
Agora é fiscalizar e cobrar.
A luta continua.
Claro que a campanha fascistóide de José Serra não iria desperdiçar a oportunidade de faturar, hipocritamente, em cima do fato. No programa de radio de hoje, o último antes da eleição, foi passada a seguinte mensagem: "O discurso do papa Bento XVI para os bispos é uma reflexão sobre o direito à vida e sobre a responsabilidade, a transparência das idéias e dos compromissos dos homens públicos. O governante tem que ter uma palavra hoje e a mesma palavra amanhã. Principalmente, quando se trata de problemas fundamentais como o aborto. A palavra do papa é uma palavra de amor à vida".
Inacreditável . É até interessante de se observar como o PT e o PSDB se repelem: quanto mais o primeiro faz movimentos à direita e se afasta do socialismo, assumindo uma postura mais próxima da social-democracia, mais o segundo corre para os braços da extrema direita. A hipocrisia se torna ainda mais escandalosa ao se saber do fato de que a própria mulher de Serra, aquela mesma que foi flagrada dizendo para uma eleitora que Dilma Roussef é a favor do “assassinato de criancinhas”, já praticou um aborto. O fato veio à tona através do depoimento de uma ex-aluna dela, indignada, na internet (veja texto abaixo). Trata-se, evidentemente, de uma discussão complexa reduzida a uma equação simplista e emburrecedora. Quem, em sã consciência, pode ser a favor do aborto ? É evidente que a prevenção com relação à contracepção é um método infinitamente mais racional e saudável para todos, inclusive para as próprias mulheres, tendo em vista o processo traumático, fisica e psicologicamente falando, que o ato abortivo em si provoca. O que se espera, em nome do bom senso, é que, uma vez feito o estrago, o estado, ao invés de ameaçar punir com prisão a autora do suposto “crime”, salve sua vida e instrua-a para que a mesma não incorra no mesmo erro. É lamentável ver o candidato José Serra, que já foi tido como o melhor Ministro da Saúde que este país já teve, assumir uma postura tão retrógrada com relação a este tema. Uma mancha que será difícil de apagar de sua biografia. Espero, sinceramente, que essa merda vomitada pelo primeiro mandatário da Igreja católica, a mesma que ostenta o dogma da infalibilidade, por ser supostamente porta-voz da palavra de Deus, mas que já teve que pedir desculpas por uma série de erros do passado, como ter defendido a escravidão (se justificava, segundo o vaticano, pelo fato de índios e pretos não serem seres humanos, mas bestas) e a perseguição aos judeus, não interfira no resultado das eleições ao ponto de provocar uma vitória do Sr. Burns.
Seria uma tragédia.
por Adelvan
* * *
O desempenho do presidenciável tucano, José Serra, no debate do último domingo pela TV Bandeirantes, foi a gota d’água para uma eleitora brasileira. O silêncio do candidato diante da reclamação formulada pela adversária, Dilma Rousseff (PT) – de que fora acusada pela mulher dele, a ex-bailarina e psicoterapeuta Sylvia Monica Allende Serra, de “matar criancinhas” –, causou indignação em Sheila Canevacci Ribeiro, a ponto de levá-la até sua página em uma rede social, onde escreveu um desabafo que tende a abalar o argumento do postulante ao Palácio do Planalto acerca do tema que divide o país, no segundo turno das eleições. A coreógrafa Sheila Ribeiro relata, em um depoimento emocionado, que a ex-professora do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Monica Serra relatou às alunas da turma de 1992, em sala de aula, que foi levada a fazer um aborto “no quarto mês de gravidez”.
Em entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, na noite desta segunda-feira, Sheila deixa claro que não era partidária de Dilma ou de Serra no primeiro turno: “Votei no Plínio (de Arruda Sampaio)”, declara. Da mesma forma, esclarece ser apenas uma eleitora, com cidadania brasileira e canadense, que repudiou o ambiente de hipocrisia conduzido pelo candidato da aliança de direita, ao criminalizar um procedimento cirúrgico a que milhões de brasileiras são levadas a realizar em algum momento da vida. Sheila, durante a entrevista, lembra que no Canadá este é um serviço prestado em clínicas e hospitais do Estado, como forma de evitar a morte das mulheres que precisam recorrer à medida “drástica e contundente”, como fez questão de frisar.
No texto, intitulado “Respeitemos a dor de Mônica Serra”, Sheila Ribeiro repete a pergunta de Dilma, que ficou sem resposta:
– Se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?
Leia o texto, na íntegra:
“Respeitemos a dor de Mônica Serra
“Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Mônica Serra.
“Aqui venho deixar a minha indignação no posicionamento escorregadio de José Serra, que no debate de ontem (domingo), fazia perguntas com o intuito de fazer sua campanha na réplica, não dialogando em nenhum momento com a candidata Dilma Roussef.
“Achei impressionante que o candidato Serra evita tocar no assunto da descriminalização do aborto, evitando assim falar de saúde pública e de respeitar tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor.
“Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Mônica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Mônica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado.
“Assim, repito a pergunta corajosa de minha presidente, Dilma Roussef, que enfrenta a saúde pública cara a cara com ela: se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?
“Nesse sentido, devemos prender Mônica Serra caso seu marido seja eleito presidente?
“Pelo Brasil solidário e transparente que quero, sem ameaças, sem desmerecimento da fala do outro, com diálogo e pelo respeito à dor calada de Mônica Serra,
“VOTO DILMA”, registra, em letras maiúsculas, no texto publicado em sua página no Facebook, nesta segunda-feira, às 10h24.
Reflexão
Diante da imediata repercussão de suas palavras, Sheila acrescentou em sua página um comentário no qual afirma ser favorável “à privacidade das pessoas”.
“Inclusive da minha. Quando uma pessoa é um personagem público, ela representa muitas coisas. Escrevi uma reflexão, depois de assistir a um debate televisivo onde a figura simbólica de Mõnica Serra surgiu. Ali uma incongruência: a pessoa que lutou na ditadura e que foi vítima de repressão como mulher (com evento trágico naquele caso, pois que nem sempre o aborto é trágico quando é legalizado e normalizado) versus a mulher que luta contra a descriminalização do aborto com as frases clássicas do “estão matando as criancinhas”. Quem a Mônica Serra estaria escolhendo ser enquanto pessoa simbólica? Se é que tem escolha – foi minha pergunta.
“Muitas pessoas públicas servem-se de suas histórias como bandeiras pelos direitos humanos ou, ainda, ficam quietas quando não querem usá-las. Por isso escrevi ‘respeitemos a dor’. Para mim é: respeitemos que muita gente já lutou pra que o voto existisse e que para que cada um pudesse votar, inclusive nulo; muita monica-serra-pessoa já sofreu no Brasil e em outros países na repressão para que outras mulheres pudessem escolher o que fazer com seus corpos e muitas monicas-serras simbólicas já impediram que o aborto fosse descriminalizado.
“Muitas pessoas já foram lapidadas em praça pública por adultério e muitas outras lutaram pra que a sexualidade de cada um seja algo de direito. A minha questão é: uma pessoa que é lapidada em praça pública não faz campanha pela lapidação, então respeitemos sua dor, algo está errado. Se uma pessoa pública conta em público que foi lapidada, que foi vítima, que foi torturada, que sofreu, por motivos de repressão, esse assunto deve ser respeitadíssimo.
“Vinte por cento da população fazem abortos e esses 20% tem o direito absoluto de ter sua privacidade, no entanto quando decidem mostrar-se publicamente não entendo que estes assimilem-se ao repressor”, acrescentou a ex-aluna de Monica Serra, que teria relatado a experiência, traumática, às alunas da turma de 1992.
Exílio e ditadura
Sheila diz ainda, em seu depoimento, que “muitas pessoas querem ‘explicações” para o fato de ela declarar, publicamente, o que a ex-professora disse às suas alunas na Unicamp.
“Eu sou apenas uma pessoa, uma mulher, uma cidadã que viu um debate e que se assustou, se indignou e colocou seu ponto de vista na internet. Ao ver Dilma dizendo que Mônica falou algo sobre ‘matar criancinhas’, duvidei.
“Duvidei porque fui sua aluna e compartilhei do que ela contou, publicamente (que havia feito um aborto), em sala de aula. Eu me disse que uma pessoa que divide sua dor sobre o aborto, sobre o exílio e sobre a ditadura, não diria nunca uma atrocidade dessas, mesmo sendo da oposição. Essa afirmação de ‘criancinhas assassinadas’ é do nível do ‘comunista come criancinha’. A Mônica Serra é mais classe do que isso (e, aliás, gosto muito dela, apesar do Serra não ser meu candidato).
“Por isso, deixei claro o meu posicionamento que o aborto não pode ser considerado um crime – como não é na Itália, na França e em outros países. Nesse sentido não quero ser usada como uma ‘denunciadora de um ‘delito’. Ao contrário, estou relembrando na internet, aos meus amigos de FB (Facebook), que o aborto é uma questão complexa que envolve a todos e que, como nos países decentes, não pode ser considerado um crime – mas deve ser enfrentado como assunto de saúde.
“O Brasil tem muitos assuntos a serem tratados, vamos tratá-los com o carinho e com a delicadeza que merece.
“Agora volto ao meu trabalho”, conclui Sheila o seu relato na página da rede social.
Sem resposta
Diante da afirmativa da ex-aluna de Sylvia Monica Serra, o Correio do Brasil procurou pelo candidato, no Twitter, às 23h57:
“@joseserra_ Sr. candidato Serra. Recebemos a informação de que Dnª Monica Serra teria feito um aborto. O sr. tem como repercutir isso?”
Da mesma forma, foi encaminhado um e-mail à assessoria de imprensa e, posteriormente, um contato telefônico com o comitê de Serra, em São Paulo. Até o fechamento desta matéria, às 1239h desta quarta-feira, porém, não houve qualquer resposta à pergunta. O candidato, a exemplo do debate com a candidata petista, novamente optou pelo silêncio.
Fonte: Correio do Brasil
De acordo com o texto, o presidente Luis Inácio Lula da Silva tripudiou, durante encontro com o candidato eleito ao Senado, Eunício Oliveira (PMDB), a derrota do senador Tasso Jereissati (PSDB) e da vereadora Heleoísa Helena (PSol). As declarações de Lula repercutiram na imprensa nacional. Segundo informações do portal, ao receber Eunício, Lula foi logo dando as boas vindas, e exclamou: “Está aqui o senador que derrotou o Tasso Jereissati!”
Em outro momento, durante o café da manhã com a base aliada, Lula também festejou a derrota de Heloisa Helena (PSOL): “Quero dizer que estou particularmente satisfeito com a derrota da Heloísa Helena. Alagoas para mim foi uma das eleições mais importantes.”
Tasso Jereissati foi derrotado pelos deputados federais Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), que conquistaram 2,6 milhões e 2,3 milhões de votos, respectivamente. O tucano, que governou o Ceará por três mandatos, obteve 1,7 milhão de votos.
A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) perdeu a eleição para o Senado em Alagoas, onde enfrentou uma campanha com fortes ataques de seus adversários. Em entrevista à Folha de São Paulo, disse que está lambendo as feridas e que foi feito “um conluio de esquerda e de direita” - na esferas federal e estadual - para derrotá-la politicamente. “O PSDB agiu articulado com o governo Lula para me derrotar”, disse à Folha.
As apostas para quem irá presidir a Câmara dos Deputados e o Senado Federal já estão sendo feitas e conversadas nos bastidores de Brasília. O jornal Correio Braziliense estampou em suas páginas que essa negociação estaria sendo feita inclusive pelo próprio presidente Lula, que tem interesse em manter alguém de sua confiança no cargo. Como o PT deve apresentar um nome para a presidência da Câmara, ficaria com o PMDB a indicação para a presidência do Senado. Após expressiva votação no Ceará, Eunício Oliveira é um dos nomes defendidos pelo próprio presidente Lula a assumir a presidência. Confira a nota:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já trabalha com a possibilidade de o senador José Sarney (PMDB-AP), por motivos de saúde, abrir mão da reeleição à Presidência do Senado. Com 19 senadores, o PMDB continua tendo a maior bancada e deve indicar o presidente da Casa. Dois nomes estão cotados na bancada, o senador maranhense Edison Lobão, que acaba de ser reeleito, e Eunício de Oliveira, que é cristão novo no Senado.
Essa série de colagens Coffin Souza realizou em 2005 e acabei usando-as nos créditos iniciais do meu curta “Que Buceta do Caralho, Pobre só se Fode!!!” (2007, 23 min., roteiro-produção-direção de Petter Baiestorf). Coffin Souza estava em grande forma com seu humor anarco-ateísta quando realizou essas colagens. São imagens belíssimas que não recomendo aos fanáticos religiosos. Se os fanáticos religiosos tem liberdade total (e não pagam impostos) para terem templos e igrejas que cobram de seus fiéis para freqüentar os locais de reza e lamentações, Coffin Souza (que é ateu e não cobra nada de ninguém por isso), também tem a liberdade total de exercitar sua arte com ícones da mitologia cristã sempre que quiser.
Canibuk
'Saio fortalecido como uma figura política de âmbito nacional', diz Plínio.
Irônico, provocador, galhofeiro. Sem ter chegado nem a 1% nas pesquisas, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) conseguiu ser uma das sensações da campanha eleitoral. Movimentou os debates, fez troça de Dilma, Serra e Marina e insistiu sobretudo no mantra de que o Brasil precisa promover a igualdade social e econômica.Em avaliação de sua participação, se diz feliz por ter dado o recado que queria.
"Acho que consegui mostrar todos os aspectos fundamentais. Foram ditos, e com toda clareza. O problema da desigualdade social, da necessidade de redistribuir terra, de fazer uma reforma agrária. Consegui falar da reforma urbana, da redução da jornada de trabalho sem redução de salário. E consegui falar de dois temas polêmicos que foram a escola pública e a saúde publica".
O candidato socialista aponta duas razões para a baixa intenção de votos: a cobertura da mídia sobre sua campanha e o radicalismo de suas propostas.
"O que eu digo é muito forte pra uma população que foi acostumada à vida como ela é. Ela acha que não é possível além disso. Isso é todo o discurso da direita, fundamentado por um enorme apoio de mídia".
Como avalia a campanha eleitoral?
A campanha foi ruim. É uma campanha limitada pela lei. Tem um prazo de discussão muito curto, cheio de dificuldades, um sistema de fiscalização [das finanças] que só pega os pequenos, e não os grandes, que têm meios de esconder isso. E com o apoio da grande mídia pra omitir tudo aquilo que pudesse causar perturbação. A burguesia brasileira sabe que trata mal o povo. Sabe. De modo que a eleição dificilmente escapará de mãos que ela considera seguras. Os três candidatos com maior pontuação nas pesquisas dizem a mesma coisa, com nuances para cá ou para lá. Mesmo assim ela não quer que soluções diferentes sejam ouvidas pela população. Porque num momento qualquer de perturbação, de turbulência, aquelas ideias subversivas podem significar um problema. Foi uma campanha fechada.
E como o sr. avalia a sua participação?
Eu tô contente. O objetivo era mostrar as soluções verdadeiras para os problemas do povo. Acho que isso foi dito tanto naquele minutinho do horário eleitoral como nos debates. Sobretudo nos debates. Consegui furar a barreira. Quero fazer uma exceção pra Bandeirantes, que foi a única televisão que me convidou. O Mitre [Fernando Mitre, diretor de jornalismo] não quis saber de pontuação [nas pesquisas]. Ele me convidou. A Globo não queria me convidar. Aí eu tive que ir em juízo. Ah! Preciso fazer também uma outra exceção, que foi a RedeTV!, que também me chamou. A Globo foi no fórceps. Tive que demandar no tribunal. Quando viram, me convidaram antes que a ação fosse julgada. Quando consegui furar a Globo, as outras me convidaram.
O sr. acha que conseguiu fazer o debate que queria?
Acho que consegui mostrar todos esses aspectos fundamentais. Foram ditos, e com toda clareza, o problema da desigualdade social, da necessidade de redistribuir terra, de fazer uma reforma agrária. Consegui falar da reforma urbana, consegui falar fortemente do problema da redução da jornada de trabalho sem redução de salário. E consegui falar de dois temas polêmicos que foram a escola pública e a saúde publica. Escola pública que pode perfeitamente coexistir com a escola comunitária pública. Sem fins lucrativos mesmo. Não pode cobrar e não pode discriminar nenhum aluno.
O país está preparado pra fazer o debate que o sr. queria fazer?
Isso a gente vai ver no dia da eleição. Até agora os sinais das pesquisas não são, digamos, otimistas. A impressão é que apenas uma parcela menor [está preparada para o debate]. Agora, também é preciso considerar que até agora a candidatura foi desconhecida.
Houve quem ficasse com a impressão de que o sr. foi aos debates mais pra ser engraçado do que propositivo.
Isso é uma calúnia, uma sacanagem. O que provoca riso é a ironia. Provoca riso por causa do contraste entre a evidencia da situação e a falsidade da posição dos meus adversários. Isso causa riso. Mas eu não faria uma desconsideração dessa ao povo brasileiro.
Por que o sr. não decolou nas pesquisas, mesmo com o sucesso nos debates?
Porque ainda foi pequeno, ainda foi pra um grupo restrito [referindo-se à cobertura da mídia]. Agora, tem um outro fator. O que eu digo é muito forte pra uma população que foi acostumada à vida como ela é. Ela acha que não é possível além disso. Isso é todo o discurso da direita, fundamentado por um enorme apoio de mídia.
O sr. vai apoiar alguma candidatura no segundo turno?
Ainda não decidimos isso. O segundo turno é uma nova eleição. Você tem uma correlação de forças no início da campanha, que se modifica no decorrer da própria campanha. Pode ser até que, se houver segundo turno, a situação seja outra. O que deve fazer um partido político? Ele tem duas possibilidades. Ou apoia um candidato ou vota nulo. Essa decisão é em função da possibilidade de avanço neste novo quadro político que se forme.
Que votação o satisfaria no próximo domingo?
É difícil dizer isso, rapaz. O que mais me satisfaria é se eu fosse pro segundo turno.
No lançamento de sua candidatura, ouvi um correligionário perguntar a outro se achava que o sr. chegaria a 1%.
Não, não. Isso eu acho que chega. Provavelmente chega a mais.
Mas dá pra chegar na Heloísa Helena, que em 2006 teve quase 7%?
Não sei. O que a gente vê na rua é um pouco diferente do que aparece nas pesquisas.
O que será do sr. depois de 3 de outubro?
Se eu não for pro segundo turno, saio fortalecido como uma figura política de âmbito nacional. A minha tarefa vai ser unificar a esquerda. Vamos nuclear, mapear esses votos e vamos atrás desses votos para conscientizá-los e pra espalhar a ideia do socialismo por todo o país.
(Folha Online)
Fernando Gallo
De São Paulo