Sepultura e Zé Ramalho
Primeira coisa que eu estranhei: porque o Sepultura tocou
duas vezes, hein? Alguém explicou isso aí? Não que eu esteja reclamando, mas
foi estranho e meio sem proposito, não foi não? NO show de quinta eles dividiram
o palco com uns batuqueiros franceses. Negócio super esquisito por sinal: metal
em francês vamos combinar que já não combina, e europeu batendo lata a la
olodum e dizendo que é metal... bom, sem comentários. Curti não. Já o show de
domingo me pareceu mais “o show do Sepultura mesmo”. Aí, pra não ficar na cara
o jabazão, a galera chamou o Zé Ramalho pra fazer a segunda metade do show.
Infelizmente, foi justamente a parte que eu não vi por conta dos afazeres
domésticos (ok, tem essa desvantagem de assistir em casa). Mas a primeira
metade do show eu achei sensacional. Um desfile de classicões do Sepultura,
banda afiadaça, som bom, não me lembro de nada pra falar mal do show em si.
Alguns comentários que fizemos, eu e Adelvan, sobre o Sepultura hoje em dia,
que também não devem ser novidade pra quem acompanha a carreira da banda: 1) o
Derrick não é um vocalista virtuoso, é estranho ele estar há tanto tempo na banda;
2) sem comentários a falta que o Igor faz na batera. Esse garoto novo é bom,
mas não chega aos pés; 3) o Paulo nunca foi nada além de um baixista medíocre; 4)
CONCLUSÃO RÁPIDA E SEM NENHUM APROFUNDAMENTO: o Sepultura hoje tá na mão do
Andreas Kisser. Ok, tem um pouco de exagero aí, mas é um desfalque imenso
mesmo. E é uma pena porque sempre foi uma banda fodona. Só orgulho de cá.
SLAYER!!!
Maíra estava ocupada e viu de relance, mas eu (Adelvan) não
poderia perder uma de minhas bandas favoritas do metal extremo tocando no maior
festival do Brasil – e um dos maiores do mundo. Bastante desfalcados, é
verdade, mas é o Slayer, porra! É Reign in Blood! É Tom Araya e é Kerry King. E
é Gary Holt, do Exodus. E Paul Bostaph ...
Com todo respeito a Jeff Hanneman, o grande desfalque é,
realmente, o de Dave Lombardo. Trata-se, afinal, do maior baterista de Heavy
Metal de todos os tempos – considerando-se que o Led Zeppelin não era Heavy
Metal, evidentemente. NUNCA, JAMAIS, ninguém vai conseguir substituí-lo. Porque
ninguém consegue fazer as viradas que ele faz com a elegância e a velocidade
que lhe é característica. Dito isso, sigamos em frente ...
O show foi bom, mas não foi 100%. Som bom, execução precisa,
barulho do inferno, Araya sempre simpático e sorridente, uma bonita homenagem
ao guitarrista falecida e é isso. Tá dado o recado. Na moral, quem ficou ali
depois do Slayer pra ver Avenged Sevenfold merece no mínimo uma surra de cipó
de aroeira ...
Nota 8.
DVD Gangrena Gasosa Ao
Vivo no inferno
Daí que o Adelvan trouxe o DVD do Gangrena pra gente
assistir o show ao vivo porque ele já sabia que o Avenged Sevenfold era uma
merda. Mas eu, feito uma idiota, por alguns minutos ousei duvidar da opinião do
mestre. Bastou, entretanto, rolar um VT de apresentação dos caras, antes mesmo
do show começar, pra eu entender que se tratava de uma espécie de Charlie Brown
Jr do Metal, ou um “emo-metal”, e entender que JAMAIS se duvida da opinão de um
Jedi do rock.
Fomos para o inferno assistir Gangrena. Nada mais apropriado
para a noite. Aliás, taí uma banda que colocaria no chinelo uma meia dúzia de
farofeiro que passou por esse Rock in Rio.
Conheci o Gangrena Gasosa recentemente, justo com esse mesmo
DVD – que é duplo e o primeiro volume é um documentário (impagável) que conta a
história da banda. Virei fã imediatamente. Espero poder vê-los ao vivo algum
dia.
Eles costumam ser definidos como Saravá Metal, estilo,
aliás,que ninguém nunca ousou imitar. A estética musical é basicamente trash (NOTA:
sem o H mesmo) metal, mas a banda persegue um conceito, no visual e nas letras,
que tira sarro com a umbanda e o candomblé. Tem que ter coragem mesmo. Os caras
se vestem das diversas facetas do capeta, do modo como são vistos por ambas as
religiões. A ideia é “pagar de satanista”, só que tirando uma onda pesada.
Durante muito tempo a ligação com essas religiões foi só no
visual e nas letras. Mais recentemente, eles chamaram percussionistas –
atualmente uma percussionistA, fêmea – e gata. Comprometida, com Ângelo/Zé
Pilintra, o vocalista - pra fazer parte da banda incorporando o “batuque do
terreiro” na sonoridade também.
Agressivo, competente, hilário, inteligente e devidamente DO MAL, como todo metal deve ser. Altamente recomendado. Foi uma ótima pedida pra esperar... O SHOW.
Agressivo, competente, hilário, inteligente e devidamente DO MAL, como todo metal deve ser. Altamente recomendado. Foi uma ótima pedida pra esperar... O SHOW.
Iron Maiden
Tudo isso era pra chegar aqui. A gente queria mesmo era ver
e ouvir o Iron. Qualquer roqueiro que se preze teve sua fase metal e, muito
provavelmente, ela começou pelo Iron Maiden. E quando passou deixou marcado
pelo menos uma meia dúzia de riffs inesquecíveis que passam de geração a
geração e são esperadas ansiosamente a cada show. Era o que a gente estava
esperando também. E não nos decepcionamos.
Particularmente, eu, Maíra, achava que já não ia lembrar de
muita coisa. Junto com o Rush e o Metallica, o Iron Maiden foi uma das
primeiras bandas de rock que eu ouvi na vida, só que eu gastei menos tempo com
eles.
Conversamos um pouco sobre isso, inclusive, aqui no sofá da
Má. Não era tão simples escutar um disco naquela época. No meu caso, por
exemplo: primeiro eu era tão nova, tipo 10 ou 11 anos, que sequer tinha
autonomia de gosto, ou de grana, pra dizer que queria comprar um disco. Acho
que nem mesada eu recebia ainda. Fora isso, o único toca discos da casa ficava
na sala. Não era tão simples pegar e colocar um disco de metal no meio da sala
da família pra tocar. Aí um dia eu pedi o fone de ouvido do meu pai emprestado.
Era um fone grandão, caro, e o cabo era curto. Ou seja, eu tinha que sentar no
chão, no meio da sala, atrapalhando o caminho até o telefone, por exemplo, pra
ouvir um disco. E além disso o meu pai não curtia estar me emprestando o fone
dele. Enfim, a molecada de hoje tem bem mais sorte. Ainda assim a gente furou a
bolha. Porque quando tem que ser a gente vai lá e é.
Mas eu tava dizendo que achava que não ia lembrar das
musicas. Rá. Riff bom é riff que gruda. A cada começo de musica era mais
emoção. Do meio pro fim do show, gritinhos e sorrisos. Não tinha como ser menos
emocionante.
O foco no “Seventh son of a seventhson” nos fez sentir
privilegiados: é um discaço mesmo e tem uma das musicas que nós dois
consideramos uma das que nós mais gostamos: “The evi lthat men do”. A execução
da faixa título também foi de arrepiar. Para além de análises de técnica ou
estética, a gente aqui só conseguia mesmo dizer algumas poucas palavras, não
das mais refinadas, mas tudo no bom sentido: “porra, caralho, putaquepariu, vai
tomar no cu e etc e tal...
Alguns comentários foram inevitáveis: que vitalidade
invejável do Bruce Dickinson, hein? O cara pilota o avião, tá com a voz (e o “corpitcho”)
super em forma, corre e pula pra todo lado o show inteiro, pratica esgrima e
ainda toma cerveja e caipinha! Porra, vai se lascar! (Pode ser lá em casa, ok?
*diz a Má) E o Steve Harris, é tipo o Dracula, né? Não muda a cara nem o cabelo
nunca. Segundo Adelvan, no dia que ele cortar o cabelo acabou o metal.
Já o Janick Gers tá fazendo o quê no Iron Maiden ainda, hein
minha gente?? Entrou pra substituir o Adrian Smith. Daí o cara volta, toca muito
mais que ele, por sinal, e ele agora fica saltitando feito uma gazela no palco!
Quequéisso!! Cadê o respeito?
Eu (Adelvan) não me iniciei no rock exatamente com o Iron
Maiden, muito embora costume dizer que comecei a aprender o que era realmente
esse tal de rock and roll com o primeiro Rock in rio, de 1985. Sacumé, né, ta na
Globo, ta na boca do povo. Ainda hoje é assim – impressionante a quantidade de
gente que vem me perguntar, no trabalho ou nas reuniões familiares, porque eu
não estava lá. Quando estou de bom humor respondo que vou estar no Black
Sabbath, mas aí é uma confusão, porque você tem que explicar o que é o Black
Sabbath e porque eles, sozinhos, são mais importantes e valem um ingresso mais
caro que todo o rock in rio junto.
Então: comecei com o (nem sempre) bom e velho (dependendo do
ponto de vista) rock brasileiro dos anos 80, que tocava no rádio. E eu ouvia
rádio. Claro, todo mundo ouvia. Como sou cara de pau, não tenho vergonha de
confessar que já fui, inclusive, fã do RPM. Todo mundo era, ora. Aí um dia, não
sei muito bem como nem porque, eu descobri que não precisava ser como todo
mundo. Acho que foi quando escutei o Camisa de Vênus cantando “Silvia”, uma das
musicas mais escrotas já feitas, em todos os entidos, no rádio, que me dei
conta disso. Decidi que iria comprar um disco deles, e eis que “Viva, Ao vivo”,
se tornou a aquisição número um de minha coleção. “Vivendo e não aprendendo” do
Ira! foi o número 2. E aí veio o Iron Maiden, com “Somewhere in time” –
lançamento, na época. Quando aqueles primeiros acordes de guitarra sintetizada
espocaram em minha caixa de som – no mesmo esquema da Má, som da família, tinha
que esperar papai e mamãe irem pra missa no domingo à noite pra ouvir no volume
adequado – minha vida mudou. Literalmente. Parei de ir à igreja, virei ateu.
Parei de pegar no pé de minha irmã por besteira – ela adorou, mas não gostou
quando, algum tempo depois, eu comprei o LP “Descanse em paz”, do Ratos de
Porão, que tem a imagem de uma senhora morta na capa. Ela tinha pesadelos com
aquilo e eu, quando queria irritá-la, saía correndo atrás dela com o disco na
mão. Virei “roqueiro”. Em Itabaiana, nos anos 80. Parada dura.
Acompanhei o Iron até justamente o “Seventh son of a seventh son”, o disco enfocado na
atual turnê. Depois meu gosto musical se ampliou ao ponto de quase esquecê-los.
Mas sempre os tive como uma memória boa de um tempo bom, de descobertas. Tive a
oportunidade de vê-los ao vivo pela primeira vez no Recife, há uns dois anos.
Devia isso ao meu eu adolescente. Foi o show mais bem produzido e organizado
que eu já fui em toda a minha vida, em todos os sentidos – até as placas de
sinalização eram bonitas e perfeitamente posicionadas. Vi da área vip – “I sold
my sou for rock and roll” – e chorei feito um bebê. Fui embora feliz, ao som de
música que encerra “A Vida de Brian”, do Monty python – os caras são foda! Mas
admito: tanto os show da turnê anterior, que dava uma geral na carreira da
banda, quanto este, da “Maiden England Tour”, são melhores do que o que eu vi.
Eles estavam lançando disco novo e por isso tentaram nos empurrar material mais
recente, não apenas do “Final Frontier” como de coisas dos anos 2000, que eu
absolutamente desconheço. Não foi ruim, claro. Mas o show que vi na madrugada
do domingo para a segunda-feira no Rock In Rio foi perfeito.
Adorei a cenografia, a pirotecnia, o figurino, o set list,
os Eddies – até mesmo aquele bonecão desengonçado de sempre – tudo! Bruce, que
parece estar deixando novamente os cabelos crescerem, estava especialmente
teatral e brincalhão, como quando fez um merchandise “ixpierto” da recém
lançada cerveja “the Trooper” ou quando chacoalhou a base elevada onde estava
no verso “balancing on the edge” de “The Evil that men do”. Sua perfomance – e a
da banda – na épica e climática faixa título, “seventh son of a seventh son”,
foi coisa de mestre. E têm o público na mão, como de praxe: a turba ensandecida
de 85.000 “metaleiros” respondia a todos os seu comandos, o que deve ter causado
uma inveja danada em algum político sem carisma que só consegue se eleger na
base da propina que por ventura estivesse insone naquela madrugada ...
Enfim, tem que ser muito ranzinza pra não gostar do Iron
Maiden. Ou não – mas as exceções eu nem comento, porque não entendo. Iron
Maiden fez e, pelo jeito, sempre fará parte da minha vida.
HALLOWED BE
THY NAME!
Amém.
10.
Maíra Ezquiel escreveu sobre o Sepultura, a Gangrena Gasosa
e o Iron Maiden
Adelvan escreveu sobre o Slayer e o Iron Maiden.
UP THE IRONS
SLAYER!!!
#
Nenhum comentário:
Postar um comentário