O Saloon é um novo espaço que vem abrindo suas portas para
as bandas alternativas de Aracaju – aqui não cabe tergiversação, pois qualquer
banda que fuja do figurino reggae/arrocha/mamãe eu vou tocar num evento de
Fabiano Oliveira, em Aracaju, é, definitivamente, ALTERNATIVA. Montou um
esquema que tem dado certo: é semi-aberto – a maioria do povo fica na rua, mas
há pequenos espaços cobertos no próprio bar e numa marquise de uma oficina ao
lado, para o caso de chuva – e não cobra nada, nem ingresso nem “couvert”. Você
só paga pela bebida, e é a bebida, imagino, que paga tudo, inclusive os cachês –
quero crer que eles existam, por menor que sejam – das bandas. Dá certo porque
com bebida o povo não regula: consome! E dando certo atrai, inclusive, garotas
bonitas. Haviam várias delas lá. Algumas, inclusive, perfeitamente vestidas no
clima da noite, estilo pin ups dos anos cinqüenta.
A Tody´s Trouble Band é, provavelmente, a melhor coisa que
aconteceu no cenário alternativo da cidade nos últimos tempos. E é lindo
assistir ao surgimento de uma banda nova e tão boa assim, quase que do nada, e
vê-la evoluir a cada apresentação. Estão afiadíssimos e com um repertório impecável
que mescla excelentes composições próprias – que já estão se tornando pequenos
hits da cena local – com versões bastante pessoais de clássicos que vão de “Bicho
de sete cabeças” a “Beber até morrer”, dos Ratos de Porão. Tudo executado com
muita empolgação, animação e pequenas doses de ironia “non sense” ao longo do
percurso.
O grande momento da noite, a meu ver, foi a execução de um clássico
absoluto da musica instrumental que eu nunca mais havia ouvido e de cujo
nome/autoria não conseguia me lembrar. Perguntei a Tody e ele responde
que era “O
milionário”, dos Incríveis - na verdade uma versão para "The
Millionaire", da banda inglesa (de Manchester!) The Dakotas. Mas a lista
de momentos antológicos foi longa, tanto que fui vencido pelo cansaço e
nem fiquei até o final - isso depois de uma hora e cacetada, já
partindo para as duas horas de som ininterrupto.
No caminho para casa, com um grau de satisfação que só uma boa noite de bom rock and roll - ou de sexo - pode proporcionar, me vieram à mente algumas reflexões: estávamos num bairro periférico da capital do menor estado de um país do terceiro mundo, mas estávamos nos divertindo com uma banda de rock sensacional que, falo sem medo de me equivocar, não fica nada a dever e é, inclusive, bastante superior a boa parte do que é incensado pela imprensa “especializada”. Então foda-se o complexo de vira-latas! Existe vida diferente e inteligente para além dos “caos” e “infernos” do Baixo Augusta! Sem querer desmerecer a opção da verdadeira legião de conhecidos meus que têm abandonado o barco supostamente amaldiçoado por um cacique rancoroso, fico por aqui mesmo, e fico feliz. Cada um tem seu caminho a seguir, mas eu ainda acredito na máxima de um velho poeta que li uma vez mas não lembro quem era: “o sentimento mais provinciano que existe é o desejo de sair da província”.
No caminho para casa, com um grau de satisfação que só uma boa noite de bom rock and roll - ou de sexo - pode proporcionar, me vieram à mente algumas reflexões: estávamos num bairro periférico da capital do menor estado de um país do terceiro mundo, mas estávamos nos divertindo com uma banda de rock sensacional que, falo sem medo de me equivocar, não fica nada a dever e é, inclusive, bastante superior a boa parte do que é incensado pela imprensa “especializada”. Então foda-se o complexo de vira-latas! Existe vida diferente e inteligente para além dos “caos” e “infernos” do Baixo Augusta! Sem querer desmerecer a opção da verdadeira legião de conhecidos meus que têm abandonado o barco supostamente amaldiçoado por um cacique rancoroso, fico por aqui mesmo, e fico feliz. Cada um tem seu caminho a seguir, mas eu ainda acredito na máxima de um velho poeta que li uma vez mas não lembro quem era: “o sentimento mais provinciano que existe é o desejo de sair da província”.
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