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Foto: Luisa Migueres / Terra
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The Sonics é uma daquelas bandas que surgiram, fizeram algum
barulho – tiveram pelo menos um hit "underground",
“The Witch” – e depois sumiram na poeira
da história. Ficariam para sempre no limbo do esquecimento se não estivessem, também, muito à frente do
seu tempo, o que fez com que se tornassem um objeto de culto extremamente
influente. Só para que se tenha uma idéia, Iggy Pop já disse uma vez que se não
fosse pelos Sonics, o Stooges não teria existido. Não precisaria dizer mais
nada, mas digo: The Cramps gravou
“strychnine” em seu álbum de estréia, “Songs
the Lord Tought us”.
The Fall a incluiu numa “peel session”. Kurt Cobain era
fã. Eles são de Tacoma, Washington. Na região de Seattle. Desnecessário dizer
que são, também, uma espécie de padrinhos, ou “avôs”, do grunge.
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Foto: Luisa Migueres / Terra
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É protopunk, rock de garagem sujo e distorcido produzido
muito antes da sujeira e da distorção tomarem conta do mundo. Falavam sobre
sexo, drogas e insanidade –
“psycho”! - entre acordes minimalistas e ritmos
primais quando o mundo se preparava para mergulhar na psicodelia – que logo levaria
ao rock progressivo – e no verão do amor hippie. Deram seu recado e se
separaram, em 1968. Uns foram para a universidade, outros entraram em outras
bandas. O saxofonista Rob Lind foi para o Vietnã. Combater. Fizeram aparições
esporádicas com formações improvisadas ao longo do tempo, até decidirem voltar
definitivamente no final da primeira década do século XXI. Em 2010 lançaram um
EP, “8”, com quatro musicas inéditas gravadas em estúdio – de Seattle, com
produção de Larry Parypa e Jack Endino - e quatro clássicos de seu repertório registrados
ao vivo. Anunciam para o próximo dia 31 de março o primeiro álbum de inéditas
em mais de 40 anos. Para comemorar, saíram em turnê pelo mundo. E começaram pelo Brasil
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Foto: Luisa Migueres / Terra
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Por São Paulo, mais precisamente. Show único e exclusivo.
Imperdível! Eu não perdi – por sorte, estava de viagem marcada para ver o
Ministry, que se apresentaria na mesma casa – Audio, na Barra Funda – na noite
seguinte. Também pela primeira vez no Brasil e com um único show. Duas noites
que prometiam. Muito.
A primeira promessa foi cumprida com louvor. Cheguei
atrasado mas consegui ingresso. A entrada foi tranqüila – havia fila apenas
para as cortesias. Era uma festa da Levi´s. Lá dentro, pouca gente – e olha que
a casa é pequena. Mas não por muito tempo: logo o ambiente estava completamente
tomado por um público ansioso que, no entanto, curtiu numa boa a apresentação
do Legendário Chucrobilly, de Curitiba. Bom show. Extremamente minimalista –
é uma “one man band” – e com uma sonoridade totalmente “hillbilly”.
Na sequencia, uma discotecagem – fraca – de João Gordo.Muita musiquinha japonesa esquisitinha. Achei chato.
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Foto: Luisa Migueres / Terra
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Um “coroa” sobe ao palco para averiguar as instalações – eu estava
colado lá, com meu camarada Andhye Iore, de Maringá. Uma garota mostra um LP,
em vinil, e dá a entender que quer autógrafos. Ele explica que não é da banda, mas
ela pede, por gestos, que ele leve o disco para os caras assinarem. Ele leva. E
trás, com as assinaturas. Ela fica feliz. Eu também. Estamos todos felizes. E a
felicidade explode de vez quando eles sobem finalmente ao palco, com um visual
totalmente antiquado – roupas indênticas, estilo “country” – mas um som poderoso,
apesar dos problemas técnicos com o
amplificador da guitarra. Começaram com
“Cinderella” sendo berrada a plenos
pulmões pelo vocalista/baixista Freddie Dennis, ex-Freddie and the Screamers,
the Kingsmen e
the Liverpool 5. Ele não
é da formação original, como o baterista, mas foda-se: puta vocal ácido!
Perfeitamente integrado. O outro vocal, mais “encorpado” e técnico, fica por
conta do tecladista, Gerry Rosile – este, sim, membro fundador. Assim como o
guitarrista, Larry Parypa, e o ex-soldado e saxofonista Rob Lind. Que não se
fez de rogado e já foi logo sacando do bolso uma gaita que tocou de forma visceral.
A casa quase veio abaixo ...
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Foto: Luisa Migueres / Terra
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Já na segunda ou terceira música o palco foi invadido por
garotas que dançavam ao som da banda, sem atrapalhar o show. Coisa linda de se
ver. Pena que a festa não duraria: a equipe de segurança tratou de por ordem na
casa. Na medida do possível, pois o público estava realmente insano e conseguiu
passar a energia para o palco. Com direito, inclusive, a vários “crowd surfing”!
Parecia show de Hard Core! Lind, o saxofonista, era também o encarregado de se
comunicar com a platéia e não conseguia esconder a cara de satisfação.
Se despediu com um “goodbye, crazy
people”, depois de uma apresentação histórica
em que standards – tipo “loui loui” - foram executados ao lado de composições
próprias cantadas por todos a plenos pulmões. Algumas novas, e muito boas.
Inclusive nos títulos: uma delas foi anunciada como “I don´t need no fucking
doctor”! Mais apropriado, impossível.
Uma daquelas noites para lavar a alma e ficar na memória de
quem presenciou.
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Foto: Luisa Migueres / Terra
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Para sempre!
A.
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