Adele Exarchopoulos |
O fato de que se trata de uma relação entre pessoas do mesmo sexo é apenas um detalhe, que só chama tanto a atenção por conta do tabu que ainda impera na sociedade – na nossa e na francesa, como o filme faz questão de mostrar. Mas apenas “em passant”. O foco é, realmente, na relação em si. Nas dificuldades de se manter a fidelidade e a chama acesa com o passar do tempo e as pressões da convivência a dois e tudo o que está nela embutido, como as diferenças culturais e de expectativas para o futuro.
As tão faladas cenas de sexo, realmente fortes e explícitas, no final das contas têm sua razão de ser na trama: ao sermos incluídos de forma tão intensa na intimidade do casal, somos também levados a entender melhor o drama do que se passa depois, e a nos identificar com as protagonistas. Tudo isso num timing perfeito: sim, o filme tem absurdas três horas de duração, mas a metragem ajuda a dar à história um ritmo adequado, sem a pressa habitual das produções de massa hollywoodyanas. Porque é assim que a vida é, e é assim que as coisas acontecem: às vezes de forma atropelada e arrebatadora, tudo ao mesmo tempo, agora; às vezes de forma lenta, arrastada, sofrida. Um dia de cada vez. E olha que há síntese, heim! Diversas situações que, numa produção convencional, daquelas que costumam passar nas sessões de sábado á noite da TV aberta, seriam insistentemente mostradas e exploradas em toda a sua potencial carga dramática, aqui são praticamente abandonadas no meio do caminho em nome do foco no que realmente interessa: a história de Adéle e seu amor por Emma, que ela encontrou por acaso um dia e, ao deixar que entrasse em sua vida, mudou tudo, de forma irreversível. Para o “bem” e para o “mal”.
Adéle, doce Adéle. Como não amar e sofrer junto com uma criatura tão linda? Ela existe, de verdade, e eu, particularmente, estou completamente apaixonado. Existe graças à absolutamente fantástica interpretação de Adele Exarchopoulos, uma das mais arrebatadores dos últimos tempos. O filme é dela! Dela e de Emma/Léa Seydoux, mas principalmente dela – não por acaso o título original é “La Vie DAdéle.
Foram 180 minutos preciosos ao lado de pessoas adoráveis - que fumam demais, é verdade, mas ninguém é perfeito. Ainda bem que o cinema (ainda) não tem cheiro – retratadas em closes exuberantes, de corpo inteiro e desnudo, inclusive, numa França ainda multicultural e politicamente avançada, apesar do fantasma conservador que insiste em espreitar, ameaçando acabar com a festa ...
Valeu muito a pena, apesar das sessões escassas e em horários inconvenientes.
Vá e veja você mesmo.
No cinema.
A.
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louca para ver esse filme!
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