terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Cisne indomável
E eis que o mundo do balé clássico já tem seu “Touro Indomável”. “Cisne Negro” faz por ele o que o clássico de Martin Scorcese fez pelo boxe: transporta o expectador para o meio da ação, com a câmera habilmente circulando pelo palco, no meio dos bailarinos, enfocando de forma brilhante os movimentos e as expressões faciais dos protagonistas. Além disso, entrega um retrato impiedoso dos bastidores e dos dramas pessoais pelos quais passam os envolvidos, sempre pressionados para que dêem o melhor de si e ameaçados pela concorrência fraticida e nem sempre leal.
É a história de Nina, dedicada bailarina que está prestes a enfrentar o maior desafio de sua vida: encarnar, ao mesmo tempo, os dois personagens principais do mais do que clássico balé “O lago dos cisnes”, de Tchaikovsky. Sua grande dificuldade está em incorporar de forma satisfatória para o coreógrafo brilhantemente interpretado por Vincent Cassel o Cisne Negro – sedutor e maléfico, tudo o que Nina foi ensinada a NÃO ser. Ela é uma bailarina, não uma atriz, mas se quiser ter sua noite de glória, precisará se arriscar a deixar vir à tona instintos reprimidos que, uma vez libertos, a lançam numa espiral de dúvidas e inseguranças que podem levá-la à redenção ou à loucura, pura e simples.
A redenção seria, principalmente, a libertação do jugo de sua mãe dominadora – clássico caso de pessoa frustrada que sonha em realizar seus sonhos, mesmo que de forma tardia, através dos filhos. Para tanto, conta com a ajuda do próprio coreógrafo, Thomas, que a manipula habilmente com o intuito de quebrar sua frieza, e de Lily, uma nova integrante da companhia vivida ela belíssima Mila Kunis. Não por acaso, ela veio de de San Francisco, cidade conhecida como o berço do amor livre e da cultura hippie/psicodélica na América. É principalmente através dela que Nina começa a “se soltar”, ao mesmo tempo em que desconfia que a “amiga” está tentando, na verdade, desequilibrá-la emocionalmente para tomar seu lugar.
E Nina se desequilibra emocionalmente. E muito. Passa a ter sintomas de esquizofrenia e é aí onde o filme desanda – mas só um pouquinho. Do meio para o final o quase sempre brilhante diretor Aronofsky dá umas derrapadas em cenas de terror psicológico clicherosas e desnecessárias que subestimam a inteligência do expectador. Já o clímax é sensacional: na grande noite assistimos à incorporação quase que literal do cisne negro por Nina numa perfomance brilhante tanto do personagem quanto de sua intérprete, Natalie Portman.
De modo geral, “Cisne Negro” não é tão bom quanto o anterior “O lutador”, muito embora lide com temas parecidos – superação, principalmente. Plasticamente é perfeito, mas os exageros narrativos lhe tiram o status de “obra-prima”. Em todo caso, é um grande filme que merece, e muito, ser visto. Está em cartaz nos cinemas de Aracaju e de todo o Brasil.
por Adelvan
Pô Adelvan, mandou muito bem na resenha, parabéns... entao, maturando o filme na cabeça tenho que concordar com vc, que o filme realmente peca um pouco qnd apela pro suspense, pra mim algumas partes foram claramente inspiradas na mosca do cronenberg, mas no geral, achei um filme maravilhoso, tecnicamente impecavel e a atuação da natalie qnd alcaça o climax realmente de arrepiar!
ResponderExcluiré como disse: o filme é bom pra caralho, tanto que, não fossem as derrapadas, seria uma obra-prima. Mas vultos que aparecem na escuridão pra dar susto e dsenhos na parede que falam não dá pra engolir né. Clichê do clichê do clichê.
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