sábado, 11 de setembro de 2010

"Rio Fanzine" acaba em versão impressa ...


Pelo menos foi em grande estilo, com a publicação de uma matéria com meu amigo e ativista do universo zineiro Marcio Sno. Abaixo, a "Nota de falecimento" e o scam da página impressa. Clique para ampliar e ler.

* * *

por Carlos Albuquerque e Tom Leão -10.09.2010 |10h22m

Sem mais, adeus

Todo carnaval tem seu fim. O do Rio Fanzine em papel é hoje. Mas sem quarta-feira de cinzas, sem tristeza, sem choro. O momento é de celebrar nossos exatos 24 anos — temos nosso próprio tempo, como diria aquela banda de Brasília, que esteve em algumas de nossas primeiras edições — e a inesperada sensação de que fizemos alguma coisa importante, embora não esteja muito claro o quê.

Mas temos pistas. Quando o Rio Fanzine nasceu — sob as bênçãos da rainha Ana Maria Bahiana e os posteriores cuidados de dois dos seus súditos — a informação sobre cultura na chamada grande imprensa era reta e vinha do alto para baixo. Era natural que fosse assim. Cultura alternativa, então, nem se falava dela, salvo as pioneiras colunas de Big Boy e Nélson Motta, aqui no GLOBO.

Mas os tempos, eles já estavam mudando. O primeiro Rock in Rio tinha gerado euforia e inquietação. Os ecos punk também podiam ser ouvidos, apesar da distorção. Todo mundo queria fazer alguma coisa — formar uma banda, fazer uma festa, montar um festival, criar uma rádio de rock e até mesmo inserir um fanzine dentro das páginas de cultura de um grande jornal. A terra estava se movendo: era o underground em ebulição. Restava fazer a nossa parte, a nossa obrigação: divulgar isso.

O Rio Fanzine começou a servir, então, como duto de passagem para essa pressão. E que pressão! Tínhamos que falar de novas bandas, novas festas, novos festivais, novas rádios, novos sons e novas tendências, que nenhum assessor ou divulgador faria chegar à redação.

E assim foi. Descobrimos Planet Hemp, Skank, O Rappa, Ed Motta, Los Hermanos e Canastra, entre muitos, mas muuuitos outros. Falamos de discos, livros, filmes e quadrinhos que ninguém estava prestando atenção, numa época em que o “New Musical Express” só era encontrado em algumas poucas bancas da cidade. Detectamos (e condenamos) a presença dos pitboys na noite carioca. Abraçamos a eletrônica nos seus primórdios, mergulhamos na onda grunge, dançamos com os primeiros raps e viajamos com o dub. Falamos até que o futuro da música seria através de uma novidade chamada internet. E acreditávamos, piamente, que nosso dever, se havia algum, era tornar o underground maior.

Dito e feito. Hoje aquele underground do Rio Fanzine está por cima, está em toda a parte. Ele não precisa, portanto, mais existir naquele velho espaço. Não faz mais sentido. O Rio Fanzine vai continuar on-line, neste blog no site do GLOBO, reforçado a partir de agora. Vai continuar também, de alguma forma, nas páginas do Segundo Caderno (onde nasceu e gerou um filho, a coluna Trans), no Rio Show, no Megazine, nas festas, na televisão, nos blogs, sites, redes sociais, e, a partir de hoje, nas suas próprias mãos. O nosso download foi, enfim, concluído.

2 comentários:

Viva La Brasa disse...

jingle bell, jingle bell, acabou o papel...
na real, acabou a versão impressa inteira do JB.
mais triste ainda.

Adelvan Kenobi disse...

"acabou a versão impressa inteira do JB. Mais triste ainda." sinceramente, a mim não vai fazer a menor falta. ao que me consta, era o mais direitista dos grfandes jornais brasileiros, e eu sou assumidamente de esquerda. Pode fazer falta no mercado editorial, evidentemente, MAS, se tem uma coisa que eu acho que a internet pode REALMENTE substituir são os jornais diários impressos. Acho bem possível que todos eles acabem, restando apenas as revistas semanais e os livros.