Melancolia, de Lars Von Trier - Justine (Kirsten Dunst) deveria estar feliz. É o que se espera de uma moça bonita na noite de seu casamento com um verdadeiro Deus (ou vampiro) nórdico – Eric, de True Blood! Ou melhor, o ator Alexander Skarsgaard, que aqui, se não impressiona, também não compromete. É o que espera, principalmente, sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg), que bancou a festança com o dinheiro do marido, Jack Bower, perdão, John (Kiefer Sutherland).
Mas Justine não está feliz, e nem ela parece saber exatamente o porque. Está enferma daquela tristeza profunda que se convencionou catalogar como uma doença e chamar de “depressão”. Muito por conta disto, e também por causa do comportamento inconveniente de sua mãe, amarga e rancorosa, e de seu pai, um bonachão divertido porém igualmente inconveniente, o que estava programado para ser uma noite feliz transcorre num clima bastante parecido com o de “Festa de Famíla”, filme de Thomas Vinterberg que inaugurou o Movimento “Dogma 95”. Há, também, uma interessante subtrama que explora com ironia e nonsense o mundo da publicidade.
A noite passa, a união não se consuma e Justine segue como um estorvo, hospedada na casa da família de sua irmã. Ficamos sabendo, então, que estão todos esperando pela passagem do planeta “Melancolia”, que se aproxima da terra mas, dizem os astrônomos, não se chocará contra nosso amado planetinha azul. Claire tem lá suas dúvidas, mas é tranqüilizada por seu marido, que é também astrônomo, mesmo que amador. John, muito pelo contrário, está empolgado com a oportunidade única de presenciar, em toda a sua majestade, este raríssimo evento cósmico, que se revela em todo o seu esplendor já na abertura do filme, uma belíssima colagem de imagens que funciona como uma espécie de resumo do enredo embalado pela ópera “Tristão e Isolda”.
E é isso, leitor: o fim do mundo ao som de Richard Wagner. Não poderia pensar em trilha sonora mais apropriada. Justine, como era de se esperar de uma pessoa imersa em depressão, não está nem aí. Ou mais: parece resignada e até mesmo feliz pelo fim da raça humana. Já Claire está desesperada por salvar a si mesma e, principalmente, a seu filho. O marido, lembrem-se, é Jack Bower: ele é capaz de cuidar de si próprio. Ou não ...
Um monte de gente viu um monte de coisas, metáforas e mais metáforas, por trás desta nova e polêmica (pela forma com que foi lançado, em Cannes) obra de Lars Von Trier. Outros tantos a acharam vazia, sem contrúdo. Bonitinho, mas ordinário. Eu vi um filme com imagens belíssimas e um clima de profunda ... melancolia. Não sei muito bem o que o diretor quis dizer, e não sei se tenho interesse em saber. Muito provavelmente a mensagem por trás de tudo é na verdade bem simples: a vida não tem sentido.
Ah, importante: Kirsten Dunst aparece nua. Nu frontal, mesmo que à distância.
Bom.
Contágio, de Steven Soderbergh – Brilhante descrição do que provavelmente ocorreria ao mundo caso um vírus infeccioso saísse do controle e ameaçasse a própria existência humana. Impressionante como o diretor consegue montar um imenso mosaico que mostra a reação à praga por todo o planeta através dos mais diversos personagens, sem perder o fio da meada e ainda desenvolvendo satisfatoriamente a personalidade de cada um. Mostra, também, o trabalho realizado diuturnamente por profissionais das agencias de controle governamentais com realismo e sem alarmismos, correria ou superficialidade. Além, muito alem do “cinema catástrofe” rasteiro hollywoodyano. Um exercício de estilo.
Ótimo.
Balada do Amor e do ódio, de Alex de La Iglesia – Fiquei tão feliz por ter, finalmente, a oportunidade de ver um filme do espanhol/Basco Alex De La Iglesia* na tela grande aqui em nossa província que, tendo deixado para o que eu achei que seria o último dia de exibição, fiz um esforço para estar no cinema numa quinta-feira, às 2 da tarde! E saí decepcionado ...
Não sei bem o que aconteceu, mas desconfio: o diretor parece ter acreditado demais no próprio talento e errou a mão na excentricidade. Tudo começa muito bem, com imagens de documentário sobre a Guerra civil espanhola misturadas a uma divertida cena em que tropas republicanas (e não as do fascista Franco, uma ótima sacada para evitar o maniqueísmo) invadem um circo para recrutar à força novos soldados. Daí pra frente o que se vê é um verdadeiro samba do crioulo doido com um enredo totalmente inverossímil, beirando o surrealismo e caindo de cabeça na escatologia, sobre um triangulo amoroso improvável entre um sádico, uma masoquista e seu auto-intitulado “salvador”, um personagem caricato e sem carisma pelo qual eu, sinceramente, não consegui sentir a menor empatia (era o caso? Nem sei). Salva-se, apenas, a bela fotografia, especialmente na sequencia final, cuja locação é em uma espécie de santuário construído pelo governo fascista em homenagem aos seus mortos da guerra civil. Visualmente arrebatador, mas conceitualmente confuso.
Ruim.
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* Os outros filmes que vi de Alex de La Iglesia:
Accion Mutante (1993) – No ano de 2012, um grupo terrorista auto-intitulado “Ação mutante”, cujos membros são seres deformados, deficientes físicos e, claro, mutantes, luta contra o domínio dos ricos e bonitos – a classe dominante. Primeiro longa-metragem do diretor, uma mistura de ficção, ação, horror e comédia. Começou com o pé direito. É ótimo.
El Dia de La Bestia (1995) – Excelente comédia de humor negro que narra as aventuras e, principalmente, desventuras, de um padre católico à procura do capeta para tentar evitar o nascimento do anticristo. Para tanto, ele freqüenta lojas de discos especializadas em rock satânico e participa de uma hilária invocação do tinhoso. O final, que tem como locação um famoso cartão postal de Madri, é apoteótico, uma marca resgistrada dos filmes de De La Iglesia. Cult movie total.
Perdita Durango (1997) – Um coquetel explosivo de humor negro, sexo e ação, claramente inspirado nos filmes de Russ Meyer. Uma mulher ensandecida, Perdita Durango, e seu namorado assassino, Romeo Dolorosa, ambos mexicanos, seqüestram um casal de adolescentes americanos de classe média e embarcam com eles numa tour de force pelo lado escuro do “sonho americano”, baseado no individualismo e na busca pelo sucesso (leia-se ganhar dinheiro a qualquer custo). Participações mais que especiais de Alex Cox e Screamin´ Jay Hawkins.
A Comunidade (2000) – Já na abertura temos a pra lá de inusitada imagem de Darth Vader se masturbando enquanto observa, por um binóculo, sua vizinha trocando de roupa. Não é o famoso vilão, claro, é alguém fantasiado, mas a cena dá o tom do que vem a seguir: uma deliciosa mistura de Hitchcock com Polanski nas atrapalhadas tentativas de uma imobiliária gaiata, vivida pela excelente Carmem Maura, de se apossar da fortuna deixada por um inquilino recluso, recém falecido. Foi o maior sucesso de publico e crítica do diretor na Espanha, merecidamente. Divertidíssimo.
800 Balas (2002) – Já este aqui é mais fraquinho, embora ainda bom. É uma bela homenagem aos “westerns” que conta a história de um dublê aposentado que comanda um show temático para turistas numa decrépita cidade cenográfica na Almeria, região da Espanha notória pelos Spaghetti Westerns. Seu dia a dia de bebedeiras com os companheiros de elenco é abalado pela chegada inesperada do seu neto Carlos (Luis Castro), que fugiu de casa. A surpresa leva Julian a encarar a parte sombria de seu passado: a morte do filho, também dublê, durante uma filmagem. Laura (Carmen Maura), sua ex-nora e uma poderosa empresária do ramo imobiliário, entra em conflito com Julián, armando uma vingança que levará os falsos caubóis a uma luta de verdade. É provavelmente o filme mais “leve” do diretor, com um clima de “Sessão da tarde”, mas isso não significa que ele tenha deixado para trás suas obsessões: personagens bizarros, perdedores e outsiders permeiam toda a narrativa. O humor negro também marca forte presença, embora sem os momentos grotescos de suas obras anteriores. ( esta resenha contou com a colaboração involuntária de Cesar Almeida - http://diadafuria.wordpress.com/2009/07/25/800-balas-2002-alex-de-la-iglesia/ )
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A pele que habito, de Pedro Almodóvar – Outro diretor espanhol resolveu investir num enredo que beira a bizarrice, só que desta vez com um resultado bem mais interessante: “A pele que habito”, nova película do consagrado Almodóvar, parece, por sua temática, com um filme de David Cronemberg, o papa do absurdo. Trata-se da história de uma espécie de Dr. Frankenstein moderno, vivido por Antonio Banderas, que mantem uma mulher em cativeiro com o objetivo de tranformá-la numa cobaia de experimentos genéticos com vias ao desenvolvimento de uma pele artificial. Com o desenrolar da trama, no entanto, descobrimos que os planos do cientista maluco vão além, muito além, em ousadia, crueldade e insanidade.
Se no conteúdo lembra Cronemberg, na forma é puro Almodóvar – um pouco mais contido e menos “kitsch”, talvez, mas o estilo está lá, carimbado em cada frame. Bem mais sério que o habitual, mas ainda com algumas pitadas de humor negro, especialmente durante a aparição do meio-irmão fantasiado de tigre. O ponto fraco, a atuação de Antonio Banderas, que parece um tanto quanto desconfortável num papel tão diferente de seu habital, não compromete o resultado final, que é surpreendente. Um filme perturbador, que mexe com alguns dos maiores medos do universo masculino.
Excelente.
Gainsbourg – O Homem que amava as mulheres, de Joann Sfar – Brilhante cinebiografia do cantor e compositor francês contada em clima de conto de fadas, com a utilização na medida certa de alegorias representadas por imagens e personagens fantasiosos. Uma vida que há tempos pedia para ser contada, aliás: seu protagonista namorou algumas das mulheres mais lindas de seu tempo, especialmente Brigitte Bardot, A diva do cinema europeu, e Jane Birkin, com quem teve dois filhos e gravou vários discos. É dela a voz que geme na antológica “Je t'aime moi non plus”, muito embora não tenha sido ela a musa inspiradora da canção. Foi Bardot, que chegou a gravar, mas se recusou a lançar. A presença da musa, muito bem vivida por Laetitia Casta (não consigo imaginar um elogio maior à beleza de uma mulher do que convidá-la para interpretar Brigitte Bardot), é fonte de alguns dos momentos mais engraçados do filme, cuja narrativa fluente visita os principais episódios da conturbada trajetória do compositor, sempre polêmico: seu primeiro enfarto, ao qual reagiu declarando à imprensa que iria tratar bebendo e fumando ainda mais; a “musica do pirulito” de teor obviamente dúbio que ele convenceu a cantora adolescente France Gall a cantar; “nazi rock”, canção que conta a história de soldados da SS vestidos como drag queens dançando durante a “Noite das Facas Longas” e é a faixa de abertura “Rock Around the Bunker", um álbum com um conceito otimista sobre a Alemanha nazista; e sua versão “reggae” para “A Marselhesa”, o hino da França. Surpreendente estréia do diretor Joann Sfar, autor consagrado de Histórias em quadrinhos, com brilhante interpretação de Eric Elmonsino no papel principal.
Excelente.
Vincere, de Marco Bellocchio – Drama italiano que aborda o martírio de uma suposta amante de Benito Mussolini. É baseado em fatos reais, já que a personagem retratada, Ida Dalser, realmente existiu e morreu jurando dizer a verdade, mesmo que internada num hospício - que não deixa de ser irônico, já que a Italia inteira era um hospício, na época. Ao acompanhar suas tentativas frustradas e cada vez mais desesperadas de reconhecimento da paternidade do filho, somos apresentados a um riquíssimo pano de fundo histórico com reconstituições de época soberbas ao lado de imagens de arquivo que exploram a relação frequentemente conflituosa entre igreja e estado na Itália, nação que abriga em seu seio a sede da Igreja Católica apostólica romana.
Há, felizmente, alguns bons alívios cômicos, como a cena em que o filho bastardo imita, com perfeição, os trejeitos patéticos de seu pai, o fundador do fascismo. As próprias imagens de arquivo de Mussolini são, por si só, engraçadíssimas. Era um palhaço, sem sombra de dúvidas. Pena que tenha contado uma piada tão sem graça ...
Bom.
Meia-noite em Paris, de Woody Allen – Interessante o sucesso deste filme de Woody Allen. Não que o diretor esteja em decadência criativa, muito pelo contrário: a maioria dos críticos parece concordar que ele espantou uma suposta má fase depois que passou a filmar longe de sua onipresente cidade natal, Nova Iorque. O que me impressionou é que o filme fez sucesso MESMO, para além dos habituais apreciadores de sua obra que, se não são poucos, há tempos também não são o suficiente para garantir mais que duas ou três semanas de exibição – e, pelo menos aqui em Aracaju, desta vez foram várias.
Digo isto porque a trama se baseia, principalmente, na exaltação de um passado romântico da cidade luz representado, principalmente, pela efervescência cultural na esfera da chamada “grande arte”, longe dos folhetins e enlatados com os quais o personagem principal é forçado a lidar. Isso levaria a crer que quem não conhece a fundo a obra de nomes como os de F. Scott Fiztgerald, Ernest Hemingway e Pablo Picasso ficaria “boiando” durante a projeção. Não foi o que aconteceu, e fico feliz com isso. Espero que eu tenha cometido o erro de subestimar o estofo cultural das pessoas aqui neste nosso Brasil varonil, mas o que parece ter acontecido , na verdade, foi que o diretor conseguiu passar sua mensagem para além do background intelectual, numa comedia romântica leve e divertida acessível ao gosto popular. Não acho que seja, nem de longe, um dos melhores filmes do Woody, mas é, certamente muito bom. Como (quase) sempre.
Ótimo.
Super 8, de J. J. Abrams – Filme correto, bonito até. Uma bela homenagem a uma época lúdica do cinema, aquela em que produções como “Contatos imediatos do terceiro grau”, “Goonies” e “ET, o extra-terrestre” encantavam a todos com sua evocação dos tempos de descoberta daquela fase em que a gente está deixando de ser acriança e entrando na adolescência. Mas devo confessar, sob pena de ser taxado de insensível, que nunca fui lá muito fã deste tipo de filme. Acho legal, mas nada demais. Sessão da tarde. No caso dos dirigidos por Spilberg, o que me incomodava mais era a pieguice (eu odeio o garoto Elliot, o amiguinho do ET), o que, aqui, não é o caso. O caso, aqui, é que o filme talvez seja “americano” demais. Hollywood demais. Lida bem com os inevitáveis clichês, mas não consegue escapar de carregar em sua essência um que de enlatado, fato agravado, possivelmente, pelo “background” do diretor, que faz sucesso com séries de TV. Não deixa de ser bom mas, pelo menos pra mim, pessoalmente, não foi nada demais.
Bom.
O Homem do futuro, de Cláudio Torres – Fui enganado, mais uma vez. Não há boa vontade para com o cinema nacional que resista a esta comedia romântica fajuta travestida de superprodução hollywoodiana: a história é ruim, o roteiro é confuso, os diálogos são ridículos e Wagner Moura está péssimo no papel de um personagem bobalhão com o qual é impossível se identificar. Aline Moraes é linda e boa atriz, mas seu papel também não ajuda. Até os efeitos especiais, que prometiam ser o forte da produção, são artificiais e com um senso estético de gosto pra lá de duvidoso. É tudo ruim, enfim. Não assista, nunca, jamais.
Péssimo.
VIP´s, de Toniko Melo – Já aqui, a boa vontade foi recompensada. Fui ver este filme sem grandes pretensões, apenas por diversão, e não me arrependi. A realização, em si, não é nada demais – nem de menos. Se sustenta, basicamente, na história, e o grande trunfo, a favor, é que a história é muito boa. Baseado em fatos reais, acompanha a trajetória de um farsante que enganou a fina flor da sociedade. É um filme curioso e divertido, cheio de passagens empolgantes e, diria até, emocionantes, como na ocasião em que o personagem principal aprende a pilotar um avião “na marra” e acaba se tornando o piloto de uma quadrilha de perigosos traficantes de drogas. Não é nenhum marco na história do cinema nacional, nem precisa ser. Precisamos, também, de filmes “apenas” bons.
Bom.
Bruna Surfistinha, de Marcus Baldini – Outra produção correta, acadêmica, que se sustenta por contar uma boa história. Especialmente para quem não teve saco de ler o livro, o que é o meu caso, é no mínimo curioso acompanhar as venturas e desventuras da garota de programa mais famosa do Brasil. Deu até vontade de saber se algumas passagens mais hard core, como a que mostra seu irmão contratando seus serviços, ou a do “fundo do poço”, onde ela literalmente “passa o rodo” para arrecadar alguns trocados e sustentar o vício em cocaína, são reais. Mas para isso eu teria que ler o livro, e mais: acreditar no que está escrito lá. Não sei se é o caso pra tanto, mas sei que me diverti vendo o filme. Dentre outras coisas porque, apesar do tom melodramático na maior parte do tempo, ver Deborah Secco, que é bem mais bonita que a Raquel Pacheco original e está em ótima forma física, seminua e de quatro recebendo por trás é uma visão, digamos, estimulante.
Detalhe: eu conheci o Blog da Bruna Surfistinha antes da fama, por indicação de meu camarada Panço. Achei realmente diferente, nunca tinha visto nada parecido, mas chato. As descrições das transas eram extremamente burocráticas.
Bom.
Capitães da Areia, de Cecília Amado – Horrível adaptação para o cinema de um dos maiores e mais queridos clássicos da literatura brasileira. E o pior é que foi “cometido” pela própria neta do escritor Jorge Amado. Pouca coisa se salva aqui. Apenas a fotografia, talvez, embora, apesar de bonita, está longe de ser arrebatadora. Nada demais. A montagem corrida baseada na pra lá de saturada estética de videoclipe atropela completamente a história, que vai avançando aos solavancos através de uma montagem aparentemente inexistente (dá até a impressão que alguém foi picotando e colando as partes do filme aleatoriamente) e de interpretações sofríveis do elenco amador ao som de uma trilha “axé do crioulo doido” assinada por Carlinhos Brown. Bom ator, mesmo, só Jordan Mateus, mas seu personagem, Boa Vida, tem participação secundária.
Não veja o filme! Jamais ouça o disco! Leia o livro.
Lamentável.
Rio 3D, de Carlos Saldanha – Não sei se foi má vontade minha, mas acho que não, já que fui ver o filme justamente em busca de diversão, para dar uma arejada na cabeça atormentada por alguns problemas aparentemente insolúveis. O fato é que não vi muita graça não. É clichê demais pro meu gosto. Gostei do visual e dos efeitos em 3D, muito bem utilizados, e só. Nem é tão pouco, eu sei, mas esperava mais, muito mais. Esperava, no mínimo, algo no nível da série “A Era do gelo”, que eu acho divertidíssima. Fica pra próxima.
Razoável.
Planeta dos Macacos – A origem, de Rupert Wyatt – Tudo parece funcionar bem nesta fábula de ficção científica que tenta fornecer uma origem mais verossímil para a famosa saga cinematográfica dos símios, mas falta alguma coisa. É tudo meio frio, explicadinho demais. Não chega a ser ruim, mas está longe de ser arrebatador. Os efeitos de captura de movimentos, em especial, estão perfeitos – é quase impossível diferenciar os macacos evoluídos dos animais de verdade, a não ser pelos comportamentos e expressões faciais que denunciam sua crescente racionalidade, especialmente no personagem principal, o macaco Caesar. Já os personagens humanos são, paradoxalmente, um tanto quanto artificiais, desinteressantes, desprovidos de carisma. O filme também carrega demais no tom dramático - um pouco mais de ação cairia bem. Em todo caso, a batalha final, na ponte Golden Gate, é divertida e muito bem realizada. É um bom “prequel”, dá vontade de ver o que vem a seguir, embora o filme (outro mérito) em nenhum momento pareça desesperado por continuações ou sequências.
Bom.
X-Men, – primeira classe, de Matthew Vaughn – O filme é bom, claro. Muito bom, até, eu diria. Mas porra: EU NÃO AGUENTO MAIS FILMES DE SUPER-HERÓI! Simples assim. E olha que sou leitor de quadrinhos desde a mais tenra idade – desde antes de aprender a ler, na verdade - ficava fascinado folheando as revistas e tentando entender o enredo através das imagens.
Que dizer? Boas atuações, bons personagens, bom design de produção, excelentes efeitos especiais, mas aquela velha história de sempre, com o agravante dos melodramas pessoais, que já foram o ponto forte dos X-Men, mas que já deram o que tinham que dar. Pelo menos escapa um pouco (só um pouco) do maniqueísmo, com Magneto, um vilão cheio de bons motivos para ser “do mal”.
Ou não.
Bom.
Lanterna Verde 3D, de Martin Campbell – As cenas no espaço, no planeta dos lanternas verdes, com aquela variadíssima fauna de seres alienígenas, são muito boas, mas são insuficientes para sustentar o filme, que se agarra mesmo a uma trama capenga e totalmente clicherosa baseada no manjado mocinho problemático apaixonado pela mocinha boazinha e atormentado pelo vilão falastrão. E claro, é mais um filme baseado em quadrinhos de super-herói, o filão que Hollywood vem explorando há anos e já demonstrou evidentes sinais de exaustão.
Fraco.
Thor 3D, de Kenneth Brannagh – Se eu não aguento mais filmes de super-herói, porque ainda vou vê-los? Boa pergunta ... Deve ser por causa da programação dos cinemas aqui em Aracaju, que não oferecem tantas opções. Este aqui até que está um pouco acima da média, apesar de ainda repleto de clichês, especialmente no caso dos relacionamentos amorosos. O visual de Asgard, como um todo, é muito bom. Já o 3D é fraquíssimo, só funciona mesmo nas cenas em que aparece a célebre ponte do arco-íris. O ator que faz Thor é adequado, o que fez Lóki está ótimo, e Odin é Anthony Hopkins. Mas Natalie Portman, quase sempre excelente, desta vez tem seu talento desperdiçado num personagem ruim.
Bom.
A.
A.
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