domingo, 1 de junho de 2014

MALDITO SEJA HENRY JAEPELT

Se você teve contato com o universo dos fanzines que circulavam em cópias xerocadas,
principalmente, via correios, entre a metade da década de 1980 e o final da de 1990, certamente conhece o trabalho de Henry Jaepelt. Caso contrário, tem uma oportunidade de ouro de conhecer agora, com o lançamento da antologia “Maldito seja” pela Ugra Press.

Há quase 30 anos esse catarinense vem espalhando seus trabalhos em quadrinhos experimentais por aí, mundo afora. Difícil citar uma só publicação relevante do período supracitado que não tenha algo dele em suas páginas. Ele fez, inclusive, a capa de uma das edições do meu zine, o Escarro napalm. É muito bom vê-lo ser, finalmente, publicado da forma mais digna possível, num livro produzido de forma artesanal – pelo Marcatti! – mas com acabamento primoroso! Sério, chega a ser impressionante o nível de perfeccionismo que o mito dos quadrinhos “gore” consegue em seus trabalhos de impressão e encadernação. Poucas gráficas profissionais conseguem entregar um produto final tão caprichado ...

O precioso volume, com capa colorida e diagramação elegante, começa com uma apresentação escrita por Denílson Rosa dos Reis, editor do zine “Tchê”, que dá a real dimensão da importância do artista no universo dos quadrinhos “underground”. Importância que você pode conferir na seqüência com seus próprios olhos, através da extensa e reveladora entrevista de 15 páginas conduzida a oito mãos por Douglas Utescher – o editor – Marcio Sno, Peter Baiestorf e, novamente, Denílson Reis. E, claro, com a obra do mesmo, compilada em 60 páginas primorosas com uma qualidade e uma unidade estilística impressionantes.

São desenhos experimentais, com pouco texto – às vezes nenhum – sempre resvalando para o surrealismo e a ficção científica em histórias curtas carregadas de humor e erotismo. Retratam um universo “fluido”, onírico, onde a vida adquire formas mutantes e inusitadas. O traço é elegante e inventivo, inclusive na disposição dos quadrinhos. Quase tudo saído exclusivamente da mente do autor – as duas únicas colaborações são com sua “parceira de crime”, Maria Jaepelt. Reflexo, certamente, de sua filosofia de trabalho, explicitada já no título da entrevista: “Faço o que gosto, quando posso e do jeito que gosto”.

Artista diletante por opção e filosofia de vida – “eu desenho porque curto, não porque me pagam para desenhar” -, Henry Jaepelt é, no entanto, um perfeccionista. Desenvolveu um estilo próprio e o lapidou até a perfeição. Merece muito ser conhecido e reconhecido. A publicação deste livro primoroso é um passo importante na direção da preservação de sua obra para as gerações futuras.

Henry Jaepelt já é imortal!

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