segunda-feira, 5 de setembro de 2016

"Relentless" - Sepultura, Toda a História ...

Foi lançada finalmente no Brasil a nova biografia de nossa maior banda: “Relentless – 30 Anos de Sepultura”, do escritor norteamericano (de origem polonesa) Jason Korolenko. Impossível não comparar com o já célebre – e há anos fora de catálogo – “Sepultura – Toda a História”, de André Barcinski e Silvio Gomes. O novo relato perde no texto – porque Barcinski é foda – mas ganha na abrangência, já que o primeiro saiu há mais de 15 anos, em 1999, quando eles ainda estavam se firmando em uma nova formação, com Derrick Green substituindo Max Cavalera nos vocais.

Mas perde também na parte iconográfica: a maioria das fotos do novo livro é bem ruinzinha. Fotos banais, do baixista Paulo fumando um cigarro fora do estúdio durante um intervalo nas gravações, por exemplo. O autor deve ter pretendido apresentar imagens inéditas, mas isso pouco importa se as mesmas são esteticamente ruins e/ou de pouca ou nenhuma relevância, nem um pouco merecedoras de figurar num registro histórico de tal envergadura.

Jason é um fã confesso e isso transparece na narrativa, que apresenta, em certos momentos, aquela reverencia exagerada típica de uma resenha de fanzine, o que deixa o livro com cara de “chapa branca”, apesar de não ser - não é uma "biografia autorizada", até onde eu saiba. Em todo caso, há de se reconhecer o esforço de contextualização do autor, especialmente na abertura, quando ele faz um apanhado da história do Brasil do século XX desde a ascensão de Vargas até o ocaso da ditadura militar, só pra explicar o clima político e social do país na época em que a banda surgiu, na metade da década de 1980. Suas análises e opiniões sobre cada disco, faixa a faixa, também são interessantes, apesar do evidente deslumbramento e falta de senso crítico. Faltou, também, um maior aprofundamento: muitos fatos importantes foram esquecidos ou tratados superficialmente. Por um lado, dá pra entender - é muita história pra contar, o livro teria que ter pelo menos umas 500 páginas para que fosse realmente abrangente - mas não deixa de ser uma pena.

Vale, no entanto, a leitura, especialmente se você é fã da banda. Recomendo, entretanto, que não se deixe de ler também o primeiro, que pode ser encontrado com relativa facilidade em sebos. É mais saboroso, porque Barcinski é mestre na narração de "causos" pitorescos e porque trata da fase que REALMENTE interessa, com Max. Sepultura com Derrick nunca conseguiu deixar de ser "apenas" uma banda extremamente profissional, dedicada e cheia de boas idéias, mas com resultados artísticos e comerciais aquém de seu potencial. Falta aquela química intangível, aquele fogo que se acendeu quando os irmãos Cavalera recrutaram o guitarrista Andreas Kisser e pariram seu primeiro grande disco, “Schizophrenia”, e que se extinguiu definitivamente, ao que tudo indica, quando eles se separaram logo após seu maior triunfo, o álbum “Roots”, um verdadeiro divisor de águas na história da música pesada mundial.

O lançamento tem passado estranhamente em branco, sendo pouco divulgado e/ou mencionado na mídia em geral. Nem o próprio Andreas fez qualquer comentário a respeito em seu programa de rádio, o "pegadas". Nunca o vi em nenhuma prateleira de livraria. Caso tenha interesse, há um exemplar a venda na Freedom, em Aracaju - Rua Santa Luzia, 151, centro. O meu. Comprei pela internet, e estou passando adiante.

A.

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