segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Inimigos de seu inimigo ...

Já estava começando a achar que a idéia do “clandestino” seria mais uma a não ter continuidade, a “morrer na praia”, quando surge na net, via Facebook, a informação de que a terceira edição estava engatilhada, desta vez com a presença da Leptospirose, sensacional banda de Hard Core “non sense” de Bragança paulista. Com abertura da Renegades of punk.

A regra é divulgar o local do evento apenas algumas horas antes da apresentação, portanto quem quiser ficar informado tem que ficar de olho nas redes sociais. Aconteceu novamente na orla, desta vez no Skate park Cara de Sapo. Cheguei com uns 20 minutos de antecedência e já havia um bom público presente. A noite prometia ...

A estrutura, precária porém decente, foi montada em cima de uma das “piscinas” do parque, o que foi uma ótima idéia, até porque conseguiu resolver o problema do ruído do gerador, que muitas vezes se confundia com o som das próprias bandas – como ele ficou embaixo da estrutura de concreto que abriga as “piscinas”, o barulho foi desviado pela corrente de ar que vinha do mar. Só dava um pouco de medo de que alguém caísse lá de cima na hora da empolgação, o que seria lamentável mas, felizmente, não aconteceu.

Som minimamente equalizado (com a guitarra não teve jeito, ficou meio “Xôxo”, mas deu pra levar), começa a bagaça. Já havia visto a Leptospirose em ação em duas outras ocasiões: uma aqui mesmo, em Aracaju, e outra no Abril pro rock deste ano, em Recife. Foi mais do mesmo, e do bom, só que num novo cenário e com um clima alto astral contagiante, pois não parava de chegar gente e todos pareciam felizes em estar ali presentes. Os caras fazem um som rápido e pesadíssimo, mas sem espaço pra tosquices além da que é devidamente inserida no contexto. Tocam muito! Todos eles! E tocam com muito gosto. E foi lindo, e todo mundo curtiu e aplaudiu. Na comissão de frente, a turma do gargarejo não se fez de rogada e se jogou no pogo, Slam Dancing e “mosh invertido”.

No intervalo, Daniela me confessa uma certa apreensão ao dizer “e agora, como é que a gente vai tocar depois disso?”, mas ela estava enganada. Os capetas do rock baixaram bonito na banda inteira, mas especialmente nela, uma grande “front woman” – é só olhar as fotos pra notar a expressão de satisfação na cara de todos, mas especialmente na dela. Tocou e cantou e gritou como nunca, perfeitamente entrosada com  a poderosa cozinha pilotada por João Mario e Ivo Delmondes, e com isso voltou a empolgar a galera, que realmente tinha dado uma “morgada”. Destaque para o cover de “O inimigo”, das Mercenárias, e para as intervenções desarticuladas de Badaró, legendário punk rocker de Itabaiana, ao microfone. Acho que ninguém entendeu nada do que ele disse, mas todos curtiram e aplaudiram.

Foi lindo. Melhor edição até agora, com o maior e melhor público. Não parava de chegar gente! A impressão que se tinha é que, se a festa durasse a noite inteira, iria reunir uma verdadeira multidão. Chegou perto.

Mas não dá. O inimigo está sempre por ali, rondando, e desta vez passou perto: viaturas da Policia Militar e do temido GETAM, Grupamento Especial Tático de Motos, auto-denominado “a cavalaria de aço da PMSE”, circularam pelo local. Com olhares curiosos para a aglomeração, mas sem nenhuma abordagem, para o bem de todos e felicidade geral da nação “roqueira”.

Show do ano em Aracaju, até o momento. Qualquer dia tem mais. Fiquem de olho ... 

Fotos: Dillner Bansky
Texto: Adelvan


Inimigo

Mercenárias

voce não sabe quem é seu inimigo.
voce está completamente perdido.
perde tempo arrochando meu amigo.
perde tempo esmurrando meu amigo.

de que adianta arranjar treta comigo
se sou inimigo do seu inimigo,
se estamos todos por baixo das mesmas garras
das mesmas garras.

inimigo seu é quem sabe não voce.
perdido completamente está voce.
amigo meu arrochando tempo perde.
amigo meu esmurrando tempo perde.

adianta que do comigo treta arranjar
inimigo seu do inimigo sou se
baixo por todos estamos de
garras mesmas das...

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