Bairrismos e provincianismos a parte, o que me levou a
comparecer à abertura do “Curta-Se – Festival Iberoamericano de cinema de
Sergipe” ontem à noite no Teatro Tobias Barreto foi, principalmente, a
curiosidade de assitir, finalmente, “A Pelada”, primeiro longa metragem de cinema inteiramente
rodado em Aracaju. Para
nós, nativos do menor estado da federação, é sempre uma novidade se ver retratado na tela
grande. Muita coisa foi filmada, inclusive, aqui do lado de minha casa, nas
ruas pelas quais passo diariamente e no banco em que tenho conta! Só isso me
bastaria. Não nutria grandes expectativas quanto à qualidade artístico/narrativa
do filme em si, a julgar pelo treiler que havia visto – divertido, mas nada de
mais. Mais do mesmo, era o que parecia.
Me surpreendi. Não vi nenhuma obra-prima da sétima arte, evidentemente,
mas me diverti bastante com essa comédia de erros que conta a história de um
casal em crise que, por iniciativa da contraparte feminina, decepcionada com a
apatia do companheiro, decide ousar, experimentar, “apimentar” a relação. Para
tanto sugere um “ménage a trois”, o que assusta o malandro fajuto que vive se
vangloriando de suas conquistas amorosas fantasiosas entre os amigos.
As situações embaraçosas em que os protagonistas se metem na
tentativa de concretizar a empreitada são criativas, divertidas e bem
encadeadas. Resvala-se num ou outro clichê aqui e ali, mas nada que comprometa
o resultado final. O mais importante é que a narrativa flui satisfatoriamente,
a fotografia é boa e a escolha das locações adequada, mostrando uma Aracaju
provinciana porém em pleno crescimento - infelizmente desordenado, como e praxe, com os edifícios brotando ao fundo da
paisagem ainda dominada pelas águas - poluídas - margeadas pelos manguezais. O filme tem
também uma boa edição e é bem dirigido, o que certamente contribuiu para o bom
desempenho dos atores, especialmente do casal em torno do qual a trama gira.
Foi ainda exibida uma interessantíssima mostra de
videoclipes com uma qualidade, em termos gerais, muito boa. Especialmente nos três
primeiros: “Pele Africana”, do grupo Cataluzes – excelente música, por sinal – dirigido
por André Aragão com belas imagens em preto e branco da terra de Fidel Castro; “Hey
yo Silver”, da banda cuiabana Vanguart, dirigido por Isaac Dourado com uma
excelente edição simulando a dinâmica de uma história em quadrinhos; e “Loreta
& Boutique”, da sergipana Coutto e Orquestra, com direção de Marcos Mota e
Marlon Delano e belas imagens captadas durante uma apresentação ao vivo.
Encerrando a noite, uma belíssima apresentação dos Grupos
Membrana e Pífano de Pife que se encerrou no Hall do teatro, com os músicos
interagindo com o público.
A programação do Curta-se se estende por toda a semana em
diversos pontos da cidade. Para saber mais, clique AQUI e acesse o site oficial
do evento.
E clicando AQUI, você vê o treiler de "A Pelada".
por Adelvan Kenobi.
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