Papo bom é papo que rende. O entrevistão que fiz com o Fabio Massari para a revista Outro Estilo, que está nas bancas, foi publicado quase na íntegra. Apenas 3 perguntas ficaram de fora. De fora, mas não esquecidas:
ZINISMO: No começo da Rolling Stone Brasil você era do Conselho Editorial da revista. Qual era o papel desse Conselho?
MASSARI: (risos) Esse conselho editorial era quase uma coisa metafísica. Era Twilight Zone (risos). De fato a galera se encontrou algumas vezes, principalmente no começo, mas a função do conselho era mais conversar filosoficamente sobre os caminhos da revista. Mas com o tempo foi ficando uma coisa individualizada, de cada conselheiro falar com o editor, mas era quase um cargo de fantasia. (risos)
ZINISMO: Você grava mixtapes para os amigos?
MASSARI: Eventualmente. Sob solicitações, várias vias (risos). Já gravei mais. Tinha uma época que fazia muito k7 pras baladas. Tinha um camarada com habilidade pros desenhos, e ele fazia as capinhas bonitinhas. Eu queimo vários CD’s pra levar coisas pra rádio, e esses CD’s depois eu acabo passando pros camaradas. Mas não é uma coisa com dedicação...
ZINISMO: Li uma entrevista em que você fala que estudava umas coisas sobre o IRA (Exército Republicano Irlandês) e terrorismo. Isso é simplesmente uma curiosidade pessoal ou tem algum embrião de livro aí?
MASSARI: A Irlanda é um país que sempre figurou na minha rota de pesquisas musicais, literárias, acabei descobrindo várias coisas, e me interessei pelo lugar. E, por conta da minha ignorância no assunto, acabei me interessando pelos “troubles” , pela situação da Irlanda do Norte. Aí comecei a ler sobre o assunto e me interessei bastante. Li muitas coisas, vi filmes, e procurei me informar sobre o assunto. Nada além disso. Estive na Irlanda do Norte algumas vezes, meio que para ver essas coisas, mas também para entrevistar bandas, etc. Entrevistei uns caras que foram do IRA, visitei os redutos, fui no cemitério onde os caras estão enterrados... um cemitério famoso em Belfast, com uma parte específica só para os caras do IRA, e foi nesse cemitério que um protestante chegou num enterro de um cara do IRA e saiu metralhando todo mundo... Uma desgraça! E fui pra lá nos anos 90, que era ainda um período “casca”. Belfast era OK, mas aquela outra cidade, Derry, era uma vibe estranhíssima. Mas enfim, foi uma coisa pessoal que foi se intensificando... Ah, entrevistei o Jim Sheridan, diretor de “Em Nome Do Pai”, e outros filmes legais. Tem um livro que estou preparando, uma espécie de coletânea de coisas antigas e perdidas, e que tem um pedaço de coisas irlandesas. Até que é um espaço bem grande. Ou seja, algo sobre a Irlanda vai aparecer. Já saíram algumas coisas na Folha de SP, como uma entrevista com o Danny Morrison, que foi do IRA nos anos 80. Ele não era um cara da “ação”, ele era da “inteligência” do IRA. Um cara dos bastidores, digamos assim. E olha que doido: estava num pub, numa quebrada de Belfast, entrevistando esse cara, e ele ficava “você entrevistou a Björk, que demais, me conta da Björk”... (risos) Eu querendo saber como eram as tretas na cadeia e ele me perguntando da Björk! (risos) Lembro que a gente saiu do pub, era meio-dia, e essa região de Belfast é totalmente católica, e tinham ainda as forças de segurança inglesas tomando conta... Aí passou um carro (tipo tanque) dos ingleses, e todo mundo “fuck you! Fuck you! Fuck you!” Era bem intenso ali. Hoje está mais tranquilo, mas é incrível: uma região tão pequena e tão efervescente. Tem um muro no meio da cidade, é muito bizarro.
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