Foi
lançada finalmente no Brasil a nova biografia de nossa maior banda: “Relentless
– 30 Anos de Sepultura”, do escritor norteamericano (de origem polonesa) Jason
Korolenko. Impossível não comparar com o já célebre – e há anos fora de
catálogo – “Sepultura – Toda a História”, de André Barcinski e Silvio Gomes. O
novo relato perde no texto – porque Barcinski é foda – mas ganha na abrangência,
já que o primeiro saiu há mais de 15 anos, em 1999, quando eles ainda estavam
se firmando em uma nova formação, com Derrick Green substituindo Max Cavalera
nos vocais.
Mas perde também na parte iconográfica: a maioria das fotos do novo
livro é bem ruinzinha. Fotos banais, do baixista Paulo fumando um cigarro fora
do estúdio durante um intervalo nas gravações, por exemplo. O autor deve ter
pretendido apresentar imagens inéditas, mas isso pouco importa se as mesmas são
esteticamente ruins e/ou de pouca ou nenhuma relevância, nem um pouco merecedoras de figurar num
registro histórico de tal envergadura.
Jason é um fã
confesso e isso
transparece na narrativa, que apresenta, em certos momentos, aquela
reverencia exagerada típica de uma resenha de fanzine, o que deixa o
livro com
cara de “chapa branca”, apesar de não ser - não é uma "biografia
autorizada", até onde eu saiba. Em todo caso, há de se reconhecer o
esforço de
contextualização do autor, especialmente na abertura, quando ele faz um
apanhado da história do Brasil do século XX desde a ascensão de Vargas
até o
ocaso da ditadura militar, só pra explicar o clima político e social do
país na
época em que a banda surgiu, na metade da década de 1980. Suas análises e
opiniões sobre cada disco, faixa a faixa, também são interessantes,
apesar do evidente deslumbramento e falta de senso crítico. Faltou,
também, um maior aprofundamento: muitos fatos importantes foram
esquecidos ou tratados
superficialmente. Por um lado, dá pra entender - é muita história pra
contar, o livro teria que ter pelo menos
umas 500 páginas para que fosse realmente abrangente - mas não deixa de
ser uma pena.
Vale, no entanto, a leitura,
especialmente se você é fã da banda. Recomendo, entretanto, que não se deixe de ler também o primeiro, que pode
ser encontrado com relativa facilidade em sebos. É mais saboroso, porque Barcinski é mestre na narração de "causos" pitorescos e porque trata da fase que REALMENTE interessa,
com Max. Sepultura
com Derrick nunca
conseguiu deixar de ser "apenas" uma banda extremamente profissional,
dedicada e
cheia de boas idéias, mas com resultados artísticos e comerciais aquém
de
seu potencial. Falta aquela química intangível, aquele fogo que se
acendeu
quando os irmãos Cavalera recrutaram o guitarrista Andreas Kisser e
pariram seu
primeiro grande disco, “Schizophrenia”, e que se extinguiu
definitivamente, ao que tudo indica, quando eles se separaram logo após
seu maior triunfo, o álbum
“Roots”, um verdadeiro divisor de águas na história da música pesada
mundial.
O lançamento tem passado estranhamente em branco,
sendo pouco divulgado e/ou mencionado na mídia em geral. Nem o próprio
Andreas fez qualquer comentário a respeito em seu programa de rádio, o
"pegadas". Nunca o vi em nenhuma prateleira de livraria. Caso tenha
interesse, há um exemplar a venda na Freedom, em Aracaju - Rua Santa
Luzia, 151, centro. O meu. Comprei pela internet, e estou passando
adiante.
A.
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