terça-feira, 8 de julho de 2014

DEP* Plínio de Arruda Sampaio

O ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio morreu nesta terça-feira 8, em São Paulo, aos 83 anos. Membro da direção nacional do PSOL, ele estava internado no Hospital Sírio Libanês desde maio, em função do tratamento de um câncer ósseo, mas não resistiu à doença.

Plínio ficou conhecido nacionalmente depois de se candidatar à Presidência da República pelo PSOL em 2010. O socialista, no entanto, teve um papel mais importante na militância pela reforma agrária. Presidente de honra da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), fundada em 1967, Plínio foi o relator do projeto de reforma agrária do governo João Goulart e, por anos, atuou desenvolvendo trabalhos para a causa na Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO/ONU).

Nascido em São Paulo, em 1930, Plínio fez o colegial no Rio Branco e depois se formou em direito no Largo São Francisco, faculdade da USP (Universidade de São Paulo). O contato com a política veio ainda quando jovem, na época em que atuou na Juventude Estudantil Católica. Mais tarde, a militância o levou a ser presidente da Juventude Universitária Católica.

Depois de trabalhar como promotor público, foi eleito deputado federal pelo antigo Partido Democrata Cristão, em 1962. Tinha orgulho de dizer que relatou o projeto de reforma agrária do Governo João Goulart, o que lhe rendeu a cassação do mandato em 9 de abril de 1964. Nos anos 1970, em função do regime militar, teve de se exilar no Chile, onde trabalhou na Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO/ONU), desenvolvendo projetos de reforma agrária.

De lá, ele foi transferido para os Estados Unidos e, só em 1976, voltou ao Brasil. Ao chegar, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores e foi deputado federal em 1985. Na Constituinte, em 1988, foi relator do capítulo do Poder Judiciário. Dois anos depois, Plínio foi indicado pelo PT para ser candidato ao governo do Estado de São Paulo, mas perdeu. Em 2005, após o escândalo do “mensalão”, ele deixou a legenda.

“Era impossível reverter o curso de adaptação à ordem. Não foi uma ruptura feliz. O PT foi o primeiro partido de massas criado longe dos tapetes e palácios no Brasil, gestado nas comunidades de base da igreja católica e nos sindicatos. Mas, como costumo dizer, não fui eu que saí do PT. Foi o PT que saiu de mim”, explicou, certa vez, em texto no seu blog pessoal.

No mesmo ano ele ingressou no PSOL, com outros ex-petistas, e passou a integrar a direção nacional do partido socialista. Plínio também foi escolhido candidato ao governo de São Paulo, em 2006, e à Presidência da República, em 2010, quando se destacou em debates televisivos contra Dilma Rousseff, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o ex-governador de São Paulo José Serra. Nos últimos anos, voltou a se manifestar publicamente depois das manifestações de junho de 2013, que ele apoiou ao participar de passeatas em São Paulo. Sem cargos públicos ou planos de se candidatar, ele se dedicava, ultimamente, ao jornal eletrônico Correio da Cidadania. (#)

(#*) Parlamentares e políticos comentaram nesta terça-feira (8) a morte do ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP), que morreu aos 83 anos, em São Paulo. Ele estava internado para tratar um câncer ósseo. Confira abaixo repercussão. 

Chico Alencar (PSOL-RJ), deputado federal: "A vida de Plínio foi plena. Nosso Plínio de Arruda Sampaio partiu no exato momento em que havia um Brasil inteiro reunido em torno de uma mesma expectativa. Ele queria ainda mais: um povo que pudesse transitar de seus desejos individuais, pequenos, para um sonho coletivo, de justiça e igualdade, realmente duradouro. Temos o dever de continuá-lo. Plínio e a luta por um Brasil solidário e fraterno vivem!" (pelo Facebook) 

Cristovam Buarque (PDT-DF), senador: "Eu conheci Plínio no exlílio, em Honduras. Eu morava lá e ele passou fazendo um trabalho pelo Banco Interamericano. Criei uma admiração muito especial por ele. É um dos políticos com mais consciência dos problemas brasileiros e com propostas para fazer um país mais eficiente e mais justo. Eu senti muito." 

Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado: "O Brasil perde um grande homem público, um patriota acima de tudo, com espírito de nacionalidade muito grande. Tenho uma grande admiração por ele, foi um homem com momentos marcantes na vida política brasileira." 

Eduardo Suplicy (PT-SP), senador: “Visitei ele anteontem, e estive com a esposa e filhos. Ele estava numa situação bastante grave. Ele é uma pessoa extraordinária, foi um excelente deputado federal, uma pessoa de extraordinário valor. Sinto muito por isso e expresso a minha solidariedade. Eu vou logo estar no velório e farei um discurso em homenagem a ele no Senado.”

Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado: "Foi um grande brasileiro, homem íntegro, com uma historia belíssima. Vai fazer muita falta à questão política e da ética no Brasil." 

Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo: "Plínio de Arruda Sampaio dedicou sua vida a um Brasil justo, solidário e democrático. Foi um promotor de Justiça exemplar; um deputado constituinte vibrante; um homem público de convicções. Em nome dos paulistas, deixo meus sentimentos à sua família." (por nota oficial) 

Ivan Valente (SP), líder do PSOL na Câmara: "Para mim, que fui companheiro do Plínio, desde a fundação do PT, e depois na ida para o PSOL, nós travamos uma luta na saída do PT, e sem dúvida é uma perda muito grande. Um grande companheiro, que foi, assim, um camarada que prestou grandes serviços ao povo brasileiro. E mais do que isso, é uma referencia para a juventude brasileira, aos 83 anos, fez coisas memoráveis para o PSOL. Além de ser um amigo, camarada, irmão." 

José Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado: "Fui colega dele na Constituinte, quando [Plínio] era do PT. Era uma figura moderna naquela época do PT radical. É um político de qualidade e teve destaque especial na Constituinte. Na época que o PT votava contra tudo, ele votava pela racionalidade. É uma perda lamentável para o mundo político." 

José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo: "Plínio de Arruda Sampaio foi um grande amigo. Isso resume minha relação com ele. Nos longos anos de exílio convivemos intensamente, em Santiago do Chile, em Washington, e na Universidade de Cornell. Dele e de sua mulher, Marietta, sempre recebi afeto e, quando foi necessário, solidariedade. Depois que voltamos ao Brasil, tomamos rumos diferentes na política, mas a relação básica de amizade sempre permaneceu. A mesma relação que tenho com seus seis filhos, que conheci desde que eram crianças. Plínio foi um político estudioso e coerente na prática de suas ideias. Ou seja, um político incomum." (por nota oficial) 

Luciana Genro, candidata do PSOL à Presidência da República: “Eu estava lá com a família dele, e justamente ele havia falecido alguns minutos antes. É uma notícia muito triste para todos nós do PSOL. Ele foi uma pessoa que se dedicou imensamente às causas em defesa do nosso povo. Fez um esforço enorme para representar PSOL nas eleições de 2010 e tenho muito orgulho de contar com o nome dele no manifesto em apoio a minha candidatura. Ele estava lúcido quando foi consultado para dar esse apoio. A gente tem muito orgulho de ter tido ele no PSOL e ele vai fazer muita falta." 

Luiz Araújo, presidente nacional do PSOL: "O PSOL se solidariza com os familiares de Plínio e ressalta que sentirá a ausência de um dos maiores lutadores socialistas e colaboradores do partido. Certamente, continuaremos levando adiante os ideais por justiça social, defendidos incansavelmente por ele." (por nota oficial) 

Luiza Erundina (PSB-SP), deputada federal: "A partida do Plínio Sampaio nos causa a nós, seus amigos e companheiros, uma profunda tristeza e ao Brasil, uma enorme perda." (pelo Twitter) 

Marina Silva (PSB-AC), candidata a vice-presidente: "Morreu hoje o ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio, aos 83 anos. Um homem de ideias, de caráter, a quem sempre respeitei por sua longa trajetória política em favor de um Brasil mais democrático, justo e fraterno. Que Deus console seus familiares, amigos e admiradores neste momento." (pelo Facebook) 

Pedro Simon (PMDB-RS), senador: "Éramos muito amigos. Era um grande homem, daqueles que eu tinha o maior respeito. O Plínio é do grupo de brasileiros que foi se afastando dos governos porque não cumpriam com o que se esperava. Uma pena. Eu ainda disse várias vezes que os ‘Plínios’ deveriam ter ficado no governo Lula e outros deveriam ter saído. O grupo do Plínio se afastou porque não se identificou." 

Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), senador: "Eu estava acompanhando o estado de saúde dele. Ele teve uma pequena recuperação, mas nós já sabíamos que o estágio dele era de irreversibilidade. O Brasil perde um dos seus principais guerreiros do século XX e do início do século XXI. Era alguém que, no PSOL, e desde o PT, inspirada a todos nós. No PSOL era, com seus mais de 80 anos, o mais jovem de nós. [...] É uma notícia muito triste, uma perda muito grande." 

Roberto Requião (PMDB-PR), senador: "Ficará grande saudade amigo velho." (pelo Twitter) 

Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara: "É uma figura exemplar do mundo político brasileiro. Muito respeitado, com posições muito firmes. Ele ajudou o Brasil, os brasileiros a pensarem grande. Eu convivi com ele, tivemos debates, e o Plínio é um símbolo da ética na política."

Tarso Genro (PT), governador do Rio Grande do Sul: "O Brasil perde um grande brasileiro e a democracia um incansável lutador: faleceu Plínio Arruda Sampaio." (pelo Twitter)

NOTA DO BLOG: Mesmo discordando de  muito do que ele dizia, admirava seu entusiasmo e sua integridade. Fui, orgulhosamente, um dos menos de 1% do eleitorado que votou nele para presidente no primeiro turno da eleição de 2010.

(*) Descanse em paz.

(#) Carta Capital
(#*) g1

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