sexta-feira, 15 de julho de 2011

Acho que preciso ir mais ao teatro ...

Esta semana fui convidado por uma amiga a assistir à peça “Cabaret dos Insensatos”, e fui. Fui, vi e gostei. Trata-se de uma adaptação de poemas e textos eróticos de Bertold Brecht e Jean Genet. Brecht é mais conhecido pelo seu ativismo político. Dele eu, particularmente, só conheço o célebre poema “O Analfabeto político”. Já de Jean Genet conheço apenas o filme “Querelle”, de Rainer Werner Fassbinder, que foi baseado numa novela de sua autoria. Some-se a isso o fato de que conta-se nos dedos das mãos o numero de peças de teatro que assisti em toda a minha vida e o resultado da equação só poderia ser um punhado de impressões oriundas de um leigo assumido porém atento e bem intencionado. Dito isso, vamos lá:

Fui numa sessão especial, uma espécie de ensaio aberto promovido para convidados, notadamente da imprensa. Cheguei no horário combinado mas tive que esperar cerca de uma hora pelo início do espetáculo – tudo bem, me distraí tranquilamente na sala de leituras da Casa Rua da Cultura. Nesta hora, se um cara fazendo o papel de um moleque de rua te abordar tentando vender pastilhas, não se espante: é teatro, lá todos são artistas.

A certa altura fomos convidados a sair do recinto e esperar na praça, pois a peça começava lá fora. Mais uma pequena espera, as luzes da casa se apagam, e finalmente sai de lá de dentro um dos atores num figurino um tanto quanto caricato e extravagante de mestre de cerimônias. Ele começa a recitar as falas introdutórias e é o tempo todo interrompido pelo tal “menino de rua”, apoleirado em cima de uma árvore. Depois da encenação de um conflito entre os dois, somos finalmente convidados a entrar no recinto – escuro, iluminado apenas por uma luz vermelha. É um cabaret, lembra? Nos dando as boas vindas, a silhueta insinuante de uma dançarina seminua da qual vemos apenas o vulto por trás de uma cortina.

Ao entrar não estranhe o fato de que parece haver menos gente do que você havia visto lá fora. E não, não estão sendo encenadas outras peças ao mesmo tempo nos outros recintos da casa: tudo isso faz parte da interessante dinâmica do espetáculo, sobre a qual não vou dar maiores detalhes para não estragar a surpresa. Digo-vos apenas: somos brindados pela visão de belas atrizes em figurinos pra lá de insinuantes e cenários minimalistas, desleixados até, eu diria, mas, por isso mesmo, charmosos. Um certo charme decadente em perfeita harmonia com os textos da peça, de autoria de notórios “outsiders”, sempre versando sobre estratégias de sedução e perversões às mais diversas. E o público, em determinados momentos, é convidado a interagir, o que resulta em situações hilárias e inesperadas. Ao final de tudo, com todos reunidos, publico e elenco, o mais engraçado dos sketches, que faz uma espécie de inventário sobre os mais variados tipos de punhetas – isso mesmo, punhetas. Sem pudores quanto ao linguajar “chulo”.

Taí, gostei. Me diverti. Acho que preciso ir mais ao teatro daqui pra frente ...

Por Adelvan

* * *

Quatro espetáculos em uma semana - é o que oferece a Casa Rua da cultura em mais uma edição do 'Projeto Temporada', um trabalho que busca consolidar o teatro enquanto opção e expressão cultural através de apresentações de espetáculos por companhias de teatro sergipanas. As apresentações ocorrerão durante todos os finais de semana, de sexta a domingo, dessa vez também com um espetáculo para o público infantil. Neste semestre o Projeto Temporada tem início no dia 15/7 e terá a duração de três meses.

As companhias teatrais sergipanas ficarão em cartaz com quatro espetáculos durante os meses de Julho, Agosto e Setembro com peças que trazem a temática da fantasia infantil até a irreverência das relações amorosas, passando por questões existenciais. A Cia de Teatro Strultífera Naves, O Grupo Caixa Cênica e Cia Uaaau darão o tom nesse projeto que visa consolidar o teatro como algo inerente ao cotidiano cultural da cidade.

Programação:

Das Sextas aos Domingos de Julho à Setembro.

Cabaré dos Insensatos: Cia Strutífera Naves
Resumo: Adaptação dos textos e poemas de Bertold Brecht e Jean Genet. O texto aborda a sexualidade de uma forma natural e desmistifica o conceito de ‘cabaré’. Direção Lindemberg Monteiro.
Horário: Todas ás Sextas e Sábados, a partir de 21h

Pela Janela: Grupo Caixa Cênica
Resumo: Livre adaptação da obra de Tennessee Williams – Fala comigo doce como a chuva - que tem como tema central a solidão. Direção Caixa Cênica e Co-direção de Maicyra Leão.
Horário: Todos os Sábados, a partir das 20h

Uma Viagem ao Fantástico Mundo do Saber: Cia Uaaau!
Resumo: Uma viagem ao fantástico mundo do saber conta a história de Filo um garoto que acorda num mundo mágico repleto de aventuras onde através de personagens exótico e sábias lições descobre que usando sua imaginação estudar pode ser muito mais divertido.
Horário: Todos os Domingos em duas sessões, às 16h e 18h

Entre quatro paredes: Cia Strutifera Naves
Resumo: Peça baseada no texto do filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre, as relações humanas são amplamente discutidas a partir do pensamento ‘o inferno são os outros’ e dar um olhar diferenciado entre a sociedade e o próprio inferno.
Horário: Todos os Sábados, a partir das 19h

Fonte: Infonet

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