Na verdade, quando Ida conhece Mussolini em Milão, ele era apenas um jovem socialista, com extremo talento em orientar as massas contra o poder da Igreja e da Monarquia vigente. Encantada com sua postura de líder, ela financia o jornal Il Popolo d’Itália, que Mussolini funda para disseminar seus ideais fascistas e tamanha é a dedicação da mulher, que ela mina seu patrimônio em favor do futuro Il Duce.
Enquanto Ida ama, incondicionalmente, Mussolini parece só se preocupar em ascender politicamente e se afasta da mulher, ao voltar da I Grande Guerra, onde serviu ao seu país. Agora, com um filho pequeno, fruto de seu envolvimento com o fascista, Ida se vê rejeitada e trocada pela “oficial” esposa Rachele Guidi (Michela Cescon). Passional ao extremo, ela não desistirá de provar que foi a primeira mulher de Mussolini, mesmo que tenha que enfrentar o próprio ditador.
A partir daí, o que acompanhamos é um sórdido plano colocado em ação, contra Ida Dalser, a fim de que a imagem de Mussolini como líder, não seja maculada. Com tom operístico, Bellocchio conduz o drama de forma a mostrar num primeiro momento, o teste de honra de Mussolini, para depois contrapô-lo ao de Ida Dalser. Além disso, mostra as relações de conveniência entre a Igreja e Mussolini, que se num primeiro momento, nega a existência de Deus, depois chega a fazer as pazes com a própria Igreja.
O resultado é uma obra-prima em que se sobressaem a atuação de Giovana Mezzogiorno, o roteiro assinado a quatro mãos por Marco Bellocchio e Daniela Caseli, a direção de arte de Briseide Siciliano, e a fotografia de Danieli Cipri explorando os contrastes entre claro e escuro.
Já para quem preferir emoções fortes de outra natureza, a boa pedida é assistir ao filme “127 Horas” que entra em cartaz no Cinemark Jardins. Baseado em fatos reais, a película se detém nas 127 horas de agonia que o alpinista Aron Ralston (James Franco) passou no Parque Nacional de Canyonlands, em Utah, quando se viu preso em uma fenda profunda e estreita de um cânion.
Com pouca água e comida, sem uma jaqueta para enfrentar as noites geladas, ele lembrou que não havia avisado ninguém para onde estava indo, e essa demora em se soltar poderia ser fatal, já que poderia morrer desidratado ou afogado em uma inundação – ele estava 30 metros abaixo do nível do solo.
Usando sua câmera de vídeo, Aron começou a gravar mensagens de despedida para sua família e amigos, agradecendo a vida cheia de aventuras, esperando que alguém achasse essa gravação com seus últimos dias de vida. Mas na manhã de quinta-feira ele teve uma inspiração divina que poderia resolver o “enigma” da rocha, um extremo e desesperado ato de bravura que salvaria a sua vida.
É impressionante a atuação de James Franco que ganhou uma indicação este ano ao Oscar de Melhor Ator. Ele convence o espectador da transformação física e psíquica que o personagem sofre ao longo de cinco dias em situação crítica (com uma grande pedra esmagando o seu braço direito).
O diretor Danny Boyle também não decepciona, imprimindo uma narrativa bastante ágil, em que mistura imagens captadas da câmera de Aron, com flashbacks de sua infância e os delírios do alpinista. O mosaico imagético é bem editado, o que favorece à produção não se tornar algo maçante para aqueles que escolheram ficar durante 100 minutos sentados numa poltrona de cinema, acompanhando o martírio do alpinista solitário.
O filmes do Cine Cult são exibidos diariamente, às 14h, no Cinemark, com ingressos a preços populares R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Texto: Suyene Correia
Fonte: Bangalô Cult
Nenhum comentário:
Postar um comentário