“Watchmen” foi um salto e tanto, sem sombra de dúvidas. Do ponto de vista comercial, inclusive, um salto maior que as pernas. Artisticamente, no entanto, é um triunfo. Mas seu grande triunfo acaba de estrear nas telas do cinema: “Sucker Punch – Mundo surreal”. Um triunfo principalmente por não se tratar de uma adaptação de nenhuma obra alheia. É um projeto pessoal do cineasta, um assumido fetichista fissurado por cultura pop, a exemplo de outros grandes de nosso tempo, notadamente Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
No caldeirão inflamável de Sucker punch cabe um pouco de tudo: mangás, quadrinhos, ficção científica, fantasia a la “O Senhor dos Anéis”, metalinguagem e jogos mentais. A mistura corria o sério risco de ser indigesta, apesar das imagens preliminares prometerem - vide o exemplo de “Capitão Sky”, que também prometeu muito mas no final entregou pouco mais do que um visual deslumbrante embrulhando um filme sem ritmo nem conteúdo. Não saberia dizer com certeza se “Sucker punch” é um filme “com conteúdo” já que, apesar do sofisticado amálgama entre fantasia e realidade, não há nenhuma metáfora ou mensagem subliminar que nos leve a alguma reflexão mais profunda sobre qualquer assunto. Tampouco as (muitas) idéias mostradas durante a projeção são originais – é tudo meio que uma reciclagem de um monte de situações já vistas na tela grande. Mas posso afirmar sem medo de errar que é eletrizante e divertido do princípio ao fim. A personagem principal, Baby Doll, é interpretada pela garotinha, já não tão “inha”, que enfrentou Jim Carey em “Desventuras em série”, e manda surpreendentemente bem nas cenas de ação – muito bem coreografadas e magnificamente filmadas. Deixa a desejar nas passagens mais dramáticas, mas nada que comprometa o resultado final. Ou é isso ou fui eu que fiquei hipnotizado pelo desfile de beldades armadas e bem vestidas mandando ver contra ogros, andróides, samurais gigantes e soldados zumbis em cenários que lembram, respectivamente, cenas de fantasia, ficção científica, artes marciais e filmes “de guerra”. Tudo conduzido por um ritmo perfeito e um esmerado trabalho de edição, figurino e direção de arte. Um daqueles filmes para ser visto, definitivamente, no cinema, e revisto infinitas vezes em DVD ou Blue Ray no conforto do lar, de preferência rodeado de amigos e de muita pipoca. Se os amigos forem também dementes punheteiros daqueles que fazem comentários sem noção sempre que uma gostosa detona algum personagem bizarro, melhor ainda: a diversão virá em dobro.
por Adelvan kenobi
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