segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Blogs do Além - Ronald Reagan

A revista Carta Capital, por sinal a única da chamada "grande mídia" (não tão grande quanto a Veja, por exemplo, mas está aí, com ampla tiragem em todas as bancas e ganhando terreno) a tomar partido assumidamente e renunciar à hipócrita pretensão de "imparcialidade", na qual só os mais ingênuos (ou burros) acreditam ou fingem acreditar, tem publicado uma sensacional coluna onde é simulada a existência de um blog de celebridades já mortas em que as mesmas comentam aspectos da vida "moderna" em comparação à época em que viveram. O último "homenageado" foi o ex-presidente americano Ronald Reagan, responsável, dentre outras atrocidades, pela expansão do chamado "neo-liberalismo", a doutrina segundo a qual os os povos do mundo teriam que estar submetidos aos interesses das megacorporações multinacionais, os que mandam de fato nesta merda - feito que, para que se faça justiça, é também creditado à então primeira-ministra britânica, a "dama de ferro" Margareth Tatcher, infelismente ainda viva porém felizmente já não tão ativa. Ronald Regan, o mesmo cuja morte foi saudada pelos jornais Cubanos num editorial intitulado "Morreu quem não deveria ter nascido". O Ronald Reagan do escândalo Irã-Contras, do projeto "Guerra nas Estrelas", dedo-duro a serviço do infame senador MacCarthy infiltrado em Hollywood, onde era um ator medíocre, além de desprezível como pessoa. O governante americano que mais estimulou a corrida nuclear, interrompida apenas pelo colapso interno (é uma falácia total creditar a ele o fim do "comunismo" - na verdade, do "stalinismo") do regime soviético. Por falar nos soviéticos, é sempre bom lembrar que foi seu governo que fianciou o taleban no afeganistão apenas para que estes combatessem os invasores russos, então seus principais opositores, o chamado "Império do mal".

Pois bem: Não é que, fazendo uma inusitada análise do processo eleitoral do Brasil em seu blog fictício, até mesmo o ex-presidente americano notou que apenas um dos debatedores do insosso primeiro confronto promovido pela Rede Bandeirantes destoou do "pensamento único" neoliberal ? Segue abaixo o texto na íntegra:

por A.


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BLOG DO REAGAN

SOBRE MIM: Uma vez, em visita ao Brasil, durante uma recepção oficial, propus um brinde à Bolívia. Fiquei tão envergonhado que nunca mais voltei a Buenos Aires.

SOBRE O BLOG: Já tive página no myspace e no yourspace. Retirei meu perfil do Facebook porque não tinha um botão de adicionar inimigos. Agora estou tentando isso aqui.

SE EU NÃO ENTENDI NADA, IMAGINE O BUSH - Como um bom ex-presidente, cheio de tempo livre e saudade do poder, resolvi me meter em assuntos para os quais não fui chamado. Aposentadoria com holofotes dá nisso. E o tema da vez são as próximas eleições no Brasil. Me deu vontade de saber que candidatos, um republicano e anticomunista convicto, como eu, deveria apoiar. Na época da ditadura, essa decisão era automática, simples. Aliás, nem eleições havia. Mas agora os tempos são outros, o quadro é múltiplo, tal resposta exige um pouco de pesquisa.

Por isso, lá fui eu pra internet. Minha primeira providência foi conferir que alianças o PR, Partido Republicano, costurou em cada estado. Achei que ali encontraria a resposta. Que nada, tive de montar uma tabela no Excel para concluir que o PR apoia ou é apoiado por quase todos os grandes partidos. A saber: PMDB, PSDB, DEM, PDT, PT e PSB (Partido Socialista Brasileiro). Portanto, descartei essa opção. Durante a pesquisa, descobri que o PR não era o que eu estava procurando. Me inteirei de que a versão mais próxima do que seria o Partido Republicano Americano no Brasil é o Partido dos Democratas. Mas com esse nome disgusting não há como apoiá-los.

Então desisti de tentar entender o quadro de alianças regionais. Selecionar governadores ficou muito complicado. Me resignei a escolher só o candidato a presidente. Para fazer essa análise, desta vez, abandonei os partidos e parti para as pessoalidades. Fui atrás dos políticos históricos e confiáveis. Pensei: o apoio deles determinará o meu. O nó ficou maior. Não entendi nada quando li que Collor e Sarney apoiam a candidata do PT e que Jarbas Vasconcellos, Maluf e Quércia estão com o candidato do PSDB. Minha turma está dividida.

Entenda, para nós americanos, branco é branco, preto é preto, Michael é Michael e a Lady Gaga é a Lady Gaga. Não suportamos indefinições. Meu último recurso foi assistir ao debate dos candidatos a presidente da República na televisão. E lá, finalmente, encontrei meu eleito. Todos pareciam muito semelhantes em seus discursos. Porém, havia um candidato velhinho que destoava. Ele não teve medo de emitir suas posições estúpidas de forma clara e inequívoca. Não era exatamente o que eu queria. Mas se ele ganhar, talvez volte a Guerra Fria.

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