Nosso destino é nos unificarmos com todos os
latino-americanos por nossa oposição comum ao mesmo antagonista, que é a América
anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade europeia, a Nação
Latino-Americana sonhada por Bolívar. Hoje, somos 500 milhões, amanhã seremos 1
bilhão. Vale dizer, um contingente humano com magnitude suficiente para
encarnar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos
na humanidade futura.
Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós
mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. Tarefa muito mais
difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante.
Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma
tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude
populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e
cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização,
para se fazer uma potência econômica, de progresso autossustentado. Estamos nos
construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical,
orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque
incorpora em si mais humanidade. Mais generosa, porque aberta à convivência com
todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa
província da terra.
Darcy Ribeiro
1995
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