segunda-feira, 22 de março de 2010

( * ) Nas ruas é que me sinto bem ...

( * ) Do Grupo Ira!, "Nas Ruas"

Fábio Sampaio coloca caju nas ruas

Fonte: Spleen & Charutos

por Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

Não é qualquer artista que desafia a solidão das paredes e vence os limites das galerias. Desde que começou a militar em Aracaju, no entanto, o artista plástico Fábio Sampaio vem afirmado com muito trabalho que o seu lugar de direito é o meio da rua. Primeiro, foram as intervenções urbanas do Interacidade. Agora, integrada à programação que comemora os 155 anos de nossa capital, a proposta ganhou uma dimensão muito maior, e reuniu alguns dos nomes mais importantes das artes plásticas sergipanas para colocar o Caju na Rua.
O projeto Caju na Rua é uma intervenção urbana diferente, por meio da qual diversas esculturas de uma das frutas mais caras à identidade sergipana serão expostas em nossas vias públicas.
Através da customização das peças, os artistas que fazem parte do projeto –Zé Fernandes, Madureira, Edidelson, Hortência Barreto, Antônio da Cruz, João Valdênio e Elias Santos, entre tantos outros – prestam uma homenagem sincera ao aniversário de Aracaju, pelo viés criativo.
Os Cajus de 1,80 m serão colocados em diversos pontos da cidade, dando prioridade àqueles que possuem importância histórica, ou concentram uma grande circulação de pessoas. O primeiro deles vai ser colocado no mercado Thales Ferraz, esse domingo, durante o encerramento da I Virada Cultural.
Confira o registro de uma conversa com o homem por trás da ousadia.

Jornal do Dia – Como surgiu a inspiração do projeto Caju na Rua? Ele possui alguma relação com as intervenções urbanas do Interacidade?

Fábio Sampaio – Sim. Na verdade, acho que o Caju na Rua não passa de um desdobramento do Interacidade. Fazer algo do tamanho desse projeto, com a participação de apenas um artista, entretanto, seria completamente inviável. Por isso a opção de dar a ele um caráter coletivo, algo como o Cow Parade.

JD – Ao que parece, o projeto Caju na Rua dá conta de duas carências que podem ser observadas no mercado das artes visuais em nossa capital: A ausência de grandes projetos, que capitalizem os artistas e os façam conhecidos além dos muros das galerias, e a inexistência de monumentos que dêem personalidade à cidade. A obervação procede?

Sampaio – Sem dúvida! Aracaju, até onde sei, é a única capital nordestina que não possui artistas com visibilidade nacional, em grandes exposições e circuitos internacionais. Acredito que projetos grandiosos como esse podem despertar a curiosidade de outros centros e instituições. Quanto a questão dos monumentos, Aracaju realmente é um cidade carente de obras públicas. Eu espero que essa iniciativa projete uma certa ambição, não apenas na cabeça dos seus moradores, como também em quem administra a cidade. Nós temos, sim, todas as possibilidades de uma cidade mais artística.

JD – Qual a reação dos artistas convidados? Parece que os nomes que compõem o projeto dão uma idéia bem precisa do conjunto das artes plásticas em Sergipe. Como você chegou a esses nomes?

Sampaio – Os artistas escolhidos por mim representam um pouco de várias gerações, escolas e estilos praticados em Aracaju. A reação dos mesmos foi de grande satisfação por serem lembrados e sobretudo pagos pelo serviço, que será prestado a toda comunidade Aracajuana no seu aniversário.

JD – E os pontos escolhidos para abrigar os Cajus? Qual a relação deles com a geografia da cidade?

Sampaio – A Emurb ficou com essa tarefa, mas espero que seja possível contemplar não só os mais antigos como os mais novos bairros da cidade.

JD – Existem planos para dar continuidade ao projeto Caju na Rua? Esse é somente o pontapé inicial ou o projeto inicia e encerra no aniversário de 155 anos de Aracaju?

Sampaio – Sem dúvida! Esse é o primeiro passo rumo a projetos de grande qualidade, para essa que é a capital com a melhor qualidade de vida do Brasil.





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