes foi criada: os assistentes Pepper Potts e Happy Hogan, a espiã Viúva Negra, o inimigo Whiplash, a organização S.H.I.E.L.D., o superespião Nick Fury. O outro período realmente importante para a definição do personagem foi em 1979, quando Michelinie e Layton introduziram seu chapa Jim Rhodes, o capitalista rival Justin Hammer, e o alcoolismo de Tony Stark.
O que estes criadores ganharam para criar as aventuras do Homem de Ferro? Um frila por escrever a história, um fixo por página desenhada.
Hoje, a indústria americana de quadrinhos paga alguns royalties, às vezes, para os criadores, sem lhes dar direito autoral. É o modelo inevitável quando você está brincando com os brinquedos dos outros - personagens famosos, propriedades de corporações. Na época que o Homem de Ferro foi criado, era uma graninha por página e olhe lá. Era o esquema, os contratos eram legais e ponto - o famoso “work for hire”, ou no Brasil CCDA, Contrato de Cessão de Direitos Autorais. Eles sabiam o que estavam assinando. Mas não podiam prever as fortunas que seriam geradas a partir de suas criações.
A Marvel foi vendida para a Disney em 2009 por US$ 4,2 bilhões. Hoje, os artistas que criaram o universo Marvel nos anos 60 e 70 estão velhos - quando ainda estão por aí. Muitos mal de saúde, sem grana, sem seguro para cobrir suas despesas. É tanta gente na pior que existe até uma fundação, chamada The Hero Iniative, dedicada a levantar fundos para ajudar quadrinistas velhinhos.
Gene Colan, 83 anos, desenhou para a Marvel durante 63 anos. Está na pindaíba. Este ano, a Marvel e a Hero Initiative publicaram The Invincible Gene Colan, um livro capa dura, dedicado à arte única deste desenhista, com textos de gente como Neil Gaiman e toda renda líquida indo para Gene. Visite a Hero Iniative e você vai descobrir vários produtos que todo fã da Marvel deve ter, e ainda ajudar os criadores que precisam. Basta acessar aqui.
por André Forastieri
Fonte: Blog dele
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