terça-feira, 17 de setembro de 2013

"A Pelada" é surpreendentemente divertido ...

Bairrismos e provincianismos a parte, o que me levou a comparecer à abertura do “Curta-Se – Festival Iberoamericano de cinema de Sergipe” ontem à noite no Teatro Tobias Barreto foi, principalmente, a curiosidade de assitir, finalmente, “A Pelada”, primeiro longa metragem de cinema inteiramente rodado em Aracaju. Para nós, nativos do menor estado da federação, é sempre uma novidade se ver retratado na tela grande. Muita coisa foi filmada, inclusive, aqui do lado de minha casa, nas ruas pelas quais passo diariamente e no banco em que tenho conta! Só isso me bastaria. Não nutria grandes expectativas quanto à qualidade artístico/narrativa do filme em si, a julgar pelo treiler que havia visto – divertido, mas nada de mais. Mais do mesmo, era o que parecia.

Me surpreendi. Não vi nenhuma obra-prima da sétima arte, evidentemente, mas me diverti bastante com essa comédia de erros que conta a história de um casal em crise que, por iniciativa da contraparte feminina, decepcionada com a apatia do companheiro, decide ousar, experimentar, “apimentar” a relação. Para tanto sugere um “ménage a trois”, o que assusta o malandro fajuto que vive se vangloriando de suas conquistas amorosas fantasiosas entre os amigos.

As situações embaraçosas em que os protagonistas se metem na tentativa de concretizar a empreitada são criativas, divertidas e bem encadeadas. Resvala-se num ou outro clichê aqui e ali, mas nada que comprometa o resultado final. O mais importante é que a narrativa flui satisfatoriamente, a fotografia é boa e a escolha das locações adequada, mostrando uma Aracaju provinciana porém em pleno crescimento - infelizmente desordenado, como e praxe, com os edifícios brotando ao fundo da paisagem ainda dominada pelas águas - poluídas - margeadas pelos manguezais. O filme tem também uma boa edição e é bem dirigido, o que certamente contribuiu para o bom desempenho dos atores, especialmente do casal em torno do qual a trama gira.

A lamentar apenas o subaproveitamento dos talentos locais, mais uma vez relegados a papeis secundários ou meramente figurativos. Em todo caso, foi bem legal poder ver na telona, em um trabalho cinematográfico profissional, figuras com as quais convivo ou já convivi cotidianamente, como minha amiga “Teteca”(Everlane Moraes), ex-frequentadora assídua do underground noturno do centro de Aracaju. E todos se saíram muito bem, a meu ver. Nada de constrangedor foi mostrado durante os 80 minutos de projeção ...

A noite foi aberta com os tradicionais discursos e a apresentação dos atores do filme presentes. O diretor, o belga Damien Chamin, é simpático, comunicativo – fala muito bem português, já que vive há bastante tempo aqui mesmo, nas terras de Sergipe Del Rey – e estava visivelmente emocionado.

Foi ainda exibida uma interessantíssima mostra de videoclipes com uma qualidade, em termos gerais, muito boa. Especialmente nos três primeiros: “Pele Africana”, do grupo Cataluzes – excelente música, por sinal – dirigido por André Aragão com belas imagens em preto e branco da terra de Fidel Castro; “Hey yo Silver”, da banda cuiabana Vanguart, dirigido por Isaac Dourado com uma excelente edição simulando a dinâmica de uma história em quadrinhos; e “Loreta & Boutique”, da sergipana Coutto e Orquestra, com direção de Marcos Mota e Marlon Delano e belas imagens captadas durante uma apresentação ao vivo.

Encerrando a noite, uma belíssima apresentação dos Grupos Membrana e Pífano de Pife que se encerrou no Hall do teatro, com os músicos interagindo com o público.

A programação do Curta-se se estende por toda a semana em diversos pontos da cidade. Para saber mais, clique AQUI e acesse o site oficial do evento.

E clicando AQUI, você vê o treiler de "A Pelada".

por Adelvan Kenobi.

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