por Marcelinho Hora |
Sou um fã tardio do Krisiun: conheço-os desde o primeiro
compacto, tosquissimo, que comprei num pacote que adquiri para revender na
minha loja, nos anos 90, das mãos de Nelson, da Rothness, que chegou com um
fusca abarrotado de disquinhos de vinil na casa de minha tia em Cidade Ademar,
São Paulo. Desde lá venho acompanhando com atenção e admiração a trajetória da
banda, sempre evoluindo em técnica e projeção, inclusive internacional.
Chegaram próximo à perfeição dentro do que se propõem a fazer, a meu ver, nos
dois últimos álbuns, “southern storm” e “The Great execution”, quando as
composições ganharam uma maior dinâmica e ficaram mais “quebradas”, menos
“retas” – era o que me incomodava, até então. A partir daí, quanto mais eu vejo
– e ouço – mais gosto.
O show de sábado, beneficiado pelo ambiente pequeno, que
traz a banda para mais perto do público, e pela qualidade do som, cristalino,
foi perfeito. Comecei vendo de trás, na tranqüilidade, mas só senti mesmo a
pulsação da coisa quando resolvi adentrar a arena em que se transformou a
frente do palco – lá atrás o volume estava chegando um pouco baixo. O choque
dos corpos em transe conduzido pelos “blast beats” em ritmo de britadeira do
baterista Max amplifica a intensidade da musica, conduzida com uma precisão
impressionante pelo trio. Outro nível, definitivamente – anos e anos de turnês
ao redor do mundo fazem toda a diferença, sempre!
Sei que vai soar injusto, mas não vou conseguir destacar
nenhuma composição própria da banda, pelo motivo descrito acima: sempre os
acompanhei um pouco à distancia. Muito por conta disso, mas também fazendo
justiça ao que de fato aconteceu – clássico é clássico, afinal – devo dizer que
o ápice, o momento da grande catarse, foi quando eles tocaram a mais
devastadora versão de “Black Metal”, do Venon, que eu jamais imaginei um dia
ter a oportunidade de ouvir. Chega a ser constrangedora a comparação com a
gravação original. Ali, naquela palhetada precisa e vigorosa de Moyses, o
potencial daquele riff antológico se apresenta em toda a sua glória. Impossível
não erguer os punhos e gritar triunfante “lay down your souls to the gods rock
'n roll”. SALVE OS DEUSES DO INFERNO KRONOS, MANTAS E ABADDON! Aquele momento
em que você desce do alto de seus quarenta e alguns anos de idade e volta,
repentinamente, à adolescência, nos anos 1980 ...
Tocaram ainda “No Class”, do Motorhead, e encerraram o show
com menos de duas horas de apresentação, mas em grande estilo, com direito à
faixa título do primeiro álbum, “Black Force Domain”, e um “stage dive” do
vocalista/baixista Alex Camargo, como que comprovando o que ele dizia a todo
momento, entre uma música e outra, sempre que o público fazia coro gritando o
nome da banda: que aquela era uma noite especial e que ele nunca iria esquecer.
Foi, certamente, a melhor das três passagens do Krisiun por aqui – a última
havia acontecido no Gonzagão e a primeira foi há muito tempo atrás, numa
galáxia muito distante – o Vasco Esporte Clube, na região do mercado central,
com produção da saudosa Destruction productions e sonorização by “Paquito” –
“Tá CD!!!”.
O público também prestigiou não em tão grande número mas com
entusiasmo as bandas locais de abertura, Sign of Hate e [maua]. A primeira tem,
por sinal, no Krisiun uma de suas principais influências. Para a apresentação
de sábado contaram com o reforço de seu excelente ex-vocalista, infelizmente
apenas numa participação especial – uma pena, pensei que ele havia voltado à
banda. Já a [maua] faz um som híbrido, cheio de “groove” e influenciado pelo
chamado “nu metal”. Têm na competência de seus músicos e no carisma de seu
vocalista, Ericão, suas principais virtudes. Estão sempre evoluindo, apesar das
constantes mudanças de formação. Merecem, NO MÍNIMO, o respeito de todos, mesmo
daqueles com um gosto musical mais ortodoxo ...
Em todo o caso, foi antológico ver aquele evento acontecendo
ali.
O mundo, realmente, dá voltas ...
A
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