terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Eu (ou)vi o futuro, ele é o passado.

               Necronomicon é uma banda de Alagoas que causou furor entre os “rockers” sergipanos quando tocou aqui pela primeira vez, no Grito Rock Aracaju 2012, em pleno carnaval. Repetiram a dose no segundo semestre do mesmo ano com um show devastador fechando a noite em que a Renegades of punk lançou “Coração metrônomo” no Capitão Cook. Virei fã, por isso não hesitei em encomendar minha cópia de “The Queen of Death”, o primeiro disco “oficial” deles – segundo, se considerarmos o primeiro Cd demo.

               A bolacha colorida de vinil foi lançada por um selo gringo especializado em “progressivices” e “space rock”, o Hydro Phonic records, e tem 6 faixas, 3 de cada lado. Trata-se de um álbum conceitual baseado num conto de fantasia e ficção científica à La “Heavy Metal”, a revista, escrito por Pedro Ivo, o baixista, que narra as desventuras de um assassino contratado para matar a tal Rainha da Morte, líder de um culto poderosíssimo baseado em Yamoth, o planeta sagrado. É para lá que somos lançados já na primeira faixa, “Holy Planet Yamoth”, qua nos apresenta de cara do que se trata o petardo: um som “retrô” totalmente baseado no Hard rock progressivo e psicodélico dos anos 60 e 70 do século passado. Riffs de guitarra precisos, levadas de bateria perfeitas, linhas de baixo matadoras e um vocal que ora remete ao de Jack Bruce, do Cream, nos momentos mais melódicos, ora aos de Ozzy Osbourne, nas partes mais “gritadas” ou, paradoxalmente, sussurradas, nos conduzem por uma história sombria muito bem contada (em inglês) e embalada por belas melodias distribuídas em musicas longas com vários andamentos e refrões poderosos.

               A “trip to the Holy planet” prossegue com “The Assassin´s song”, que começa conduzida pelas baquetas de Thiago Alef e tem, basicamente, o mesmo ritmo – e qualidade! – da primeira, culminando em “The Black Priests of Chaos”, já mais lenta, onde somos apresentados aos sacerdotes negros contratantes do que parece ser o personagem principal da história, o tal assassino. Perfeito! Fim do lado A.

               O lado B começa com uma musica instrumental que coloca em evidencia outro ponto forte do disco, as várias camadas e texturas de teclados, pianos, órgãos e sintetizadores executadas por Pedro Ivo. O efeito é viajante, chapante, matador! E então voltamos à estrutura mais convencional do rock and roll com “Hypnotic Overdrive machine”, totalmente “sabbathica”, assim como o é a faixa título, que encerra o disco. Nelas sentimos um pouco mais algo que pode ser encarado como uma deficiência na mixagem ou na própria captação de som, caso não tenha sido propositadamente planejado para que fosse assim e o disco soasse como se tivesse sido produzido em algum momento do início dos anos 1970: o som da guitarra. Poderia ser mais “encorpado”, “na cara”, ou pelo menos mixado no mesmo nível dos vocais. Do jeito que está, acaba por não valorizar o tanto quanto merece a sensacional perfomance de Lillian Lessa, uma dedicada discípula de Tony Iommi e sua Gibson SG batizada nos quintos dos infernos. Esta é, no entanto, a opinião de um confesso admirador obcecado pelas seis cordas – eu quase sempre acho que as guitarras deveriam estar no talo. Todo o resto, no entanto, está perfeito, e como mencionei lá atrás, a mixagem acaba por dar ao disco uma sonoridade “datada”, o que parece ser, no final das contas, o objetivo de todo o projeto.

               Vale destacar que os componentes da Necronomicon são jovens. Muito jovens! Nunca perguntei, mas aparentam estar na faixa dos vinte e poucos anos – senão menos – o que dá à coisa toda um sabor ainda mais inusitado. E nos faz acreditar que ainda dá pra acreditar no futuro deste tal de roque enroll em Terras Brasilis, para além do lixo que nos é vomitado pelo “mainstrean”. Tenho até pena de quem tem como única referencia o que passa na programação abjeta da MTV, VH1, Multishow e demais canais abertos ou pagos que supostamente deveriam cobrir o universo da música  como um todo, mas acabam prestando, em nome do comercialismo mais barato, um verdadeiro desserviço à cultura musical da juventude brasileira. Venham para o “undeground”, bastardos filhos da puta! É aqui que as coisas REALMENTE acontecem!

               Como bem dizia Agapito no já célebre vídeo da 120 Dias de Sodoma, BANDA DO CARALHO! BANDA DO CARALHO!

               “The Queen of Death” foi produzido por Necronomicon e gravado no Pedrada Estúdios entre julho e setembro de 2011. Ouça aqui. Para adquiri-lo, você pode entrar em contato diretamente com a banda clicando aqui

Todas as letras e musicas são de Pedro Ivo Araujo – um verdadeiro “garoto prodígio”

O Design e a arte da capa, sensacionais, são de Cristiano Soares.

Alagoas é a terra do Mopho, que também é sensacional.

Eu sou Adelvan e sou sergipano.

O rock me emociona.

Fim.

Um comentário:

Anônimo disse...

O rock nos emociona. Fim...jac