Sepultura começou pontualmente às 18:30, como marcado. Show
energético e competente. Bom. Mas teria sido melhor se os caras não insistissem
em focar nas chatíssimas músicas da fase Derick Green – que já está,
inacreditavelmente, há mais tempo na banda do que o próprio Max, ex-vocalista e
membro fundador. E convenhamos: ele é ruim demais! Muito ruim! Ruim que dói! Um
vocalzinho gutural chimfrim genérico que qualquer um faria, totalmente sem
personalidade, e uma presença de palco sempre meio atabalhoada. A impressão que
tenho é que ele até hoje ele não sabe ao certo o que está fazendo ali. Mas os
caras – Andreas e Paulo - são teimosos e agora, com o suporte de uma grande
gravador do gênero, a Nuclear Blast, é que vão insistir mesmo. Só que não tem
jeito: ao vivo ainda seguram uma onda, mas a banda está desfigurada demais! Restou
apenas Paulo Xisto, o menos talentoso- embora gente finíssima, é a impressão
que tenho - da formação original. Pra mim, Sepultura acabou assim que Max saíu.
E olha que sou dos menos radicais, tem gente que acha que já era desde o “Beneath
the remais” ...
É legal a participação do tal Tambours du Bronx, mas nada demais. Dá a impressão de que eles precisaram contratar aquele povo todo pra substituir Igor Cavalera. Aliás, foi a primeira apresentação que vi com o “novo” baterista, Eloy Casagrande, e não me impressionei muito não. Tem energia e técnica, o moleque, mas falta o “mojo”. É meio “durão”. Não sei, não curti.
Mas o grande ponto fraco do show, a meu ver, foi o set list,
com pouquíssimos clássicos. Dentre eles aquela que talvez seja minha faixa
preferida – não por acaso do melhor álbum – da banda, “Refuse/Resist”. Só que
massacrada pelo vocal genérico e insosso de Derick. Lamentável. De boa surpresa
mesmo, apenas duas do Tambours Du Bronx metidas no meio do set. Meio tribal/industrial,
e com o vocal agressivo em francês, lembrou o Young Gods, seminal grupo suíço,
um dos precursores do uso do sampler como instrumento musical.
Nota 6
Nota 6,9998 – a la Igor Matheus ...
O show começa morno e assim vai até o final, mas é isso
mesmo: a banda conduz o espetáculo como se estivesse realmente num culto, mas
daqueles mais solenes, contidos. Mais pra católico ou ortodoxo tradicional que
pra “gospel” pentecostal. Gosto das
músicas, têm um bom senso melódico e refrões surpreendentemente “pop”. Também gostei
dos guitarristas, que não são “firuleiros” e têm uma boa pegada, e do
tecladista, que garante o clima sombrio. Mas detestei o baterista.
Inacreditavelmente ruim. Chega a ser bizarro, de tão tosco. Limita-se a marcar
o ritmo da forma mais primária possível, e olhe lá. Até eu faria melhor –
mentira, sou péssimo! Não tenho a menor coordenação motora pra isso ...
Outra decepção foi o vocal. A impressão que tive foi que a
máscara (pensei que fosse uma maquiagem) limita os movimentos labiais e
interfere na perfomance do cara, já que em estúdio o resultado é bem mais
interessante. Por outro lado, o som das guitarras ao vivo ganha peso e se torna
mais encorpado, mais “Heavy Metal” mesmo. Foi um show irregular, muita gente
detestou, mas no geral eu curti. Ainda mais pelo ousadia “blasfema” da
caracterização.
Nota 7 pra eles.
Entre o Ghost e o Alice In Chains nada aconteceu, então
tivemos que aturar as encheções de lingüiça dos apresentadores cretinos
caçadores de celebridades do Multishow. A âncora, Titi, ex-MTV – tinha que ser –
parece que é retardada, não é possível. Numa das entrevistas mais bizarras que
já tive o desprazer de assistir, perguntou a dois dos Nameless Ghouls do Ghost
se eles pegavam gropies assim mesmo, mascarados! Isso depois de chamá-los de
Darth Vader e interpelá-los quanto ao satanismo, que eles confirmaram com a
maior naturalidade. Haja “cunhão”, como dizemos por aqui...
Mas felizmente não demorou muito e os veteranos da cena
grunge estavam no palco mandando ver num set list matador, de fazer chorar mais
uma vez quem já chorou muito nos anos 1990 embalados pelo vocal angustiado do
saudoso Layne Staley e suas letras depressivas com fixação pela morte. Nem há
muito o que comentar, pois foi tudo quase perfeito: o novo vocal segura bem a onda e Jerry
Cantrell já não ostenta mais aquela bela cabeleira, mas ainda é o cérebro e o
coração por trás da coisa toda. E ainda canta, e bem, em dueto com a voz
principal.
Nota 9
Já a espera pelo Metallica, que se atrasou em mais de meia
hora, foi um suplício. Primeiro tive que ouvir Jimmy do Matanza cometer o
disparate de dizer que aquele show do Alice in Chains foi melhor do que a
primeira vinda deles ao Brasil, no auge, início dos anos 90. Faz favor, né. E
depois uma sequencia de entrevistas e matérias ridículas e sem sentido que
culminaram num bate-papo bizarro entre Beto Lee e ele, o único que consegue
rivalizar com Dinho Ouro Preto no quesito vergonha alheia do rock nacional:
Tico Santa Cruz. Não vou nem comentar o que foi dito, farei o favor de poupá-los
...
Metallica demorou – não tanto quanto o Guns and Roses,
felizmente – mas chegou chutando o pau da barraca com “Hit The Lights”, faixa
que abre seu álbum de estréia – 30 anos recém-completos – “Kill em all”, emendada
com a faixa-título de seu melhor disco, “Master of Puppets”. E aí foi jogo
ganho até o final, tocando com uma energia e velocidade impressionantes até
mesmo faixas mais lentas e/ou descaradamente pop, como “The Memory remains”, da
controversa fase “Loaded”. Todos os discos foram contemplados – com exceção de “St.
Anger” – inclusive o último, o mediano “Death Magnetic”, do qual extraíram a
boa “The Day that never comes”. Pontos altos: a satisfação estampada na face de
todos, especialmente de James Hetfield, normalmente mais carrancudo, e a
monumental execução de “One”, “Blackned” e “And Justice for all”, fazendo
justiça (sic) a este álbum injustamente (sic again) tachado de enfadonho e megalomaníaco.
O ponto baixo foi a perfomance de Lars Ulrich, ainda pior que o usual.
Nota 9 vírgula alguma coisa.
Domingo que vem tem mais.
UP THE IRONS !!!
SLAYER !!!
A.
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