segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Os mortos, os vivos e os mortos-vivos

Assisti, finalmente, à nova “febre” do momento, a Minissérie “The Walking Dead”, baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman publicados no Brasil pela pequena HQM Editora e dos quais já sou fã há algum tempo. Pude, portanto, comparar as duas obras e relatarei aqui minhas impressões.

Minha primeira surpresa, positiva, foi notar que a séria não é uma adaptação tão literal quanto eu esperava da HQ. Muito pelo contrário: há uma verdadeira infinidade de novos personagens e situações apenas derivadas do conceito original que não constam da versão em quadrinhos. Isso é ótimo, pois dá a quem já conhece o original, o que é o meu caso, a chance de também se surpreender com o decorrer dos acontecimentos. Melhor ainda constatar que as novas situações são igualmente criativas e bem encaixadas na narrativa, não há nada feito apenas para “encher lingüiça”. Todo o último episódio da temporada, por exemplo, é baseado numa premissa bastante interessante que não aparece na HQ: a existência de uma verdadeira “ilha de segurança” em meio ao caos, uma instalação de pesquisas governamental dedicada ao controle de vírus e demais ameaças de contaminação biológica. Decepção mesmo, até agora, apenas com a forma como foi escancarada ao público a relação entre a mulher do protagonista e seu melhor amigo – nos quadrinhos a situação é apenas sugerida de forma bem mais sutil e inteligente, e tem um desfecho surprendente que, pelo menos por enquanto, não foi reproduzida na televisão.

No mais, os atores entregam atuações razoáveis e há um bom desenvolvimento psicológico dos personagens, muito embora deixe a desejar em relação aos quadrinhos, que eu considero mais realista e menos caricato. Há um certo maniqueismo na versão televisivia que incomoda um pouco, o que não deixa de ser uma ironia, já que a HQ é desenhada em preto-e-branco (com tons de cinza, vale dizer). A maquiagem e os efeitos especiais são ótimos, produzindo zumbis (chamados de “walkers”, ou “caminhantes”) realmente assustadores. Na verdade, ainda mais assustadores do que os que estamos acostumados a ver no cinema: os mortos-vivos de “The Walking Dead” me parecem menos mortos, ou “apagados”, que o usual, com expressões faciais que insinuam algum tipo de sentimento, muito embora saibamos, através do trabalho do cientista retratado no último episódio, que eles podem até não estar REALMENTE mortos, mas definitivamente já deixaram de ser o que eram antes, tendo em vista que, de acordo com o resultado de suas pesquisas, o que volta a funcionar em seus cérebros é apenas uma pequena fração responsável apenas por movimentos guiados pelo instinto. Já neste campo, o dos movimentos, pode-se dizer que os mortos da série estão em um meio termo entre os seres rastejantes dos filmes de zumbi originais de George Romero e as criaturas ágeis e velozes de “Extermínio” ou da refilmagem de “Madrugada dos mortos”.

A lamentar apenas, nas duas versões, o início da saga, com uma idéia claramente copiada do filme de 2002 dirigido por Danny Boyle. O plágio se configura pelo fato de que a série em quadrinhos começou no ano seguinte, em 2003 – mas isso não é tão importante, já que a idéia por trás da coisa toda é justamente prestar uma homenagem aos clássicos e, ao mesmo tempo, ir além do que já foi mostrado nas telas dos cinemas. Vale lembrar também, a título de curiosidade, que há um filme de 1936 dirigido por Michael Curtiz e estrelado por Boris Karloff que também se chama “The Walking Dead” e conta a história de um homem injustamente condenado à morte que volta à vida graças ao trabalho de um cientista.

por Adelvan

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Qual foi o primeiro filme sobre Zumbi?

Foi o clássico White Zombie ("Zumbi Branco"), de 1932. Dirigido por Victor Halperin, ele era estrelado pelo mestre do terror Bela Lugosi, que fazia o papel do maléfico Legendre, que, no Haiti, transformava pessoas saudáveis em trabalhadores zumbis com a ajuda de uma poção misteriosa. A atuação assustadora de Lugosi convenceu e os mortos-vivos horrendos voltaram a aterrorizar o público na seqüência Revolt of the Zombies ("Revolta dos Zumbis"), de 1936. Nas décadas seguintes, as poções mágicas, que tinham o poder de transformar pessoas em zumbis, continuaram fazendo sucesso no cinema até que, em 1968, o diretor americano George Romero criou um novo conceito para os mortos-vivos. Ele deixou de lado o Haiti como cenário e as poções mágicas para apresentar ao público o cadáver putrefato, que se arrasta de maneira desengonçada, emite grunhidos e se alimenta de cérebros humanos. Essas "belezinhas" são as estrelas de Noite dos Mortos-Vivos, o pai dos filmes modernos sobre zumbis. O curioso é que em nenhum momento no longa de Romero os personagens chamam os mortos que voltam à vida, de zumbis. Esse detalhe só reforça a idéia apavorante de que eles não têm idéia do que está acontecendo! Produzido com um orçamento de pouco mais de 100 mil dólares, Noite dos Mortos-Vivos teve duas seqüências e uma delas, Zombie, Despertar dos Mortos (1978), acaba de ser refilmada com o nome de Madrugada dos Mortos (2004). Essa novíssima produção só serviu para confirmar que os mortos-vivos são mesmo pra lá de poderosos. Afinal, no fim de semana em que o filme estreou, nos Estados Unidos, ele assumiu o primeiro lugar no ranking das bilheterias, desbancando o badalado A Paixão de Cristo, de Mel Gibson. No fim de semana dos dias 20 e 21 de março, foram 27,3 milhões de dólares em ingressos para os zumbis contra 19,2 milhões para Jesus. É, às vezes o "mau" se dá bem...

Loucos por cérebro

Filmografia básica dos mortos-vivos modernos inclui obra do diretor de O Senhor dos Anéis
Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead)
Ano: 1968
Direção: George Romero
Neste clássico sobre "mortos-vivos modernos", um grupo de pessoas enfrenta zumbis comedores de cérebro. O filme teve as seqüências Zombie, Despertar dos Mortos (1978) e Dia dos Mortos (1986), e as refilmagens A Noite dos Mortos-Vivos (1990) e Madrugada dos Mortos (2004)
O Retorno dos Mortos-Vivos (El Ataque de los Muertos sin Ojos)
Ano: 1973
Direção: Amando de Ossorio
Na cultuada série de filmes de zumbis do diretor espanhol Ossorio, templários - cavaleiros de uma ordem religiosa criada no século 12 - que praticavam magia negra são excomungados, mortos e têm os olhos arrancados. Quando voltam das trevas, sem olhos, estão furiosos!
Zumbi 2: A Volta dos Mortos (Zombie)
Ano: 1979
Direção: Lucio Fulci
Ex-aluno de medicina, o italiano Lucio Fulci se especializou em criar seqüências sangrentas. Aqui, zumbis atacam numa ilha tropical e o sangue jorra das jugulares e olhos são arrancados! Fulci foi excomungado pelo Vaticano por causa de uma outra produção em que o protagonista é um padre assassino...
A Hora dos Mortos-Vivos (Re-Animator)
Ano: 1985
Direção: Stuart Gordon
Um cientista maluco cria um soro capaz de reanimar tecidos mortos e começa a experimentar a substância. Um casal de estudantes se envolve na trama macabra. O diretor Brian Yuzna dirigiu as seqüências A Noiva do Re-Animator (1990) e Beyond Re-Animator (2003)
Demons - Filhos das Trevas (Demons)
Ano: 1985
Direção: Lamberto Bava
Numa velha sala de cinema, os convidados que assistem à exibição de um filme de terror são atacados e transformados em zumbis sedentos de sangue e carne humana. E é exatamente isso que ocorre também no filme que está sendo projetado... O diretor Lamberto é filho do mestre do horror italiano Mario Bava
A Volta dos Mortos-Vivos (The Return of the Living Dead)
Ano: 1986
Direção: Dan O’Bannon
O vazamento de um produto misterioso faz os mortos se levantarem das sepulturas. Funcionários de um necrotério e delinqüentes juvenis assistem ao bizarro espetáculo. O filme teve duas seqüências: A Volta dos Mortos-Vivos 2 (1988) e A Volta dos Mortos-Vivos 3 (1993)
Fome Animal (Braindead)
Ano: 1992
Direção: Peter Jackson
Antes de O Senhor dos Anéis, o diretor Peter Jackson já fazia filmes bacanas. Este clássico sanguinolento e bem-humorado tem até um padre estilo kung fu... A mãe controladora de Lionel, um jovem tímido, vira uma zumbi quando é mordida por um macaco-rato (?!). A rabugenta infecta um monte de gente, que Lionel precisa combater
Extermínio (28 Days LATER)
Ano: 2002
Direção: Danny Boyle
Danny Boyle estourou com Trainspotting: Sem Limites (1996) e se afundou com A Praia (2000). Mas o diretor retornou do mundo dos mortos com esse filme gravado em vídeo digital. Um vírus ultracontagioso transforma a maioria da população de Londres em zumbis enfurecidos. Restam poucas pessoas que lutam para sobreviver.
Fonte: Mundo Estranho

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