Trata-se da história do francês de origem árabe Malik El Djebena (Tahar Rahim), de 19 anos, que está sendo preso por supostas agressões contra a polícia. O já conhecido e bastante retratado mundo cão da prisão o envolve, como era de se esperar – no caso, através de um recrutamento forçado como assassino a serviço da Máfia Córsega, que domina o local. A Córsega (em corso: Corsica), nos ensina a Wikipedia, é a quarta ilha[1] do Mar Mediterrâneo em extensão (depois da Sicília, Sardenha e Chipre), e fica a oeste da Itália, constituindo uma região administrativa da França. É universalmente conhecida como o berço de Napoleão (nascido em 1769 em Ajaccio, um ano após a ilha ser ocupada pelo Reino françês). A relação não resolvida entre a Córsega e a França, que a governou por 240 anos, manifesta-se não só a partir do apego de seu povo às suas tradições e sua língua (u Corsu, como "linguagem poderosa, e o mais italiano entre os dialetos da Itália", por Niccolò Tommaseo) por indicadores estatísticos revelam que a crise económica e social (perene último colocado do país por nascimento e emprego), e seus fortes impulsos de autonomia e independência, que colidem com a Constituição francesa.
A contragosto, Malik acaba cumprindo a tarefa a ele imposta e adquirindo, aos poucos, a confiança do “poderoso chefão” corso, mas nunca ao ponto de ser plenamente aceito no grupo, por conta de sua origem árabe. O protagonista, que chega à cadeia bruto e analfabeto, vai aos poucos se sofisticando e se envolvendo numa trama complexa que o levará, ao final, a uma virada de mesa impressionante. Ou não – vá e veja com seus próprios olhos.
O filme não é tão bom quanto supunha a partir dos elogios rasgados da crítica, mas está longe de ser sequer razoável. É bom. Muito bom até. Mas não é nenhuma obra-prima, nem um marco na cinematografia francesa. Não inova praticamente em nada, nem no tema retratado, nem na forma como o retrata, muito embora seja muito bem dirigido, fotografado e interpretado. Há inclusive alguns arroubos visuais que, se não chegam a impressionar, enriquecem a estrutura narrativa. O ponto alto, neste sentido, é a cena do atropelamento do cervo na estrada, plasticamente perfeita. No mais, é sempre divertido ver, mais uma vez, uma história de redenção povoada daqueles personagens feios e malvados, repleta de situações no limite do suspense e da adrenalina. A vingança de Malik, por exemplo, é perfeita: elegante e devastadora. Há também um subtexto sociológico pouco aproveitado, com referências rasteiras à situação política da Europa na virada do milênio, quando as moedas locais (Malik tenta esconder uma nota de 50 francos na sola do sapato ao entrar na prisão) foram substutuídas pelo euro. Nada que mude o foco central da narrativa, que se concentra na trajetória pessoal do personagem principal.
“O profeta”, vale lembrar, faz parte de um ciclo de exibição de filmes franceses que se estenderá por todo o mês de janeiro. Maiores informações abaixo:
por Adelvan
I MOSTRA DE VERÃO DE CINEMA FRANCÊS
Os Filmes terão sessão única diariamente as 14 Horas.
Veja a Programação:
FILME EM CARTAZ DE 07 A 13/01
Sessão Única as 14 Horas
O PROFETA (un prophéte)
França, 2008, Drama/Policial, 155 Min., 16 Anos
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Adél Bencherif , Niels Arestrup , Tahar Rahim
O filme venceu o 9 Prêmios César 2010, entre eles o Prêmio na categoria Melhor filme, Melhor Direção e Melhor Ator (Tahar Rahim).
Sinopse: Condenado a seis anos de prisão, Malik El Djebena, meio árabe, meio córsico, é analfabeto. Ao chegar à prisão, totalmente sozinho, ele parece mais jovem e mais frágil do que os outros presos. Ele está com 19 anos. O líder da facção dos córsicos dá a Malik uma série de “missões” a serem cumpridas. Ele aprende rápido e se fortalece, ganhando a confiança do chefe da facção. Malik usa toda a sua inteligência para desenvolver discretamente o seu plano.
FILME EM CARTAZ DE 14 A 20/01
15 ANOS E MEIO (15 Ans et Demi)
França, 2008, cor, 97 min, 16 anos.
Direção: François Desagnat & Thomas Sorriaux
Elenco: Daniel Auteuil, Juliette Lamboley, François Damiens, Lionel Abelanski, Julie Ferrier, François Berléand e Elise Larnicol.
Sinopse: A bem-humorada história de um cientista francês residente nos Estados Unidos que se vê obrigado a retornar ao seu país para cuidar da filha adolescente, com quem não tem contato há vários anos. Mas enquanto se esforça para construir uma relação com a garota, o pai descobre que ela está muito mais interessada em seus amigos, namorados e festas.
FILME EM CARTAZ DE 21 A 27/01
O PEQUENO NICOLAU (Le Petit Nicolas)
França, 2008, Comédia, 90 Minutos, Livre
Direção: Laurent Tirard
Elenco: Kad Merad , Maxime Godart , Valérie Lemercier
Tirado de um livro infantil de Goscinny (criador dos quadrinhos Astérix et Obélix) e Sempé.
Sinopse: O garoto Nicolas leva uma vida tranquila. É muito amado por seus pais, tem uma turma de amigos com quem se diverte bastante. Para ele, nada precisa mudar. Mas um dia, Nicolas surpreende uma conversa entre seus pais que o faz achar que a mãe está grávida. O menino entra em pânico e já imagina o pior: tão logo nasça um irmão, seus pais deixarão de lhe dar atenção e vão abandoná-lo na floresta como as histórias do Pequeno Poucet, de Perrault.
FILME EM CARTAZ DE 28/01 A 03/02
MADEMOISELLE CHAMBON (Mademoiselle Chambon)
França, 2009, Drama, 101 Min., 12 Anos
Direção: Stéphane Brizé
Elenco: Vincent Lindon, Sandrine Kiberlain, Aure Atika, Jean-Marc Thibault, Arthur Le Houérou, Bruno Lochet, Abdallah Moundy¹, Michelle Goddet, Anne Houdy, Geneviève Mnich, Florence Hautier, Jocelyne Monier, Jean-François Malet, Maxence Lavergne, Philomène Pagnier
Sinopse: Jean (Vincent Lindon) é uma pessoa do bem: um bom rapaz, um bom filho, um bom pai e um bom marido. E no seu cotidiano tranquilo, entre família e trabalho, ele cruza o caminho de Mademoiselle Chambon (Sandrine Kiberlain), a instrutora de seus filhos. Ele é um homem de poucas palavras, ela vem de um mundo diferente. Eles irão se surpreender pela evidência de seus sentimentos.
O Projeto Cine Cult foi idealizado e é coordenado pela Produtora Cine Vídeo e Educação, que em parceria com a Rede Cinemark, leva às telas de 21 complexos exibidores, distribuídos por 14 cidades do país, filmes que normalmente não seriam exibidos na programação comercial. Nosso foco é o cinema de países europeus, asiáticos, Latino-Americano,o cinema independente Norte-Americano e o cinema Brasileiro mais autoral. As Sessões do Cine Cult ocorrem diariamente as 14 Horas e possuem preços promocionais.
Fonte: Divulgação
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