quinta-feira, 8 de abril de 2010

The Book of Eli



Não botava muita fé neste filme, mas me surpreendi – positivamente. Sempre fui fã da série Mad Max e de Historias que se passam em ambientes pós-apocalipticos em geral (gosto até de "Waterwold", pra que se tenha uma idéia), e este, com participações especiais do quilate de Tom Waits e um já idoso porém sempre gigante quando aparece na tela Malcom McDowell, tem potencial para se tornar um “Cult”. O “Background” religioso é interessante e deixa margens para as mais diversas interpretações, assim como são, por si só, todos os chamados “livros sagrados”, da Biblia ao corão, passando pelo Baghavad Ghita ou o Livro dos Mórmons e, porque não, o nosso célebre (graças a Tim Maia) “Universo em desencanto”. As coreografias das lutas são perfeitas, e há um bom equilíbrio entre cenas de ação e passagens mais “climáticas”, reflexivas até. O climão de “western” futurista, aliás, é o grande charme da fita, ao lado da belíssima fotografia granulada que ressalta a aridez dos cenários. Os atores, com exceção da “mocinha” Mila Kunis, fraquinha demais, entregam grandes interpretações e o final surpreende, especialmente se levarmos em conta que A Biblia (na mais que célebre edição de Guttemberg) foi o primeiro livro impresso no mundo.

Enfim, recomendo.

A.

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Thriller pós-apocalíptico tem lutas elegantes e potencial de filme cult

Marcelo Forlani

Do Omelete

O que torna um filme em um "cult", um produto que escapa do grande público, mas consegue acertar em cheio um grupo de pessoas que o defende com veemência, a ponto de cultuá-lo? Não há uma fórmula para isso. Afinal, a grande maioria dos cineastas quer mesmo é que seus projetos cheguem ao máximo de pessoas possível. Mas, aparentemente, ser ambientado em um futuro pós-apocalíptico é um dos ingredientes que conta a favor, como em Mad Max, Blade Runner e até mesmo Matrix - que depois acabou virando uma grande franquia de blockbusters.

Pois este é o cenário de O Livro de Eli (The Book of Eli, 2010), novo filme dos irmãos Allen e Albert Hughes (Do Inferno). Desde a primeira visão que temos do protagonista Eli (Denzel Washington), percebemos que estamos em um lugar diferente da Terra que conhecemos. A fotografia azulada deixa tudo quase monocromático, morto e extremamente seco, como o que restou do planeta. Os buracos que vemos pelo caminho trilhado por ele não deixam dúvidas de que houve uma guerra e muitas coisas explodiram por ali.

Mas ao contrário do que aconteceria em filmes feitos para as multidões, O Livro de Eli não se preocupa em explicar com todas as letras o que aconteceu por ali, deixando para o público a tarefa de completar os pontos. O seu objetivo não é falar do passado, mas sim do futuro. Tudo o que descobrimos é que Eli já está há muito tempo na estrada ("30 invernos já se passaram", diz ele) seguindo as ordens de uma voz, que o orientou a rumar para o Oeste. E cada vez mais acreditamos que nada vai conseguir detê-lo.

Um dos seus últimos percalços é Carnegie (Gary Oldman), o chefe de um inóspito vilarejo. Impossível não olhar para aquele lugar seco, o bar onde se vende bebida e mulheres, as pessoas sujas e os bandidos armados sem pensar nos velhos westerns. Carnegie seria o xerife que faz a lei do seu jeito, e Eli o forasteiro que não quer problemas, mas os atrai com mais força do que um ímã atrairia a bem afiada lâmina da sua faca.

Carnegie está obcecado por um livro. Ou melhor, "O" livro sagrado, a Bíblia. Ele reconhece que as palavras ali escritas têm poder de torná-lo um líder ainda mais poderoso, que poderá ampliar o seu domínio para muito além daquela destruída cidadela. E como o título do filme já trata de deixar bem claro, é este o livro que Eli carrega com tanto cuidado em direção ao pôr do sol.

Estas são as peças espalhadas pelo tabuleiro, o resto é muita ação, com Denzel Washington mostrando toda a sua elegância na arte de chutar bundas em bem coreografadas lutas filmadas em planos sequência, sem precisar se esconder atrás de cortes rápidos. Estes são os fatos. O resto do filme quem vai fazer é cada expectador, em sua cabeça. Teria sido a tal guerra que devastou tudo a temida Guerra Santa? Foi por isso que todas as Bíblias foram queimadas? É apenas a fé que protege Eli, ou Algo mais? O fato de Carnegie querer usar o Velho Testamento em seu próprio benefício seria uma crítica a um recente habitante da Casa Branca, que invocava Deus para invadir países mundo afora? São estas e outras questões deixadas no ar que provocam discussões e ajudam a tornar uma obra em algo superior. O Livro de Eli tem nas suas entrelinhas conteúdo suficiente para se tornar um cult daqui a alguns anos. Pode deixar um espaço separado para ele na sua prateleira.

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Entrevista com Gary Oldman

Fonte: Contigo!

Se você tem medo de Gary Oldman, não precisa se envergonhar. O ator de 52 anos foi o responsável por grandes vilões do cinema, inclusive Drácula, e ganhou até uma música chamada Scary Gary (Gary Assustador), composta por suas colegas de O Livro de Eli, em que volta ao papel de malvadão. Após uma década de bons moços como o James Gordon em Batman e Sirius Black em Harry Potter, Oldman faz Carnegie, um tirano futurista que controla uma cidade pelo medo. Apesar de suas histórias amorosas (namorou Isabella Rosellini, 57, e foi casado com Uma Thurman, 39) e das confusões (preso por dirigir embriagado com o amigo Kiefer Sutherland, 43), o inglês hoje é um sujeito pacato, de fala mansa e gentil. Quem diria?

Você ficou conhecido por papéis icônicos de homens maus. Mas acabou virando bom moço em Batman e Harry Potter.
Pois é. Tenho muito orgulho desses filmes, não me entenda mal, mas eles também me permitiram ter uma estabilidade na vida e cuidar dos meus filhos sem preocupação. Ao mesmo tempo é bom estar de volta aos vilões depois de dez anos de mocinhos. Se bem que... Você considera Carnegie um homem mau?

Ele mantém rédeas curtas nos mais pobres ao controlar a água da região, bate na mulher e mata pessoas para conseguir um livro. Acho que ele é mau.
(Risos) Quando você vê Denzel Washington pela primeira vez no filme, ele mata 15 pessoas como um samurai maluco e ninguém acha que ele é um cara mau! Até quando vou pagar por isso (mais risos)? Os dois personagens têm uma certa maldade, não acha? O meu tem seus motivos para correr atrás de um livro sagrado. Acredito que ele deseja criar um tipo de ordem em um mundo caótico. Ele faz isso para sobreviver.

Qual seu vilão preferido?
Eu ainda gosto muito de Drácula. Uma mistura de romantismo e maldade que veio na hora certa. Assim como Carnegie, que é um papel interessante. Ele me deu a chance de trabalhar com Denzel, alguém que admiro muito há tempos.

Seus personagens têm cenas violentas e são inimigos mortais no filme. Como atores de método, não rolava um clima estranho entre os dois nas filmagens?
Não! Costumávamos apenas sentar em nossos trailers e conversar sobre as experiências que tivemos no teatro. Nada muito emocionante. Sei que falaram da intensidade das filmagens em Albuquerque (Novo México), mas não achei tão complicado. Foi perto de Los Angeles e isso é o que define meus projetos. Não tenho mais saco para passar dez semanas longe de casa e dos meus filhos (Gulliver Flynn, 12, e Charlie John, 11, do terceiro casamento, com Donya Fiorentino).

Você teve uma vida social intensa em Hollywood no começo da carreira. Sente falta desses dias?
Pode apostar (risos). Mas sou menos saudosista hoje. Um dia desses, acordei muito cedo e ainda estava escuro. Eu me levantei, coloquei os cães para fora e fiquei andando de moletom. De repente, vi meu reflexo no espelho e pensei: ''Estou parecendo a p... de um velho!'' (risos). Antigamente, eu teria tirado a roupa e colocado algo mais bacana para me sentir melhor. Não foi o que aconteceu. Dei com os ombros e fiquei como estava. Resumindo: sinto muita falta dos velhos tempos (mais risos).

Já que citou Drácula, há seu reencontro com Tom Waits em O Livro de Eli.
Pois é. Ele foi meu Renfield em Drácula e agora é meu relojoeiro! Esse é o lado bom e ruim de trabalhar com cinema. Você conhece a pessoa, troca ideias, se identifica e precisa dar adeus para o reencontrar quase 20 anos depois. Tom é um sujeito meigo e um ator natural.

Seu personagem era um ditador que citava trechos da Bíblia. Mas foi mudado. Por quê?
O mundo está se tornando bege hoje, não? Completamente sem graça. O politicamente correto está substituindo o bom senso e talvez essa tenha sido a razão da mudança. Não podemos atingir certos grupos, porque pode ofendê-los.

Carnegie é obcecado por livros. Mas não vimos nenhum Harry Potter na pilha que ele guarda.
(Risos) Na verdade, eu queria que ele lesse só livros turísticos e guias de viagens para brincar com o fato do mundo ser um deserto. Mas Allen e Albert (Hughes, diretores do longa) preferiram colocá-lo lendo a biografia de Mussolini.

Ele não poderia escrever um livro para usar como base a religião? Não é muito trabalho ir atrás da Bíblia?
Ele poderia, mas aí não teríamos um filme (risos). Se George Clooney não fosse tão cínico, não teríamos Amor sem Escalas, não é?






Um comentário:

Andye Iore disse...

adelvan
me mande no email
supers2@hotmail.com
um numero de fone q possa falar contigo
abs