Fala dos primeiros shows, da primeira (e única) apresentação
numa arena ao lado de ícones do Hard rock e do Heavy metal, quando foram
hostilizados pela platéia, das tretas de rua, das gravações dos discos – com
destaque para as já antológicas e conturbadas sessões de “end of the century”
comandadas por Phil Spector - e de como se sentia um peixe fora dagua sempre
que precisava sair dos seus amados Estados Unidos, “the land of the free and
the home of the braves”.
Apesar de tudo, de todas as discordâncias que tenho quanto
ao “american way of life” de Johnny, adorei a leitura e a recomendo vivamente a
todos os fãs dos Ramones. Não precisamos todos pensar igual, afinal – muito
pelo contrário, é saudável que pensemos de forma diferente e tenhamos a
liberdade e a oportunidade de expressar nossos sentimentos.
Além do mais, a edição é primorosa: capa dura e miolo em
papel couchê ricamente ilustrado com fotos e memobrabília.
COMMANDO – A autobiografia de Johnny Ramone
Excelente.
No México, entre admiradores norte-americanos |
O Comandante |
Com a mulher e o filho - e um cachorro. |
O partido continua reunido e precisa decidir o que fazer. E cria a NEP (Nova Política Econômica), uma iniciativa estratégica que permitiu, temporariamente, a volta do comércio privado, com o objetivo de retomar a produção – basicamente as mesmas medidas propostas por Trotski anteriormente, mas que foram historicamente creditada ao gênio estratégico de Lênin. Posteriormente, várias das políticas aplicadas por Stalin em seus primeiros anos de governo foram descaradamente inspiradas nas idéias de Trotski. Pesa a favor deste, nesse caso, o fato de que suas soluções autoritárias foram concebidas num ambiente de desesperada luta pela sobrevivência do novo estado russo, cercado e isolado do mundo, e não tinham, a principio, a intenção de durar mais do que fosse necessário. Com Stalin, foram radicalizadas e transformadas em dogmas que serviram como base para a fundação de um estado totalitário. A pergunta que não quer calar – teria sido realmente tão diferente caso Trotski tivesse vencido a queda de braço com Stalin? – ficará eternamente sem resposta, já que, no final das contas, a revolução mundial, tão esperada e fundamental para a salvação da Rússia soviética, não aconteceu, o que fez com que a situação de isolamento do regime bolchevique se perpetuasse.
Por último: o termo “profeta”, utilizado nos títulos dos
três volumes da obra, se refere à notável capacidade de Trotski em antecipar
certos rumos que a história tomaria. Sua mais célebre “profecia” (ênfase nas
aspas) se referia ao processo do "substituísmo" (a organização do
partido substitui o partido, o comitê central substitui a organização do
partido, o chefe substitui o comitê central), que se confirmou e gerou o
stalinismo, a partir de decisões tomadas no bojo da teoria – e da “práxis” –
leninista.
Excelente.
Tem como não se apaixonar? |
O livro tem boas idéias e promove uma
eficiente reciclagem, reembalada para a juventude atual, de alguns conceitos já
mostrados em clássicos do gênero (ficção científica distópica), além de
funcionar, com sua narrativa aventuresca e cheia de suspense, como um ótimo
passatempo. Isso porque consegue fazer com que nos identifiquemos com os
personagens e torçamos por eles.
Aventuras despretensiosas podem render boa
literatura – que o digam clássicos como “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis
Stevenson, e “Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe. Não sei se é o caso aqui, mas
eu curti. E me diverti.
Bom.
Não, não tem ... |
Razoável.
“A Outra História do Mensalão – As
contradições de um julgamento político”, de Paulo Moreira Leite – Coletânea de
artigos publicados pelo jornalista Paulo Moreira Leite, então articulista da
revista Época, que no calor dos acontecimentos conseguiu ir além da cobertura
viciada e ideologicamente contaminada da grande mídia, expondo as contradições
do que ele define, explicitamente, como “um julgamento político”.
Como literatura, é razoável: o texto é fluido
e elegante, mas justamente por ser uma coletânea de artigos publicados à medida
que os acontecimentos se sucediam torna-se repetitivo nas recapitulações,
necessárias aos leitores da coluna/blog online, mas dispensáveis no livro. Quanto
ao conteúdo, o autor conclui, basicamente, que a compra de votos que o
PT teria feito não foi comprovada com casos concretos; que o desvio de recursos
públicos não foi verificado pelas auditorias contábeis; que os empréstimos do
PT assinados por José Genoino foram considerados autênticos pela Polícia
Federal; que as centenas de páginas do inquérito da Polícia Federal não apontam
José Dirceu como chefe de nada, muito menos de alguma quadrilha criminosa; que as
sentenças foram no mínimo exageradas e que os acusados tiveram reduzido seu
direito à defesa. Não nega o óbvio: houve crime, a utilização de caixa dois na
campanha eleitoral. Apenas contesta a tese amplamente aceita da compra de
votos, conhecida como “mensalão”, e os métodos adotados pelo tribunal para
fundamentar as condenações, baseados na controversa tese do “domínio do fato”.
Para ser lido e passado adiante, na tentativa de furar o
bloqueio do pensamento único hegemônico dos Merval Pereiras da vida ...
Muito bom.
“PUNK – Anarquia planetária e a cena brasileira”, de Silvio
Essinger – Começando por enfocar a vida de Darby Crash, vocalista do Germs, de
Los Angeles, e passando pelos principais tópicos do estilo, o jornalista Silvio
Essinger traçou este que é, provavelmente, o principal documento escrito sobre
o punk rock no Brasil.
O Capítulo 2, dedicado aos Sex Pistols, é uma pérola de
síntese, com tudo o que você precisa saber sobre a grande banda inglesa. A
partir dali, o livro prossegue traçando um panorama vivo e enxuto do
desenvolvimento do estilo através do mundo, até chegar ao Brasil, na página 81
– de 206. A
partir de uma análise a princípio correta mas um tanto quanto ingênua sobre a
situação política do país na época, fim do regime militar, vai contando a
história do punk por aqui, desde a contestadora vanguarda paulistana da MPB,
apontada como precursora do movimento, até o final dos anos 1990, quando o
estilo se abre a novas possibilidades estéticas com o chamado “forrócore” dos
Raimundos – e, internacionalmente, com o “Digital Hard Core” do Atari Teenage
Riot. Tudo isso passando, evidentemente, pelo auge do movimento em São Paulo, com suas
tretas entre gangues, pela cena de Brasília, de onde surgiram grandes nomes do
rock brasileiro safra anos 1980, e por um interessante enfoque na
semi-esquecida cena carioca, resgatando nomes como o de “Tatu”, vocalista dos
pioneiros do “Coquetel Molotov”. Por fim, o mais importante: não esquece o que
acontecia no restante do país, indo inclusive além dos “arrozes de festa”
Replicantes, no RS, e Camisa de Vênus, na Bahia, ao citar os pioneiros Devotos
do Ódio e Câmbio Negro HC, de Pernambuco, Karne Krua (Sergipe) e Discarga
Violenta (RN). Faltou falar dos Delinqüentes, de Belém do Pará, mas ok, ninguém
é perfeito ...
Nevermind the bollocks |
Bom
“A Ira de Nasi”, de Mauro Beting e Alexandre
Petillo – Primeiro livro que leio inteiramente na livraria, sem precisar
comprá-lo. Leitura fluida e prazerosa, passa ligeiramente pela infância do
biografado para então se ater ao que realmente interessa: o efervescente
cenário artístico do underground paulistano do início dos anos 1980. Nasi
estava lá e foi um de seus protagonistas. Transou com garotas punks de cicatriz
na cara, fez shows antológicos, gravou discos que se tornaram clássicos e
brigou. Muito.
O livro prossegue anos 90/2000 adentro
acompanhando os altos e baixos da carreira do Ira!, ao mesmo tempo em que narra
histórias surreais vividas pelo vocalista, como da vez em que ele se envolveu
com uma garota cuja família se dedicava a um complô novelesco de proporções
apocalípticas com o objetivo de colocar a mão em sua herança.
Impressionante.
“Cumbuca” # 1&2, diversos – A Editora do
Diário Oficial do Governo do Estado de Sergipe acaba de lançar uma belíssima
revista dedicada à cultura. Publicada em papel de alta qualidade e com uma
diagramação que convida à leitura, traz um interessantíssimo mix de temas
produzido por um belo plantel de colaboradores. Por exemplo: Sonia Maria
Oliveira enfoca as obras de arte dos túmulos do Cemitério Santa Isabel; Luiz
Antonio Barreto reflete sobre Aracaju entre obras de Tintiliano; eu dou uma
geral no rock sergipano, “esse desconhecido”; Mário Jorge, cultuado poeta
marginal dos anos setenta, comparece em texto de Laila Thaise; Aglaé Fontes
fala do Mamulengo de Cheiroso e Luciano Correia da carreira Cult do filme
“Sargento Getulio”, filmado em Sergipe há 30 anos com Lima Duarte, magistral,
no papel principal. Tudo isso no número um. A segunda edição já se destaca pela
capa, uma belíssima foto da Festa do Lambe-Sujo e Caboclinho clicada por Arthur
Leite. Dentro, questões sobre a emancipação política de Sergipe, por Terezinha
Oliva; “Sergipanidade, um conceito em construção”, mais um texto póstumo de
Luiz Antonio Barreto; “Cultura contemporânea em questão”, por Luiz Eduardo
Oliveira; uma ótima entrevista com o The Baggios “cometida” por Adolfo Sá; poesias
de Maria Cristina Gama; Surf em Sergipe, por Grace Melo; protestantismo em
Sergipe, por Ester Fraga Vilas Boas, e uma boa crônica de Amaral Cavalcante
transformada em quadrinhos (fracos) por Edson Lima.
Uma grande iniciativa que merece todo o nosso
apoio. Pra mim, particularmente, chega a ser um marco: Diletante inveterado que
sou, esta foi nada menos que a primeira vez que recebi um cachê por algo que
escrevi! Um marco pessoal ...
O único ponto negativo é o preço de capa,
relativamente “salgado” ...
Muito boa.
“Se a vida fosse como a internet”, de Pablo Carranza – Pablo Carranza é um
competentíssimo cartunista sergipano que vem se destacando a olhos vistos
nacionalmente com tiras divertidas desenhadas num traço elegante livremente
inspirado no estilo de Alan Sieber. Nessa coletânea ele brinca com situações
corriqueiras do mundo virtual imaginando-as transpostas para a “vida real”.
Destaque para a última HQ, que mostra a indignação de uma Clarice Lispector
desperta do além fula da vida com a profusão de citações falsas a ela
atribuídas.
Leitura rápida, prazerosa e descompromissada.
Excelente.
“Liberty Meadows”, de Frank Cho – Passou injustamente batido
por aqui o lançamento, via HQM, de uma caprichada edição nacional (com direito
a “formatão” e sobrecapa) das sensacionais tiras do quadrinhista Frank Cho.
Tudo se passa num fantasioso santuário para animais onde apenas os humanos,
mais especificamente a psiquiatra veterinária Brandy Carter e seu desajeitado
eterno pretendente Frank Mellish, são retratados de forma realista, inclusive
nos desenhos. Todo o resto é insano e cartunesco.
Imperdível.
“Silas Verdugo, o Homem do patuá – Parte 1 – Sob o signo da
Besta-Fera”, de Eduardo Cárdenas – Brilhante homenagem do excelente desenhista
sergipano Eduardo Cárdenas a um personagem obscuro das HQs de terror
brasileiras dos anos 1970, quando era publicado na clássica revista “Spektro”.
Foi publicado apenas na internet, em formato PDF, e você pode conferir a primeira
parte clicando aqui.
Muito bom
“Camelot 3000”,
de Mike W. Barr e Brian Bolland – Um daqueles clássicos que valem a pena ser
revisitados periodicamente. Me remete diretamente aos meus 15 anos, quando lia
as histórias avulsas no mix da revista “Superamigos”. Marcou época,
especialmente pela arte magistral de Bolland, mas também pela engenhosa trama
repleta de situações inusitadas – e ousadas - saídas da mente de W. Barr.
Relendo tudo assim, de uma vez só, e numa idade mais madura, percebemos como a
série cresceu à medida em que era produzida – os capítulos finais são bem mais rebuscados,
politicamente, inclusive, que os primeiros.
Clássico.
“Ataques Registrados – O Guia de sobrevivência a zumbis”, de
Max Brooks e Ibrain Roberson – Interessante adaptação para os quadrinhos da
célebre obra de Max Brooks, um dos responsáveis pela nova onda de zumbis que
toma conta do mundo. Faz um inventivo apanhado imaginário de registros
históricos de ataques zumbis através do tempo e ao longo da história, de 60.000 AC a 1992 DC,
passando pelo tempo do império romano, dos grandes descobrimentos, pela remota
Sibéria de 1583, pelo Japão feudal, Caribe, Norte da áfrica dominada pela
França – um dos melhores episódios, envolvendo um cerco à Legião Estrangeira no
meio do deserto – pela Rússia soviética e, finalmente, o Parque nacional Joshua
Tree, nos Estados Unidos contemporâneo.
O bom ilustrador, Ibraim Roberson, é brasileiro
Bom.
“Os Mortos-Vivos” # 9, 10 e 11 – de Robert Kirkman, Charlie
Adlard e Cliff Rathburn – Depois do clímax com a batalha contra os homens do
Governador, a série de Robert Kirkman experimenta um promissor recomeço e,
incrivelmente, não deixa a peteca cair: a qualidade continua “top”, tanto nos
roteiros quanto no enredo e na arte. As edições 9 e 10 são boas, especialmente
a décima, que mostra o retorno de Rick e seu filho Carl à cidade em que
moravam, quando resolvem conferir o que teria acontecido a Morgan e Duane, as
primeiras pessoas que Rick encontrou quando saiu do coma no início da série. O
encontro, como era de se esperar – os roteiros de Kirkman não deixam muito
espaço para grandes esperanças – não é muito agradável ...
Mas a grande surpresa está reservada para a décima primeira
edição, que começa com um dilema moral insolúvel resolvido de forma
surpreendente por um personagem insuspeito e termina numa orgia de violência da
qual os sobreviventes irão custar a se recuperar, psicologicamente. Isso se um
dia conseguirem, porque o bagulho desta vez foi, realmente, punk.
Interessante notar como, em “Os Mortos-Vivos/The Walking
Dead”, o verdadeiro terror está no comportamento dos vivos diante de
situações-limite advindas da destruição do verniz civilizatório. Assustador –
porque real!
Imperdível.
“Antes de Watchmen – Coruja”, de J. Michael Straczynski,
Andy Kubert e Joe Kubert – Alan Moore pediu para que os fãs mantivessem
distancia, mas eu sou teimoso – e curioso – então comprei e li. Uma história razoável
muito bem desenhada. E é só. Realmente, não chega aos pés da obra original –
nem eu sequer cogitei que chegaria.
“Antes de Watchmen – Espectral”, de Darwin Cooke e Amanda
Conner – Começa bem, com as desventuras de uma típica adolescente com sede de
liberdade tentando se desvencilhar das garras de uma mãe controladora, mas
depois fica meio bobo, com uma trama passada na São Francisco dos anos 1960. Sexo,
drogas, rock and roll, gírias fora de moda e um vilão meio equivocado com um
plano ridículo - ele quer usar ácido lisérgico para induzir a juventude ao
consumismo desenfreado! Ousa na abordagem da liberação sexual, oferecendo um
interessante contraste entre o tema e a forma meio ingênua como é apresentada,
especialmente por conta dos desenhos detalhistas e elegantes mas com um tom
infanto-juvenil de Amanda Conner.
Valem como curiosidade.
“Fábulas”, de Bill Willingham – Mais uma série que recomeça depois de um clímax apoteótico – e segue bem sua jornada. Na décima terceira edição do encadernado acontece um brilhante e divertidíssimo crossover com a revista derivada do João das Fábulas em que todos – inclusive o revisor e suas deliciosas filhas – têm que se unir contra uma ameaça maior.
“Fábulas”, de Bill Willingham – Mais uma série que recomeça depois de um clímax apoteótico – e segue bem sua jornada. Na décima terceira edição do encadernado acontece um brilhante e divertidíssimo crossover com a revista derivada do João das Fábulas em que todos – inclusive o revisor e suas deliciosas filhas – têm que se unir contra uma ameaça maior.
Excelente.
“João das Fábulas”, de Bill Willlingham – Seguem
divertidíssimas as aventuras de João das Lorotas e seus amigos, no mínimo,
esquisitos – destaques para a “Falácia Patética” e para o boizinho azul que
vive divagando. O último encadernado, “O Grande livro da guerra”, é
especialmente imperdível – porque coloca João como um improvável general
comandando a resistência ao ataque do Queimador de livros e porque prepara o
terreno para o sensacional crossover
com a revista original.
Excelente.
“The Boys”, de Garth Ennis – o insano escritor escocês tem
uma produção irregular com piques de qualidade – e insanidade. É o caso da
série “The Boys”, que narra as desventuras de uma equipe “turbinada” por um
soro que lhes dá superpoderes temporários que eles usam para disciplinar
super-heróis dementes, amorais e indecentes. Diversão, sexo e violência a dar
com o pau. O primeiro encadernado, “O Nome do jogo”, é sensacional, digno do
que de melhor já foi produzido por Ennis – e isso inclui nada menos que
“Preacher”, uma de minhas séries favoritas de todos os tempos. Já o segundo,
“Mandando ver”, é “apenas” bom.
Muito bom.
“Ex Machina”, de Brian K. Vaughan – Terminou muito bem, em termos de qualidade da trama, a saga de Mitchell Hundred, o prefeito super-herói de Nova York. Uma grande surpresa aguarda quem acompanhar a série até o final. Uma surpresa que porá em cheque uma série de noções sobre o que é, afinal, certo, e o que é errado, neste terreno eternamente pantanoso da política. Faz pensar, e isso é bom.
Perturbador.
“Y, O Último Homem”, de Brian K. Vaughan – Está quase
chegando ao fim, aqui neste fim de mundo – as revistas com distribuição
setorizada estão chegando cada dia mais atrasadas por aqui – quando chegam! - a
saga de Yorick Brown, o último homem. Tem mantido o pique, o que me dá
esperanças de que o final não será decepcionante.
Muito bom.
“Frankenstein, Agente da S.O.M.B.R.A.”, de Jeff Lemire –
Interessante reinserção do clássico personagem de Mary Shelley no universo dos
quadrinhos de super-heróis. Tem algumas boas – e bizarras – idéias, mas se
perde no roteiro confuso.
Dispense.
“Sweet Tooth – Depois do apocalipse”, de Jeff Lemire – Já
aqui, num trabalho evidentemente mais autoral, Lemire se sai bem com uma trama
que não inova, mas é muito bem conduzida e prende a atenção do leitor. É a
história de um menino mutante que vive numa reserva isolada do mundo com seu
pai – neste ponto a trama lembra bastante a do filme “A Vila”, de M. Night Shyamalan. Aos poucos, ele vai tendo
que descobrir – porque é descoberto – os prazeres e perigos do mundo ao lado de
um cara durão de moral duvidosa.
Muito bom.
“X-O Manowar”, de Robert Venditti – Venderam este aqui como
a mais nova renovação dos quadrinhos de super-heróis, mas o que eu vi foi mais
do mesmo, feito com competência mas sem brilhantismo. Lembra o início da Image.
O mix se completa com “Harbinger”, que tem um argumento ainda mais banal – a
velha história de jovens com poderes psíquicos perseguidos por poderosas
organizações secretas com objetivos obscuros.
Próxima, por favor ...
“Vertigo”, diversos – Evitei falar da revista mensal da
Vertigo porque minha leitura dela vive atrasada. Mas posso dizer que gosto
bastante de “Escalpo”, uma série que se passa numa reserva indígena decadente
do oeste dos Estados unidos. E só, praticamente. “Vikings” era muito ruim,
ainda bem que foi descontinuada. “Hellblazer” é irregular, assim como “Casa dos
Mistérios” e “Vampiro Americano”. Já “Joe, o Bárbaro”, tem roteiro confuso, mas
desenhos muito acima da média.
Na verdade nem sei porque compro a revista todo mês. Deve
ser a mística do selo. A linha Vertigo passou tantos anos sendo publicada de
forma capenga no Brasil que eu simplesmente não consigo ver uma revista deles
na banca e não comprar ...
Razoável.
“Dark”, diversos – Na mais recente das inúmeras
reformulações caça-níqueis do Universo DC os caras tiveram a controversa idéia
de jogar alguns dos personagens que habitavam o selo Vertigo na continuidade
“normal” da editora, o que significa, no mínimo, alguma interação com ícones
pop como Batman e o Super-Homem. O resultado é irregular, mas bastante
satisfatório em alguns momentos. Especialmente nas histórias do Homem animal,
com roteiros criativos que beiram o grotesco e desenhos brilhantes. O mix se
completa com o Monstro do Pântano, que se alterna entre boas idéias e pastiches
dispensáveis; “Ressurreição”, que tem uma premissa interessante – muito embora a
luta entre o céu e o inferno remeta diretamente às histórias do Spawn – mas se
perdeu completamente nas últimas edições, com argumentos pra lá de sofríveis;
Liga da Justiça Dark, uma improvável equipe de super-heróis com poderes
sobrenaturais, que também começou bem mas descambou para o quebra-quebra sem
sentido presente na esmagadora maioria das histórias do estilo; e, por fim,
“Eu, o Vampiro”, que fez o caminho inverso – começou sem dizer a que veio mas
deu uma melhorada, muito embora ainda tenha um longo caminho a percorrer antes
de ser considerada uma série, pelo menos, razoável.
Curioso que tanto a Liga da Justiça Dark, cuja trama é
sofrível, quanto Homem Animal, que é bem legal, são escritas pela mesma pessoa
– Jeff Lemire.
Irregular
A.
A.
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