segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Leonardo Panço é "gente que faz"
Li ontem, de uma sentada só (é apenas a segunda vez que eu consigo fazer isso em minha vida, a primeira foi com a biografia do Sepultura escrita pelo André Barcinsky), o segundo livro de Leonardo panço, "Caras dessa idade já não lêem manuais". Recomendo muito. Toda a verve ácida desse verdadeiro guerreiro do submundo roqueiro brasileiro em crônicas baseadas em fatos reais ou fantasiosos, porém com os dois pés fincados na "vida como ela é". Sexo, rock and roll (especialmente Interpol) e ... cachorros. Leia mais sobre na entrevista abaixo, extraida do e-zine http://moshinfuria.wordpress.com/
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Saudações a todos, após um bom recesso regado a bebedeiras e muita diversão voltemos aos trabalhos para este o ano de 2009!
E logo de cara pra esculhambar geral, trazemos a você visitante miguxito um “bate-papo” com Leonardo Panço, guitarrista da banda Jason, jornalista e escritor que acaba de lançar seu segundo livro intitulado de “Caras dessa idade não lêem manuais” pela Tamborete Records, gravadora de pequeno porte do próprio que apesar de tantas dificuldades encontradas se mantém de pé no meio underground.
Bem, esperamos que vocês curtam a “entrevista”, pois a mesma foi feita com muita dedicação, pois apesar de sermos amadores saibam que fizemos o possível pra que tudo ocorresse da melhor maneira.
MIF. Então panço, você parece ser um cara bem envolvido com aquilo que faz. Poderia nos dizer quando começou seu interesse não só pela música, mas pelo selo, literatura e todos os projetos em que você está envolvido.
Panço. Creio que pela música, tem muito tempo. Comprei o compacto da Blitz que tinha “Você não soube me amar” em 82, logo depois comecei a ouvir os roqueiros dos anos 80, fui no show do Ultraje em 85, do RPM, Legião, Biquíni. Vem de muito tempo. Até que em 86, 87, comecei a ouvir Replicantes e Garotos Podres e tudo mudou. Literatura não estou certo, mas eu leio e escrevo desde os 3 anos, minha tia me ensinou em casa. Minha mãe fala q eu andava com uma bolsa de livros e cadernos desde essa idade aí. Gravadora eu descobri que podia fazer isso há uns 12, 13 anos atrás mais ou menos. Comecei lançando umas fitas cassete como Panço Records e depois mudou pra Tamborete. Gosto da idéia de lançar o trabalho de outras pessoas. Acho uma pena que a maior parte delas, goste menos do que eu, porque quase todas não se esforçam quase nada. A Tamborete é bem pequena, realmente não é a melhor gravadora do Brasil nem de perto, mas os músicos lançam o disco, acabam a banda logo em seguida e pronto. Não dão à mínima se o CD tá ali numa estante apodrecendo.
MIF. Você acaba de lançar seu segundo livro intitulado “caras dessa idade não lêem manuais”. Do que se trata? Como está sendo feito à divulgação? Tem tido uma boa recepção pelo público?
Panço. Ele tem 46 crônicas e contos, mas não tem um assunto específico não. São relatos de viagens, tem ficção, tem mentiras, tem tudo. Fiz uma tour de 30 dias por sete estados e 13 cidades em novembro para promover o bichinho e alguns eventos no rio e um em Resende, no interior. Agora essa semana consegui finalmente enviar o livro para um monte de gente de imprensa e espero ir para o nordeste em seguida. Acho que tem tido uma boa recepção sim, mas não tá nem próximo do que eu preciso. Ainda está no começo, espero que melhore bastante. Tem tudo para isso acontecer com as resenhas saindo, essa entrevista e espero que muitas outras.
MIF. Sua publicação anterior “Jason, 2001 - uma odisséia na Europa” era um relato sobre a primeira tour européia da banda. Houve alguma contribuição direta ou indireta desta publicação no seu ultimo livro?
Panço. Acho que o que teve, foi à vontade de que o novo fosse diferente do primeiro. Menos relato, menos verdade, menos primeira pessoa, menos diário. Queria enganar mais as pessoas, nem tudo tem que ter acontecido e ser um fato.
MIF. Os selos e distros são uma ótima opção de apoio às bandas mais undergrounds. Com a disponibilização de álbuns para download na internet você acha que os mesmos perderam um pouco da sua forca? Existe alguma maneira de se adequar a essa realidade?
Panço. Pra mim as coisas já vinham devagar, já não conseguia vender muita coisa mesmo, então o download só enterrou, quase de vez. Quem gosta muito, ainda compra CDs, não sei até quando. Dizem que vão abrir uma fábrica de vinil aqui no rio. Caso isso aconteça, espero poder lançar alguns dos meus discos em LPs e pensar em projetos especiais, com tiragens limitadas. SMD também é legal, bem baratinho.
MIF. O Jason tem um público muito fiel aqui no nordeste, a que se deve toda essa identificação (se assim podemos chamar) entre a banda e o público nordestino?
Panço. Realmente não sei ao certo. Acho fantástico e todos nos orgulhamos muito dessa ligação com o nordeste. Já fizemos quase 80 shows por aí, então realmente é muito bom. Não sei se pela agressividade do som, pelas letras. Difícil dizer. Só espero que possamos voltar um dia, o que no momento realmente não é possível.
MIF. As preparações para o ultimo álbum do Jason, o “Regressão”, duraram pouco mais de um ano pelo que vemos no encarte. Mesmo com toda a experiência, quais as principais dificuldades encontradas pela banda durante este processo?
Panço. Foi o disco mais difícil de fazer por n motivos. Era o primeiro sem Vital e Flock para ajudar a compor. Eles só entraram em uma segunda fase do processo, colocando melodias e voz e letras, respectivamente. Ficou tudo mais em cima de mim, o que não estava acostumado, nem interessado em que acontecesse. Desouza acabou ajudando com riffs, etc. Tinha o fato de que durante o período de composição, fomos para Europa tocar, para o nordeste, eu trabalhava de noite e os outros dois dormiam de noite. Daí eu dormia e eles acordavam. N coisas.
MIF. Para o ano de 2009, podemos esperar por mais projetos do panço Jornalista e escritor ou do guitarrista? Há também alguma novidade da Tamborete para este ano?
Panço. É difícil dizer, mas tudo indica que escritor vai estar acima de tudo, mais ou menos perto de assessor de imprensa, pelo que tem acontecido até agora, as previsões. Realmente tocar tem ficado cada vez mais difícil.
MIF. Gostaríamos de agradecer a oportunidade e fique a vontade para suas considerações finais.
Panço. É muito difícil conseguir espaço para divulgar um livro no Brasil. As pessoas não lêem, muito mal foram alfabetizadas, então sempre é bom aparecer alguém interessado num trabalho assim. Obrigado pela atenção.
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