Só comecei a curtir pra valer o show quando resolvi ir pra frente do palco: aí sim, o couro estava comendo. Eles perderam um pouco do peso, mas ganharam MUITO em qualidade desde a última apresentação que eu vi - e olha que já eram bons pra cacete!. Impressionante a riqueza de detalhes dos arranjos das músicas que fazem parte do impecável “Godofredo”, primeiro disco dos caras, à venda na barraquinha do incansável André Teixeira a módicos 15 reais. Vale ressaltar que o disquinho vem embalado num formato diferenciado, lembrando um compacto de vinil, o que enriquece as artes da capa e do encarte, de autoria do sergipano Duardo Costa – guitarrista da banda, aliás.
Voltando ao palco: descontando-se os percalços, foi uma ótima apresentação, com os músicos afiadíssimos e “viajando” em longos trechos de músicas com cara de Jam sessions que beiram a psicodelia. Com direito, inclusive, a uma estilosa bateria transparente com luzes coloridas que, me falaram, eles trouxeram de Salvador especialmente para o show. Quanto ao fato de o volume do som estar estupidamente baixo e a banda ter sido aparentemente pressionada pela produção (intimada, ouvi dizer, pela Polícia Ambiental) a acabar logo sua apresentação, o que não dá pra entender é porque este tipo de coisa acontece num evento devidamente autorizado pela prefeitura e com a impressionante lista de apoiadores/patrocinadores presente no cartaz de divulgação - especialmente por constar nele a marca do governo do estado, o que dá a entender que há algum respaldo "oficial". Ressalto que não sei se foi realmente este o motivo, mas caso tenha sido, não se justifica, já que há poucos dias a também baiana Ivete Sangalo havia aportado ali pertinho com seu megaespetáculo de gosto pra lá de duvidoso “Ao Vivo No Madison Square Garden”. Deve ser porque ela é Ivete, ela pode. Coisas de (Bu)racaju ...
As outras atrações da noite, pelo menos, não parecem ter tido o mesmo problema: tocaram em alto e bom som. E foram grandes atrações. Tudo começou com o som climático da Coutto e Orquestra de Cabeça. Primeiro show dos caras. Do que consegui assimilar, gostei. Na sequencia, Casa Forte e seu rock instrumental vigoroso e consistente. Antes da Vendo, o Ferraro Trio, que navega com classe e desenvoltura naquela frágil linha divisória que separa os estilos musicais, ora soando rock, ora jazz, ora soul, mas sempre com muita propriedade e personalidade. É uma das melhores bandas em atividade na cidade atualmente, sem sombra de dúvidas.
por Adelvan
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