Karne Krua, sempre.
É impressionante a capacidade que a Karne Krua, banda com quase trinta anos de atividade ininterrupta nas costas, tem de se renovar. Ontem, na Caverna do Jimmy Lennon Rock Bar, presenciamos mais um capítulo desta belíssima e longeva história, com a estréia de um novo baterista, "oithi", na formação. E foi nada menos que um dos melhores shows da banda que eu já vi em toda a minha vida - neste momento deve-se levar em consideração que eu já vi muitos, mas MUTOS MESMO, já que os acompanho desde 1987!
Oithi, como é conhecido por todos, é um "discípulo de Babalu" - ex-baterista da Karne e de várias outras bandas locais, atualmente residindo em São Paulo - e está fazendo jus ao mestre: conduziu a apresentação com um gás inacreditável, combinando batidas incrivelmente rápidas com arranjos e "viradas" precisas e criativas. Não foi perfeito: notava-se, aqui e ali, um certo descompasso com os demais componentes, certamente fruto do pouco tempo que tiveram para consolidar o entrosamento, mas nada que obscureça o que ficou evidente: a Karne Krua parece ter encontrado seu melhor baterista. Depois de Babalu, claro ...
O show foi intenso, uma verdadeira celebração. O público, presente em bom número e lotando o espaço, participou o tempo inteiro, comandado pela presença já clássica e carismática do vocalista Silvio "Suburbano" - "codinome" usado por ele nos tempos heroicos do punk dos anos oitenta -, "imperador do Hard Core" - piadinha interna e infame que só os que são "das antigas" entenderão. Ele detesta, por isso mesmo alguns de nós ainda insistem em chamá-lo assim. Como não era nenhuma competição - ainda bem! - não vale a comparação, mas não posso deixar de dizer que foi, DE LONGE, o melhor show da noite.
Uma noite que teve ainda a CRIMES HEDIONDOS - que eu não vi, sorry -, daqui mesmo, de Aracaju; GUERRA URBANA, de Recife - boa banda, com dois vocais, um masculino e um feminino, fazendo um som numa linha bem tradicional de punk rock e hard core "constestatório" - e a CALIBRE 12, de São Paulo, que faz mais aquela linha "testosterona", meio "escola Roger Miret" do Hard Core novaiorquino. Não é ruim, mas também não é muito a minha praia. São competentes, mas falta composição e algumas letras, "auto-afirmativas", na falta de uma palavra melhor - "somos Hard Core, somos underground, somos foda" - soam francamente infantis.
A se lamentar, apenas, a insistência de alguns presentes em fumar, mesmo num ambiente fechado - MUITO fechado, aliás - e com ar-condicionado - poucos, não dão conta do recado muito bem, mas sem eles aquilo ali se transformaria num inferno. Fora isso, achei especialmente desagradável a presença de alguns indivíduos “marrentos” fantasiados de “sons of anarchy” fazendo pose de malvados e procurando a qualquer custo arrumar briga no recinto – caíam no “pogo” à base de empurrões desnecessários e fechavam a cara para qualquer um que trombasse com eles – algo impossível de não acontecer, já que o ambiente, pequeno, estava lotado. Não sei de onde vieram, não lembro de te-los visto em outros shows “underground”. Vai ver não estavam “fantasiados”. É foda, “quanto mais a gente reza, mais assombração aparece”. Mas felizmente ninguém comprou a provocação e tudo correu de forma mais ou menos normal, na medida da convivência civilizada, apesar dos esforços em contrário.
Deu tudo certo. Foi uma belíssima noite.
Parabéns para Alércio, que correu atrás e fez acontecer!
A
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