Por Adelvan Kenobi
E eis que finalmente chega o grande dia. Dirijo-me à ATPN com as já tradicionais 1 hora e meia de atraso, ainda a tempo de ouvir à distancia o ensurdecedor som da INRIsorio. Entro para ver a banda, a esta altura já perto do final de sua apresentação – não sem antes reencontrar, na porta, os amigos de longa data, alguns especialmente sumidos dos shows “corriqueiros”, digamos assim. (aparecem apenas em ocasiões especiais, como esta). E dá-lhe lembranças de um passado quase sempre divertido, reminiscências de roqueiros veteranos sempre regadas a doses fartas da boa e velha tríade sexo, drogas e rock and roll – uns mais pro sexo, outros mais pras drogas, outros apenas com o rock and roll.
INRIsorio no palco tem uma grande qualidade e um grande defeito. A qualidade é a precisão e a potencia com as quais executam suas musicas – realmente impressionante. Uma banda, tecnicamente, de grande qualidade – especialmente seus guitarristas, que trabalham numa sincronia perfeita em riffs matadores durante todo o tempo da apresentação, sem pausa para descanso. Death grind de primeira, como poucas vezes se viu por estas paragens. No que pecam, no entanto, é na postura de palco, quase sempre muito estático e desleixada. O tipo de som que fazem exige uma entrega maior, uma perfomance ensandecida e desregrada, para que possa contagiar a platéia. O resultado é que, na maioria das vezes, o publico em seus shows é um tanto quanto apático, o que é lamentável, pois não reflete a potencia de som despejada em seus ouvidos pela banda. Mas o saldo final acaba sendo positivo. Bom show.
Na seqüência a já tradicional e sempre bem vinda presença da Karne Krua, em mais uma formação, desta vez mais afeita às origens Hardcore da banda, mas tendo sempre à frente a presença carismática de Sylvio – a esta altura já uma figura emblemática do rock sergipano, com sua longa cabeleira grisalha e suas gesticulações teatrais – basta dizer que numa dessas “Derrota”s (ou outra festa a fantasia cujo nome me falha à memória) da vida um individuo compareceu fantasiado de Sylvio, a saber, com uma peruca grisalha na cabeça e uma guitarra a tiracolo. A nova formação está cumprindo muito bem a tarefa de trazer de volta a Karne krua às suas origens, produzindo um som urgente e pesado para os já tradicionais Hinos de rebeldia entoados desde os confins dos anos 80. Grande show.
Mas a noite, evidentemente, era do Ratos de Porão. E eis que depois de uma longa espera, eles aparecem, despejando uma barulheira ensurdecedora já na abertura do show – cuja primeira palavra proferida pelo vocalista João Gordo foi: “Aê Aracaju, até que enfim ! “. E tome “Pedofilia Santa”, uma das faixas mais potentes de seu ultimo álbum, “Homem Inimigo do homem” – e também um tapa na cara dos que se deixam levar pela fé cega. Terminado o primeiro som, o Gordo finalmente explica o que realmente aconteceu naquela fatídica noite do meio dos anos noventa. Ele disse que foi tirar um cochilo antes do show no hotel em que estavam hospedados e só acordou no dia seguinte pensando: “puta que pariu, fudeu, não teve show”. O “produtor” simplesmente largou eles lá e não deu mais noticias. Mas que hoje a banda iria tirar o atraso. E a partir daí começa um massacre impiedoso de musicas de todas as fases, desde o inicio tosco e punk de antes do “Crucificados pelo sistema”, passando por “cérebros atômicos”, “Morte ao Rei”, “crocodila”, “Beber até morrer” e muitas, muitas outras. Uma hora e meia de show, aproximadamente, sem grandes contratempos, a não ser a já tradicional rusga entre indivíduos mais exaltados da platéia e seguranças nervosos, o que fez a banda parar o show, meio a contragosto do gordo, que fala no microfone já estar cansado dessa mesma historia, sempre. O som estava muito bom, o publico animado e a banda instigada – inclusive o Gordo, notoriamente sempre mal-humorado, hoje em dia parece mais desencanado – já tinha notado isso no ultimo Abril pro rock e senti isso também nesse show – ele até reserva alguns momentos para brincar com a platéia, perguntando se estão cansados e coisas do tipo. Foi uma noite de celebração de energia rock pra ficar na memória dos (infelizmente) poucos (na verdade nem tão poucos, mas claramente abaixo da expectativa de publico) que compareceram.
A noite foi fechada com mais porrada no pé do ouvido por conta do Death Metal brutal “a la” Cannibal Corpse e derivados promovido pela Signo of Hate. O saldo seria amplamente positivo, não fosse a posterior noticia de que os organizadores, mais uma vez, tomaram prejuízo e anunciaram uma possível e precoce “aposentadoria” na promoção de shows deste tipo, o que confirma a máxima proclamada pelos Retrofoguetes num punka passado, pois segundo eles, “como já dizia irmã Dulce: Quem tá no rock é pra se fuder”. Especialmente quem ta no rock em Aracaju, que sempre teve um publico muito volúvel e instável, às vezes comparecendo em massa, ás vezes sumindo sem nenhuma explicação aparente. É uma pena constatar que, no final das contas, as coisas realmente mudam para continarem na mesma.
E eis que finalmente chega o grande dia. Dirijo-me à ATPN com as já tradicionais 1 hora e meia de atraso, ainda a tempo de ouvir à distancia o ensurdecedor som da INRIsorio. Entro para ver a banda, a esta altura já perto do final de sua apresentação – não sem antes reencontrar, na porta, os amigos de longa data, alguns especialmente sumidos dos shows “corriqueiros”, digamos assim. (aparecem apenas em ocasiões especiais, como esta). E dá-lhe lembranças de um passado quase sempre divertido, reminiscências de roqueiros veteranos sempre regadas a doses fartas da boa e velha tríade sexo, drogas e rock and roll – uns mais pro sexo, outros mais pras drogas, outros apenas com o rock and roll.
INRIsorio no palco tem uma grande qualidade e um grande defeito. A qualidade é a precisão e a potencia com as quais executam suas musicas – realmente impressionante. Uma banda, tecnicamente, de grande qualidade – especialmente seus guitarristas, que trabalham numa sincronia perfeita em riffs matadores durante todo o tempo da apresentação, sem pausa para descanso. Death grind de primeira, como poucas vezes se viu por estas paragens. No que pecam, no entanto, é na postura de palco, quase sempre muito estático e desleixada. O tipo de som que fazem exige uma entrega maior, uma perfomance ensandecida e desregrada, para que possa contagiar a platéia. O resultado é que, na maioria das vezes, o publico em seus shows é um tanto quanto apático, o que é lamentável, pois não reflete a potencia de som despejada em seus ouvidos pela banda. Mas o saldo final acaba sendo positivo. Bom show.
Na seqüência a já tradicional e sempre bem vinda presença da Karne Krua, em mais uma formação, desta vez mais afeita às origens Hardcore da banda, mas tendo sempre à frente a presença carismática de Sylvio – a esta altura já uma figura emblemática do rock sergipano, com sua longa cabeleira grisalha e suas gesticulações teatrais – basta dizer que numa dessas “Derrota”s (ou outra festa a fantasia cujo nome me falha à memória) da vida um individuo compareceu fantasiado de Sylvio, a saber, com uma peruca grisalha na cabeça e uma guitarra a tiracolo. A nova formação está cumprindo muito bem a tarefa de trazer de volta a Karne krua às suas origens, produzindo um som urgente e pesado para os já tradicionais Hinos de rebeldia entoados desde os confins dos anos 80. Grande show.
Mas a noite, evidentemente, era do Ratos de Porão. E eis que depois de uma longa espera, eles aparecem, despejando uma barulheira ensurdecedora já na abertura do show – cuja primeira palavra proferida pelo vocalista João Gordo foi: “Aê Aracaju, até que enfim ! “. E tome “Pedofilia Santa”, uma das faixas mais potentes de seu ultimo álbum, “Homem Inimigo do homem” – e também um tapa na cara dos que se deixam levar pela fé cega. Terminado o primeiro som, o Gordo finalmente explica o que realmente aconteceu naquela fatídica noite do meio dos anos noventa. Ele disse que foi tirar um cochilo antes do show no hotel em que estavam hospedados e só acordou no dia seguinte pensando: “puta que pariu, fudeu, não teve show”. O “produtor” simplesmente largou eles lá e não deu mais noticias. Mas que hoje a banda iria tirar o atraso. E a partir daí começa um massacre impiedoso de musicas de todas as fases, desde o inicio tosco e punk de antes do “Crucificados pelo sistema”, passando por “cérebros atômicos”, “Morte ao Rei”, “crocodila”, “Beber até morrer” e muitas, muitas outras. Uma hora e meia de show, aproximadamente, sem grandes contratempos, a não ser a já tradicional rusga entre indivíduos mais exaltados da platéia e seguranças nervosos, o que fez a banda parar o show, meio a contragosto do gordo, que fala no microfone já estar cansado dessa mesma historia, sempre. O som estava muito bom, o publico animado e a banda instigada – inclusive o Gordo, notoriamente sempre mal-humorado, hoje em dia parece mais desencanado – já tinha notado isso no ultimo Abril pro rock e senti isso também nesse show – ele até reserva alguns momentos para brincar com a platéia, perguntando se estão cansados e coisas do tipo. Foi uma noite de celebração de energia rock pra ficar na memória dos (infelizmente) poucos (na verdade nem tão poucos, mas claramente abaixo da expectativa de publico) que compareceram.
A noite foi fechada com mais porrada no pé do ouvido por conta do Death Metal brutal “a la” Cannibal Corpse e derivados promovido pela Signo of Hate. O saldo seria amplamente positivo, não fosse a posterior noticia de que os organizadores, mais uma vez, tomaram prejuízo e anunciaram uma possível e precoce “aposentadoria” na promoção de shows deste tipo, o que confirma a máxima proclamada pelos Retrofoguetes num punka passado, pois segundo eles, “como já dizia irmã Dulce: Quem tá no rock é pra se fuder”. Especialmente quem ta no rock em Aracaju, que sempre teve um publico muito volúvel e instável, às vezes comparecendo em massa, ás vezes sumindo sem nenhuma explicação aparente. É uma pena constatar que, no final das contas, as coisas realmente mudam para continarem na mesma.