O ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio morreu nesta terça-feira 8, em São Paulo, aos 83 anos. Membro
da direção nacional do PSOL, ele estava internado no Hospital Sírio
Libanês desde maio, em função do tratamento de um câncer ósseo, mas não
resistiu à doença.
Plínio ficou conhecido nacionalmente depois de se
candidatar à Presidência da República pelo PSOL em 2010. O socialista,
no entanto, teve um papel mais importante na militância pela reforma
agrária. Presidente de honra da Associação Brasileira de Reforma Agrária
(ABRA), fundada em 1967, Plínio foi o relator do projeto de reforma
agrária do governo João Goulart e, por anos, atuou desenvolvendo
trabalhos para a causa na Organização para Agricultura e Alimentação das
Nações Unidas (FAO/ONU).
Nascido em São Paulo, em 1930, Plínio fez o colegial no Rio Branco e
depois se formou em direito no Largo São Francisco, faculdade da USP
(Universidade de São Paulo). O contato com a política veio ainda quando
jovem, na época em que atuou na Juventude Estudantil Católica. Mais
tarde, a militância o levou a ser presidente da Juventude Universitária
Católica.
Depois de trabalhar como promotor público, foi eleito deputado
federal pelo antigo Partido Democrata Cristão, em 1962. Tinha orgulho de
dizer que relatou o projeto de reforma agrária do Governo João Goulart,
o que lhe rendeu a cassação do mandato em 9 de abril de 1964. Nos anos
1970, em função do regime militar, teve de se exilar no Chile, onde
trabalhou na Organização para Agricultura e Alimentação das Nações
Unidas (FAO/ONU), desenvolvendo projetos de reforma agrária.
De lá, ele foi transferido para os Estados Unidos e, só em 1976,
voltou ao Brasil. Ao chegar, participou da fundação do Partido dos
Trabalhadores e foi deputado federal em 1985. Na Constituinte, em 1988,
foi relator do capítulo do Poder Judiciário. Dois anos depois, Plínio
foi indicado pelo PT para ser candidato ao governo do Estado de São
Paulo, mas perdeu. Em 2005, após o escândalo do “mensalão”, ele deixou a
legenda.
“Era impossível reverter o curso de adaptação à ordem. Não foi uma
ruptura feliz. O PT foi o primeiro partido de massas criado longe dos
tapetes e palácios no Brasil, gestado nas comunidades de base da igreja
católica e nos sindicatos. Mas, como costumo dizer, não fui eu que saí
do PT. Foi o PT que saiu de mim”, explicou, certa vez, em texto no seu
blog pessoal.
No mesmo ano ele ingressou no PSOL, com outros ex-petistas, e passou a
integrar a direção nacional do partido socialista. Plínio também foi
escolhido candidato ao governo de São Paulo, em 2006, e à Presidência da
República, em 2010, quando se destacou em debates televisivos contra
Dilma Rousseff, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o
ex-governador de São Paulo José Serra. Nos últimos anos, voltou a se
manifestar publicamente depois das manifestações de junho de 2013, que
ele apoiou ao participar de passeatas em São Paulo. Sem cargos públicos
ou planos de se candidatar, ele se dedicava, ultimamente, ao jornal
eletrônico Correio da Cidadania. (#)
(#*) Parlamentares e políticos comentaram nesta terça-feira (8) a morte do
ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP), que morreu aos 83 anos, em São Paulo. Ele estava internado para tratar um câncer ósseo. Confira abaixo repercussão.
Chico Alencar (PSOL-RJ), deputado federal: "A vida de Plínio foi plena. Nosso Plínio de Arruda Sampaio partiu no
exato momento em que havia um Brasil inteiro reunido em torno de uma
mesma expectativa. Ele queria ainda mais: um povo que pudesse transitar
de seus desejos individuais, pequenos, para um sonho coletivo, de
justiça e igualdade, realmente duradouro. Temos o dever de continuá-lo.
Plínio e a luta por um Brasil solidário e fraterno vivem!" (pelo Facebook)
Cristovam Buarque (PDT-DF), senador: "Eu conheci Plínio no exlílio, em Honduras. Eu morava lá e ele passou
fazendo um trabalho pelo Banco Interamericano. Criei uma admiração muito
especial por ele. É um dos políticos com mais consciência dos problemas
brasileiros e com propostas para fazer um país mais eficiente e mais
justo. Eu senti muito."
Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado: "O Brasil perde um grande homem público, um patriota acima de tudo, com
espírito de nacionalidade muito grande. Tenho uma grande admiração por
ele, foi um homem com momentos marcantes na vida política brasileira."
Eduardo Suplicy (PT-SP), senador: “Visitei ele anteontem, e estive com a esposa e filhos. Ele estava numa
situação bastante grave. Ele é uma pessoa extraordinária, foi um
excelente deputado federal, uma pessoa de extraordinário valor. Sinto
muito por isso e expresso a minha solidariedade. Eu vou logo estar no
velório e farei um discurso em homenagem a ele no Senado.”
Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado: "Foi um grande brasileiro, homem íntegro, com uma historia belíssima.
Vai fazer muita falta à questão política e da ética no Brasil."
Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo: "Plínio de Arruda Sampaio dedicou sua vida a um Brasil justo, solidário
e democrático. Foi um promotor de Justiça exemplar; um deputado
constituinte vibrante; um homem público de convicções. Em nome dos
paulistas, deixo meus sentimentos à sua família." (por nota oficial)
Ivan Valente (SP), líder do PSOL na Câmara: "Para mim, que fui companheiro do Plínio, desde a fundação do PT, e
depois na ida para o PSOL, nós travamos uma luta na saída do PT, e sem
dúvida é uma perda muito grande. Um grande companheiro, que foi, assim,
um camarada que prestou grandes serviços ao povo brasileiro. E mais do
que isso, é uma referencia para a juventude brasileira, aos 83 anos, fez
coisas memoráveis para o PSOL. Além de ser um amigo, camarada, irmão."
José Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado: "Fui colega dele na Constituinte, quando [Plínio] era do PT. Era uma
figura moderna naquela época do PT radical. É um político de qualidade e
teve destaque especial na Constituinte. Na época que o PT votava contra
tudo, ele votava pela racionalidade. É uma perda lamentável para o
mundo político."
José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo: "Plínio de Arruda Sampaio foi um grande amigo. Isso resume minha
relação com ele. Nos longos anos de exílio convivemos intensamente, em
Santiago do Chile, em Washington, e na Universidade de Cornell. Dele e
de sua mulher, Marietta, sempre recebi afeto e, quando foi necessário,
solidariedade. Depois que voltamos ao Brasil, tomamos rumos diferentes
na política, mas a relação básica de amizade sempre permaneceu. A mesma
relação que tenho com seus seis filhos, que conheci desde que eram
crianças. Plínio foi um político estudioso e coerente na prática de suas
ideias. Ou seja, um político incomum." (por nota oficial)
Luciana Genro, candidata do PSOL à Presidência da República: “Eu estava lá com a família dele, e justamente ele havia falecido
alguns minutos antes. É uma notícia muito triste para todos nós do PSOL.
Ele foi uma pessoa que se dedicou imensamente às causas em defesa do
nosso povo. Fez um esforço enorme para representar PSOL nas eleições de
2010 e tenho muito orgulho de contar com o nome dele no manifesto em
apoio a minha candidatura. Ele estava lúcido quando foi consultado para
dar esse apoio. A gente tem muito orgulho de ter tido ele no PSOL e ele
vai fazer muita falta."
Luiz Araújo, presidente nacional do PSOL: "O PSOL se solidariza com os familiares de Plínio e ressalta que
sentirá a ausência de um dos maiores lutadores socialistas e
colaboradores do partido. Certamente, continuaremos levando adiante os
ideais por justiça social, defendidos incansavelmente por ele." (por nota oficial)
Luiza Erundina (PSB-SP), deputada federal: "A partida do Plínio Sampaio nos causa a nós, seus amigos e
companheiros, uma profunda tristeza e ao Brasil, uma enorme perda." (pelo Twitter)
Marina Silva (PSB-AC), candidata a vice-presidente: "Morreu hoje o ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio, aos 83
anos. Um homem de ideias, de caráter, a quem sempre respeitei por sua
longa trajetória política em favor de um Brasil mais democrático, justo e
fraterno. Que Deus console seus familiares, amigos e admiradores neste
momento." (pelo Facebook)
Pedro Simon (PMDB-RS), senador: "Éramos muito amigos. Era um grande homem, daqueles que eu tinha o
maior respeito. O Plínio é do grupo de brasileiros que foi se afastando
dos governos porque não cumpriam com o que se esperava. Uma pena. Eu
ainda disse várias vezes que os ‘Plínios’ deveriam ter ficado no governo
Lula e outros deveriam ter saído. O grupo do Plínio se afastou porque
não se identificou."
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), senador: "Eu estava acompanhando o estado de saúde dele. Ele teve uma pequena
recuperação, mas nós já sabíamos que o estágio dele era de
irreversibilidade. O Brasil perde um dos seus principais guerreiros do
século XX e do início do século XXI. Era alguém que, no PSOL, e desde o
PT, inspirada a todos nós. No PSOL era, com seus mais de 80 anos, o mais
jovem de nós. [...] É uma notícia muito triste, uma perda muito
grande."
Roberto Requião (PMDB-PR), senador: "Ficará grande saudade amigo velho." (pelo Twitter)
Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara: "É uma figura exemplar do mundo político brasileiro. Muito respeitado,
com posições muito firmes. Ele ajudou o Brasil, os brasileiros a
pensarem grande. Eu convivi com ele, tivemos debates, e o Plínio é um
símbolo da ética na política."
Tarso Genro (PT), governador do Rio Grande do Sul: "O Brasil perde um grande brasileiro e a democracia um incansável lutador: faleceu Plínio Arruda Sampaio." (pelo Twitter)
NOTA DO BLOG: Mesmo discordando de muito do que ele dizia, admirava seu entusiasmo e sua integridade. Fui, orgulhosamente, um dos menos de 1% do eleitorado que votou nele para presidente no primeiro turno da eleição de 2010.
(*) Descanse em paz.
(#) Carta Capital
(#*) g1
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