quarta-feira, 9 de maio de 2007

Dicas de Cinema Brasileiro




Eu queria muito assitir o BAIXIO DAS BESTAS, o novo filme de Cláudio Assis (Amarelo Manga). Tanto que me sujeitei pacientemente à falta de respeito do Cinemark, que transferiu o Festival CURTA-SE (em cuja programação o filme estava inserido) para uma sala menor por conta da estreia do Homem Aranha, o que resultou num atraso de1 hora e meia ou mais. Depois de uma seqüência de curta-metragens que durou ao todo quase duas horas (seqüência razoável, um tanto quanto irregular mas no geral interessante), eis que chega a hora de anunciar o longa. Antes, uma surpresa (pelo menos para mim, desinformado): o figuraça estava lá em pessoa e ia dizer umas palavras. Mandou o cinemark tomar no cu e se mostrou indignado pelo festival ser segregado a uma sala minúscula por conta da tarântula hollywoodiana. E de quebra reclamou de Lula que obedientemente baixou a cabeça ante à ordem do senhor imperial para que se plante mais cana (Veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Oh2I1KVgJaE ). Luzes apagadas, começa a sessão. Caralho, que porra é essa ? Tem alguma coisa errada, a imagem aparece distorcida. E os energúmenos que operam o projetor parecem nem notar, só param a exibição diante dos berros do diretor em pessoa. E tome mais uma espera de meia hora. Mas valeu a pena. O filme é cruel e ultra-realista, não faz concessões. Um caldo de cultura resultante da ignorância e da má distribuição de renda resulta numa vida dura, violenta e sem perspectivas para as pessoas de baixa renda da zona da mata pernambucana. Especialmente para as mulheres, ininterruptamente violentadas de todas as formas possíveis, tanto física quanto psicologicamente. Excelentes atuações de atores globais como Caio Blat, Mateus Nachtergale e Dira Paes, mas o destaque vai certamente para a atriz Mariah Teixeira (também presente ao evento), que faz o papel da adolescente explorada sexualmente pelo avô. Meu único senão é que, a meu ver, as cenas de violência poderiam ter sido mais realistas. Há algo de contido nas perfomances dos atores. Talvez seja impressão minha, ou talvez depois de IRREVERSIVEL meu nível de exigência de veracidade em cenas de estupro esteja num patamar mais alto. Mas acho que o filme pedia por isso, as cenas chocantes são importantes para ressaltar a brutalidade da trama. É um “defeito” menor, no entanto – se é que é um defeito, não sei. Vale muito a pena. Parabéns ao Cláudio por mais um filme corajoso. Eis que nasce um novo herói do cinema nacional.

O CHEIRO DO RALO – Sensacional. Diálogos brilhantes, trama inusitada e excelentes atuações – inclusive do autor do livro, Lourenço Mutarelli (por um acaso, o maior autor de quadrinhos brasileiro vivo), aqui fazendo o papel de um segurança. Mas o filme é mesmo de Selton Melo. Esse é O cara.



Ó PAÍ Ó – O povo precisa se ver no cinema, por isso fico feliz quando vejo um filme de inegável apelo popular que é ao mesmo tempo divertido e bem acabado sem subestimar a inteligência do espectador. Críticos intelectualoides têm torcido o nariz para esse filme, mas pau no cu deles. É muito bom. Lázaro Ramos, pra variar, arrasa. As perfomances dos demais atores, do olodum, são um tanto quanto teatrais mas não comprometem o andamento do filme. Aliás esse filme é um dos poucos que vi que parecem uma peça filmada mas que, no final, funciona. Assista sem preconceito e divirta-se. Ou não.



CAIXA DOIS – Já esse aqui é teatro filmado e como de praxe não funciona. Típico filme global, com cara de especial de televisão. Não chega a ser de todo ruim, mas não vale nem o preço de uma locação. Assista quando passar na globo, se não tiver nada melhor para fazer.





2 FILHOS DE FRANCISCO – Esse filme foi quase que uma unanimidade na época de seu lançamento. O povo adorou e a intelectualidade aprovou, louvando o exemplo edificante da busca por um sonho e blah blah blah. Todos insistiam em ressaltar que não era uma reles promoção da dupla sertaneja. Bom, pra mim é. O filme é permeado por canções da dupla. È piegas, choroso e arrastado. Chato até a medula. Filme para comover as massas e faze-las acreditar no sonho da livre iniciativa – a “american dream”. Lixo comercial.