sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Incêndios" nos 4 Anos da Sessão Cine Cult


Eu odeio religião. Ponto final. Foda-se quem acha que as religiões detém o monopólio da moral, ou que é preciso um culto institucionalizado para nos guiar neste mundo, para nos dizer o que é certo ou errado. Exemplos não faltam para demonstrar o absurdo desta premissa: na Guerra civil libanesa, só pra citar um, foram principalmente as milícias cristãs, com a conivência dos israelenses, que mais tocaram o terror – vide o massacre de Sabra e Chatila, uma das maiores infâmias da história recente da humanidade.
A Guerra do Líbano é o pano de fundo e o fio condutor de “Incêndios”, do diretor canadense Dennis Villeneuve, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e inédito nas telas dos cinemas de Aracaju até a última quarta-feira, quando foi exibido numa Sessão Comemorativa aos 4 anos do projeto Cine Cult. É uma história angustiante contada em belas imagens enriquecidas por uma excelente trilha sonora, com destaque para a ótima utilização das músicas do Radiohead.
A protagonista de “Incêncios”, Nawal Marwan, intepretada pela belga Lubna Azabal, é uma mulher atormentada pela culpa de ter “amaldiçoado” sua família (cristã) ao ter engravidado de um namorado palestino, assassinado friamente por seus irmãos. Ela mesma só não morreu porque foi protegida por sua avó. A criança foi entregue para adoção logo após o parto e Nawal resolve partir pelo mundo à sua procura. No meio de seu caminho, no entanto, havia muito mais do que uma simples pedra: havia uma guerra. Numa das cenas mais chocantes ela escapa da morte se declarando cristã e mostrando a seus algozes (também cristões) um crucifixo, o mesmo que teve que esconder para conseguir uma carona num ônibus cheio de muçulmanos. Nawal decide então tomar partido, mais por vingança pessoal que por convicção ideológica, e paga caro por isso: é presa e torturada, o que dá origem a desdobramentos terríveis que só ficarão claros para o expectador no final do filme, surpreendente.
Antes da exibição da fita o criador e coordenador das sessões “Cine Cult”, Roberto Nunes, entregou um diploma de agradecimento a algumas pessoas que contribuíram para o sucesso da empreitada: a jornalista Suyenne Correia, do Jornal da Cidade, a gerente do Cinemark na época, Clara, e o professor Ítalo, do Colégio Atheneu, que sempre levava seus alunos às sessões, representando o público expectador. A primeira Sessão do Cine Cult aconteceu no dia 15/06/2007 com a exibição do filme coreano “O Hospedeiro”, de Bong Joon-Ho, no Cinemark do Shopping Jardins, em Aracaju, e a partir daí expandiu-se para 25 Complexos da rede em todo o Brasil. As comemorações continuam hoje, no Capitão Cook, com uma festa onde se apresentarão as bandas Plástico Lunar e Nantes e o cantor e compositor Deilson Pessoa.
“Incêndios” está em cartaz no Cinemark do Shopping Riomar, em Aracaju, em sessões diárias, às 14:00H.
por Adelvan

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