quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ói! TNT Rock & programa de rock

O mundinho “underground” sergipano nos trouxe duas surpresas nos últimos tempos: a primeira foi o surgimento da loja TNT Rock em Itabaiana, a primeira e, pelo menos que eu saiba, atualmente, única especializada em rock e “quitutes” alternativos do interior do estado – existe a Roots Rock & Cia. do camarada China, mas ela fica no Conjunto João Alves, em Nossa Senhora do Socorro, e Socorro não conta, é região metropolitana de Aracaju. A segunda foi o lançamento da “Ói”, primeira revista em quadrinhos produzida em Sergipe com uma proposta consistente e um planejamento de continuidade a médio e, quiçá, longo prazo. As duas apostas se cruzaram e se uniram no dia 02/02/2013, quando a Ói! foi lançada em Itabaiana. Lá mesmo, na TNT Rock.

A TNT, de cara, já impressiona pela fachada, bem cuidada e com um letreiro que chama a atenção. Por dentro, é um ambiente aconchegante, limpo e bem organizado, com um visual sóbrio e elegante, e as mercadorias são acondicionadas em prateleiras bem acabadas. Dá pra perceber que tudo ali foi feito no capricho, sem resquícios da improvisação que costuma reinar neste tipo de empreendimento. Mas o que salta aos olhos e faz coçar os bolsos, realmente, é o acervo posto à venda. Além de itens mais recomendados a colecionadores fanáticos dispostos a vender a alma para tê-los em seu acervo, como a caixa com a coleção completa do Pink Floyd em CD´s remasterizados acondicionados em digipack e a de LP´s dos Beatles em vinil, é possível encontrar CD´s e LP´s (isso mesmo, em vinil. E novos! Alguns ainda lacrados!) nacionais e importados a preços camaradas. Meu brother Andye Iore, por exemplo, comprou um CD duplo, edição comemorativa, do primeiro dos Dead Kennedys, “Fresh fruit for rotting vegettables”, no mesmo dia em que eu adquiri uma edição gringa de “kaleidoscope”, do Siouxsie and The Banshees, que, que eu saiba, nunca saiu no Brasil. Deixei por lá, porque dinheiro não é capim, outra edição especial comemorativa, do primeiro do Napalm Death, “Scum”, com um DVD de bônus. Isso pra não falar dos CD´s e DVD´s de bandas independentes do cenário local, livros, quadrinhos e memorabilia, e do quadro com o desenho original do mascote que o Marcatti fez para a loja – que não está a venda, evidentemente.

Um bom público compareceu ao lançamento da “Ói”, que foi um sucesso. Estive presente e adquiri lá o meu exemplar. Trata-se de uma edição caprichada, em formatinho, com capa colorida e miolo em papel couchê. No recheio, uma história longa e algumas curtas. Abre com “Roboy”, de Rodrigo Costa, uma divertida aventura ambientada em Aracaju que brinca com conceitos tradicionais dos animes e mangás japoneses adicionados a inusitadas pitadas de crítica social! Segue com “O cara do terno”, de Alan Clécio, e “The Noir Samurai Tango”, de Rodrigo Seixas, que estampa também a capa da revista. Nesta última, a narrativa é fluida e ágil, com uma boa noção de espaço e continuidade em cenas de luta muito bem desenhadas. Segundo o próprio autor, o argumento surgiu de uma “batida no liquidificador” de suas influencias – notadamente Frank Miller – com alguns elementos com os quais ele estava tendo contato na época, convalescendo de uma catapora: tango argentino, filmes “noir” e pornochanchada nacional. O resultado, portanto, não poderia deixar de ser, no mínimo,  original …

Depois de mais uma historinha curta, “cuidado com ele”, de Rodrigo Costa – nitidamente inspirada no horror clássico de títulos como “Calafrio” e “Mestres do Terror” – temos, para encerrar, “Destroços”, de Neco. É uma brincadeira com o mito do Super-Homem – não o de Nietsche, o de Jerry Siegel e Joe Schuster, (des)apropriado pela DC. Periga ser a que tem o melhor argumento e os melhores diálogos, de todo o material apresentado nesta promissora primeira edição.

Numa entrevista feita lá mesmo na TNT e que você confere abaixo, em vídeo, e em outra que foi ao ar sábado passado no programa de rock – cujo set list, excepcionalmente, não disponibilizarei, porque foi feito de forma improvisada, usando os arquivos do servidor da radio, já que eu, estupidamente, esqueci o pendrive com a programação inédita – eles nos contaram, passo a passo, os percalços pelos quais passaram para ver seu sonho tornado realidade. Começando pela boa recepção do número zero, que teve duas tiragens de 100 exemplares cada vendidas rapidamente, e passando pela peregrinação às gráficas da cidade, totalmente despreparadas e desinformadas do que seria o produto a ser contratado – numa delas foi-lhes perguntado, acreditem, o que era uma revista em quadrinhos! Em outra, foi-lhes proposto que o material fosse impresso em papel plastificado, o que resultaria num calhamaço que certamente teria que ser grampeado em regime de impacto industrial!

Se disseram também bastante satisfeitos com o resultado final, impresso na Gráfica e Editora J. Andrade (não é mechandising, é informação), e com a recepção do público. A revistinha está vendendo bem, apesar da distribuição naturalmente precária. Para tentar solucionar o problema, procuraram parcerias nas livrarias da cidade. Numa delas, local, foram solenemente ignorados. Noutra, filial de uma grande rede nacional, tiveram boa acolhida, ficando quase certa a distribuição da segunda edição – dependendo da tiragem, nacionalmente! A conferir …

A “Ói” pode ser encontrada, em Aracaju, na “Coxinharia”, que fica na Avenida Pedro Paes de Azevedo, 809. Já a TNT Rock fica na Rua Professor Hilário de Melo Rezende, nos fundos do Colégio Murilo Braga, em Itabaiana. Via internet, entre em contato através do site da editora dos caras, a Darcel comic - http://darcelcomics.blogspot.com.br/. O programa de rock, você sabe, vai ao ar todo sábado às 19H pela freqüência 104,9 FM em Aracaju e região. Pode ser ouvido ao vivo via internet em www.ideastek.net/aperipefm

por Adelvan










Nenhum comentário: