sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Putin, no quinto dos infernos ...


O mundo anda sensível, qualquer sopro lhe arrepia a pele marcada por acidentes, brutalidades, passeatas e ambições. Protestar contra a gestão de um presidente nas reentrâncias mais frias da geografia, por exemplo, pode render dois anos de prisão.

Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich, integrantes da banda Pussy Riot, foram condenadas por um tribunal russo depois de rezarem à Virgem Maria para que despachasse o mandato de Vladimir Putin para o quinto dos infernos. Segundo a acusação, a apresentação da banda em uma Igreja Ortodoxa não constituiu uma ação política, mas de ódio religioso. Para o promotor Alexei Nikiforov, “usar palavrões numa igreja é um abuso contra Deus”.

A pirraça do todo poderoso Putin contra as militantes punk, única motivação razoável para o processo, já dura alguns meses, mobilizando a opinião pública internacional. O alegado pecado, no entanto, não nasceu agora. Adão, Eva, maçã e serpente provam. As manchas mais escuras em minha consciência, também.

Caicó arcaico 

O meu peito é que nem o de Chico César: Catolaico. Descrença e fé. O medo do coisa ruim não impediu o menino vaidoso de minhas primeiras rebeldias de sussurrar um repertório completo de obscenidades na Igreja São José, enquanto o resto do colégio se empanturrava com o corpo de Cristo na Primeira Comunhão. Os anjinhos pintados na abóbada do edifício me desafiavam. Nunca fui de levar desaforo pra casa.

Muitos pesadelos depois da ofensa, firmei um acordo íntimo e transferi o julgamento que atormentava meu sono para instâncias superiores, escondidas atrás das cortinas misteriosas que guardam o segredo do universo. Percebi que as minhas contas com o criador são fichinha perto das promissórias assinadas por gente poderosa, costurada no terno. O presidente Putin, por exemplo, não perde por esperar. Se um palavrão vale três anos de xilindró aqui embaixo, melhor ele se reconciliar com a ideia de um estado laico. A alternativa é o fogo eterno.

NOTA: Ao lado, na foto, ativista do grupo ucraniano FEMEN comemora a derrubada de uma cruz ortodoxa num ato de protesto contra a condenação das Pussy Riot.

por Rian Santos






3 comentários:

A Wild Garden disse...

Excelente postagem, vou dividir com os meus. Sorte delas estarem lá do outro lado do mundo, aqui no Brasil seriam ignoradas e combatidas pelas próprias ''mulheres'' obedientes a seus machos machistas!

Anônimo disse...

Um bando de mulheres mal resolvidas e mal amadas. Seios de fora não é forma legítima de protesto, mas sim o símbolo de uma sociedade doente que só encolhe por conta de abortos e métodos contraceptivos mortais, estimulados por pessoas desiquilibradas. Fora o desrespeito pela religião alheia. Ridículo.

Adelvan Kenobi disse...

Sociedade "encolhendo" por conta de abortos e contraceção ???!!! Que delirio! A população mundial só faz aumentar. São 7 beilhões de seres, e contando ...