O Jason "voltou", mas Leonardo "Panço" saiu. Seria apenas mais uma mudança de formação nesta banda que é, antes de tudo, um grupo de amigos unidos em torno de uma (uma? Várias!) idéia. Seria, caso Panço não tivesse se convertido, "quase sem querer", na "cara" da banda, ao manter o grupo em circulação pelo Brasil e pelo mundo - passando várias vezes, inclusive, pelo nordeste brasileiro, outrora sempre esquecido. E se o nordeste já não é mais tão esquecido pelas bandas "underground" em turnê, boa parte da "culpa" é justamente deles, que sempre nos incluíram sistematicamente em seus "gigs". O Jason sempre se arriscou "fora do eixo", muito antes deste termo cair "na boca do povo", o que é apenas mais um entre os muitos méritos que esses caras têm. O Blog do programa de rock publicou a entrevista abaixo há pouco mais de um mês. Republico-a acrecida de fotos fresquinhas extraídas do facebook com a banda, finalmente, em estúdio.
Abaixo, uma entrevista inédita e fresquinha, materializada há apenas alguns minutos em minha página de recados do Facebook:
programa de rock: Fui recentemente surpreendido pela notícia de que o Jason tinha voltado com a formação “quase” original, com Vital e Floq, o que me fez notar que eu não sei qual foi, afinal, a formação “original” do Jason, a primeira, a que começou tudo, as primeiras composições e tal. Qual foi ? Rafael Ramos era um membro “oficial” do Jason ? Ele foi o primeiro baterista ou era apenas um “convidado”?
Flock: Você tem razão em chamar de formação "quase" original, pois o Rafael foi da banda e gravou os dois primeiros discos comigo, Vital e Panço. Só que o atual baterista, de Souza, está há tanto tempo no Jason que o efeito foi de "retomada" mesmo.
programa de rock: Em todo caso, digam aí vocês: como foi que surgiu essa idéia de voltar ao trio dos princípios, Panço, Flock e Vital? Foi o que, saudade, mais tempo disponível ou apenas uma conjunção astral favorável?
Flock: Eu já estava falando aos quatro ventos que queria voltar a compôr, estava muito a fim de voltar a fazer música e tal. Um belo dia encontrei numa mesa de bar o Panço e o Carlos Fialho - que estava no Rio e parece mesmo gostar do Jason -, quando o assunto surgiu. Não lembro exatamente o que o Fialho disse, mas quando soube que o Vital também estava a fim, saí daquela mesa certo de que voltaria à banda.
de Souza: O Vital e o Flock, mesmo fora da banda, sempre estiveram fortemente ligados ao Jason. Eu entrei na banda em 2002, e em grande parte deste tempo até hoje, já não tinha nenhum dos dois oficialmente. Saí em 2007, e fiquei mais ou menos um ano fora. Depois voltei, mas rolaram apenas alguns poucos shows esporádicos, ainda com uma outra formação. Não tínhamos ritmo de banda ativa, e também nenhuma perspectiva pra que esse ritmo voltasse. A volta dos dois é que alavancou novamente as minhas pretensões de voltar a fazer música.
programa de rock:Quais shows fizeram recentemente, e como foi ? Foi bom pra vocês ? parece ter sido bom para o público ?
de Souza: Desde que retomamos, estabelecemos o foco na criação em detrimento das apresentações ao vivo. Todos nós temos nossos compromissos extra-banda, e fica difícil querer fazer tudo ao mesmo tempo. Portanto foram poucos shows nesse período. Abrimos pro RDP no Teatro Odisséia, tocamos no Circo Voador, Resende e Barra Mansa, no interior do RJ, São José dos Campos (SP) e gravamos o Estúdio Oi Novo Som. Todos eles foram muito bons pra todas as partes envolvidas.
programa de rock: Mais surpreso ainda fiquei com a saída do Panço, ele deu alguma explicação que possa ser compartilhada com o público ? Se propôs a continuar colaborando com a banda sempre que solicitado, assim como Vital e Flock sempre colaboraram ?
Vital: Assim que a gente começou a fazer músicas novas, ele saiu. Ele alegou estar se aposentando desse lance de banda. Então pressupomos que futuras colaborações dele não façam muito sentido.
Flock: A situação agora é totalmente diferente da época do "Regressão", quando o Vital cantou e eu fiz as letras. Agora somos uma banda de volta ao estúdio, discutindo música diariamente, compartilhando arquivos, enfim, criando. Somos auto-suficientes.
De Souza: Exceto pelos que estiveram envolvidos nos discos, o Jason sempre teve uma certa rotatividade de integrantes, e os que optavam por sair, eram substituídos. Dessa vez será da mesma forma. Mas no momento estamos preocupados apenas em continuarmos os 3 compondo, que era o que já vinha acontecendo há algum tempo.
programa de rock: Quem de vocês se dispõe a assumir as funções, digamos, “burocráticas” (marcar show, manter contato, dar entrevista) que geralmente era o panço que fazia ?
Vital: A única coisa que estamos nos preocupando agora é seguir compondo. Não paramos de ensaiar, nossa rotina seguiu normalmente. Calhou que somos três caras muito a fim de criar, de fazer música. Isso afinal é a única coisa que importa de verdade. Depois que o material estiver pronto, vamos ver como rola todo o resto. Sem atropelos.
Flock: Eu não incluiria dar entrevistas como burocracia, sempre fiz com prazer enquanto tive banda, inclusive o Jason. Acho irônico eu e o Vital sermos os autores de "Imagem É Tudo, Sua Cabeça Não Tem Nada" e agora precisarmos vincular nossa imagem à nossa própria banda - não é fascinante? Mas isso vai acontecer naturalmente com o passar do tempo, inclusive criamos o email jasonoficial@gmail.com e reativamos os perfis da banda (facebook, twitter, orkut etc) para suprir todas as necessidades de comunicação. Está funcionando muito bem, aposto que foi fácil nos achar para responder essas perguntas, por exemplo :) (NOTA: foi facílimo)
De Souza: A gente tem procurado dividir todas as tarefas que pintam (como esta entrevista), e tentamos fazer tudo da forma mais democrática possível. Ter banda é isso aí.
programa de rock: Estão Procurando um novo guitarrista fixo ? Quais os planos de vocês para o futuro, lançar algo novo, fazer alguma turnê ? Já têm idéias para um novo disco – aliás, pretendem fazer um novo disco, um álbum (coleção de musicas) como no “passado”? Caso positivo, como pretendem lançá-lo ? O suporte físico ainda é valido ? Em que sentido ?
Vital: Como a saída do Panço pegou a gente no processo de composição, resolvemos seguir por ora como trio e continuar compondo. Os três compoem, essa parte tá indo muito bem. Se fóssemos parar agora pra procurar guitarrista, teríamos que ficar marcando ensaios-teste, tocando as músicas antigas, e isso iria mandar o processor criativo pras picas. A gente vai ver isso de guitarrista com o material novo já adiantado.
Flock: Acho que só a indicação de alguém de confiança ou o destino ser muito benevolente fará com que um guitarrista entre na banda agora. Nossa intenção é voltar a ser um quarteto em algum momento, mas sem desespero.
Vital: Esse lance de disco físico realmente tá complicado, mas eu particularmente ainda gosto de fazer. Mais uma vez, vamos primeiro fazer as músicas e depois decidir. A gente tá tipo zen, sabe? Estamos imersos nesse lance de criar e todo o resto vai vir depois mesmo. Mas, te respondendo, claro que vamos lançar, independente do formato.
programa de rock: Como vocês vêem o cenário atual do circuito “alternativo” brasileiro e como vocês pretendem (se vão continuar, devo deduzir que pretendem) se inserir nele ? O circuito de festivais, por exemplo, noto que o jason sempre ficou um pouco à margem, especialmente neste novo momento depois da Fundação da Abrafin – pretendem tentar algum contato neste sentido ?
Vital: Quando nós estivermos prontos de pra cair na estrada de novo, vamos fazer o feijão-com-arroz normal de qualquer banda pra divulgar, espalhar, viajar, tocar. Na real eu e Flock ja fazíamos isso no Poindexter. E vou te contar um segredo: eu só voltei a ter banda pelo rock pela arte. Não tenho mais nenhuma urgência de assinar, fazer social, tirar onda, sair em jornal, ou participar de um evento "porque vai dar status", nada disso. É uma sensação de liberdade muito grande cagar solenemente pra esse tipo de coisa. Vamos fazer nossa parte, o que pintar será bem-vindo.
programa de rock: Fazendo um retrospecto da carreira da banda: Qual o melhor disco na opinião de cada um ? o que ficou de boas (e más) lembranças das muitas turnês que vocês fizeram pelo Brasil e pelo mundo?
de Souza: Gosto muito dos dois últimos, Eu Tu Denis e Regressão. Gosto também das faixas gravadas com o Glerm de vocalista, ali entre 2003 e 2006. Elas foram lançadas num split com uma banda alemã. Não estão em nenhum outro álbum nosso. Estamos tentando dar uma organizada nisso e acabamos de disponibilizar essas músicas como se fosse um EP virtual, chamado Verde, que pode ser ouvido/baixado em http://tramavirtual.uol.com.br/artistas/jason
Flock: Cada disco foi feito com uma intenção e todos foram bem-sucedidos dentro da sua lógica interna. Esbarramos em questões de produção em algum momento, mas a maioria das músicas que hoje ainda me dizem algo estão no Eu Tu Denis. Sobre as turnês, eu generalizo assim: quanto mais distante fui, mais boas lembranças trouxe.
programa de rock: Qual o legado que vocês acreditam que o Jason está deixando para esta entidade estranha chamada “rock brasileiro” ?
Flock: Legado é um termo bem forte, né? Sei que já estamos na história do roque pelas nossas realizações, inclusive as que estão por vir, e gosto de acreditar que a gente sirva de inspiração pra uma galera. Isso basta.
programa de rock: Algo a acrescentar ?
de Souza: Estamos sempre no jasonoficial@gmail.com e em breve lançaremos uma música inédita, com divulgação especialmente no facebook.com/jasonoficial e twitter.com/jasonoficial
Flock: Espero que a gente coma uma macaxeira de forno com você novamente. Abraço!
As fotos são de Carlos Fernando Castro
Adelvan Kenobi perguntou
Jason respondeu
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