domingo, 7 de julho de 2013

DILASCERANTE!

Mopho
Sabe aquele momento em que não dá pra segurar e você se pega com os olhos marejados e tomado pela emoção em público, no meio de um show, por causa de uma música? Aconteceu comigo sexta-feira passada, no CHE. O Mopho estava no palco e, com requintes de crueldade, dilacerou nossos corações ao emendar duas de suas mais emocionantes composições: “A Carta”, do primeiro disco, e “Quanto vale um pensamento seu”, do último. Foi foda. As letras me remeteram diretamente à distancia de uma pessoa muito querida e eu não consegui me conter. Espero que ninguém tenha notado, porque eu “tenho que manter a minha fama de mau” ...

Aquele foi apenas um dos pontos altos de uma apresentação perfeita. Durante cerca de duas horas, os alagoanos mataram a saudade do público sergipano com um desfile de grandes canções, algumas delas já verdadeiros clássicos do rock nacional, como “O Amor é Feito de Plástico”, “A Música Que Fiz Pra Você”, “Uma leitura mineral incrível” e “Não mande flores” – esta última com um belo riff de guitarra que remete diretamente ao Led Zeppelin.

Plástico Lunar
A Mopho, no palco, é uma banda concentrada e avessa a grandes firulas ou arroubos perfomáticos. Impõem-se apenas pela qualidade de sua música e pelo nível técnico de seus componentes. Só que na sexta passada a entrega foi tanta que eles se agigantaram de forma impressionante em relação às outras apresentações que eu já havia visto – em Recife, no Abril pro rock, no Rock Sertão, em Nossa Senhora da Glória, e aqui mesmo, em Aracaju. Foi, de longe, o melhor show que vi deles e um dos melhores que já presenciei em toda a minha vida. Em formação “quase original”, estão afiadíssimos. O novo baixista é um monstro! Toca muito. Hélio Pisca (bateria) é perfeito no acompanhamento, assim como Marco Túlio (violões de 6 e 12 cordas e guitarra) e Leonardo Luiz (teclado) – este, de tão concentrado em suas funções, parecia um membro do Kraftwerk! Total “Die Mensch-Maschine“ ...

Necronomicon
Quem mais impressiona, no entanto, é realmente João Paulo, o front-man. Contido, econômico, mas como toca! E como canta! Levando-se em conta que ele é, também, um dos principais compositores, o cara é tão talentoso que beira a genialidade. E tem uma pegada personalíssima, firme porém classuda, na guitarra, qualidade que fica ainda mais evidente quando a banda resolve entregar de bônus para a platéia uma sequencia de covers matadora para encerrar a noite. Começaram resgatando uma pérola setentista, da época em que cantores brasileiros se dedicavam a compor baladas em inglês - "We say goodbye", de Dave McLean - e emendaram com clássicos do rock do naipe de Jimi Hendrix, Led Zeppelin, The Doors e Black Sabbath. Nem precisava: o público já estava pra lá de ganho e tinha acompanhado com devoção todo o repertório autoral. Foi apenas uma pequena catarse para lavar a alma e completar aquela noite perfeita.

pessoas
Perfeita porque, além da mopho, se apresentaram a Plástico Lunar e os também alagoanos da Necronomicon. A Plástico veio acompanhada de seu antigo guitarrista, Rafael Costelo, e de Julico, da Baggios, também ex-integrante. Fez a festa do gargarejo com outra sequencia de composições que já podem constar tranquilamente entre os anais do cancioneiro roqueiro tupiniquim. E Julico faz a diferença: vai ser difícil pros caras substituí-lo à altura! Mas boto fé que conseguem. São talentosos o bastante para isso. Destaque para Odara, aniversariando ...

Já a Necronomicon chegou de mansinho, como quem não quer nada, e sapecou uma surra de riffs de guitarra poderosos e levadas de bateria e baixo desconcertantes no ouvido dos que chegaram cedo para prestigiá-los. Não se arrependeram, a julgar pelo assédio que sofreram depois de sua apresentação: a toda hora vinha alguém parabenizálos, merecidamente, pela perfomance arrasadora. Seu som, calcado no que de melhor foi feito em termos de rock "pesado" nos anos 1970, é ao mesmo tempo simples e elaborado, cheio de variações de andamento e arroubos vocais improvisados. Com direito, inclusive, a um sensacional solo de bateria, aclamado por todos. E uma música nova, executada pela primeira vez naquela noite. Já é uma grande banda, com um grande potencial a ser ainda explorado, tendo em vista que, se comparada à mopho e à plástico, têm um longo caminho a trilhar ...

A vinda da Necronomicon foi uma iniciativa do programa de rock. Agradecemos a todos que acreditaram e prestigiaram o show de abertura. Eles estarão de volta em agosto, quando têm uma apresentação marcada para o dia 17, em Itabaiana.

NÃO PERCA !!!!

a.


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