quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Arte de Apollonia Saintclair

Apollonia Saintclair é apenas um pseudônimo para uma artista ou um artista que prefere não revelar sua identidade, mas, independente disso, não podemos deixar de notar seu talento. Os desenhos são sempre em preto e branco, o que permite realçar as sombras e a silhueta feminina, que é sempre retratada nas obras. Apollonia Saintclair já é um dos maiores nomes quando se fala de desenhos eróticos, ainda que seja uma artista muito recente, ela conquistou popularidade em 2012 postando sua arte na sua página do  Tumblr.

Os desenhos trazem consigo muito da cultura pop, do trash e dos conceitos de sagrado. Em seu Tumblr é possível ver várias freiras sendo personagens de cenas quentes. O pouco que sabemos a seu respeito vem da recente entrevista que deu à jornalista parisiense Adeline Wessang. Suas influências declaradas são Milo ManaraMoebiusDa Vinci e Caravaggio, entre outros.

Suas obras não se reduzem à simples representação pictórica do corpo feminino: muitos de seus desenhos sugerem histórias nas quais as imagens retratadas por Apollonia são “capturas” de momentos sensuais.
“A criação é uma tentativa de descrever o indescritível: tentar conferir uma forma tangível a uma intuição abstrata.”
Isso foi o que disse Apollonia na entrevista. A imaginação necessária para isso viria da leitura de autores como Jorge Luis Borges, H.P.Lovecraft, Richard Matheson, Gustave Flaubert, Frank Herbert, Henry Miller e Anaïs Nin.
“Tinta é meu sangue, desenho para meu próprio bem e para meu prazer.
[...]
Residente de longa data do velho mundo, divido meu tempo entre a cozinha e meu estúdio.”

O que nos faz imaginar se não estamos, na verdade, diante de um nerd gordinho, esperto o suficiente para saber o apelo que há na ideia de uma mulher que reproduz com precisão o imaginário erótico masculino. Mas isso importa?
A escolha por criar apenas obras em preto-e-branco, como afirmou, origina-se não só da influência dos quadrinhos em sua vida, mas, também, de uma decisão bastante inteligente:
“Para aprender, devemos reduzir o leque de possibilidades.”
Além disso, “preto-e-branco é um nível adicional de abstração que me permite concentrar nos fundamentos do desenho, como silhueta, sombras, geometria, etc.” Mas, em termos de transgressão, Apollonia vais mais longe e aproveita-se do anonimato para brincar com a religiosidade ocidental. Talvez não seja por acaso que seu pseudônimo faça alusão a Guillaume Apollinaire, poeta e escritor francês que, em 1907, publicou o romance erótico Les Onze Mille Verges (As Onze Mil Virgens). O título satiriza a lenda das virgens que teriam acompanhado o martírio de Santa Úrsula, e a obra relata aventuras sexuais escabrosas em que rola sadismo, masoquismo, escatofilia, pedofilia, vampirismo, masturbação e sexo grupal.

“Uma das minhas histórias favoritas de Lovecraft chama-se precisamente “O Indizível”, afirmou Apollonia na entrevista concedida à Adeline Wessang. Ela refere-se ao conto “The Unnamable“, publicado em 1925 pelo autor americano. “Ao longo da história”, continua a artista, “o narrador de Lovecraft fala, com certo deleite, sobre um horror inominável, sem jamais conseguir, mesmo quando o horror acaba por realmente se materializar, descrevê-lo em palavras.” Apesar dessa sua fonte inspiração, muito dificilmente será horror o que nós sentiremos ao ver as obras de Apollonia Saintclair.

por Victor Lisboa e Marina Milhomem

Fontes: Zupi & papo de homem 






























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