sexta-feira, 10 de maio de 2013

O terrorismo do capitalismo

Foto: Taslima Akhter / Divulgação.
Vivemos um tempo estranho. Um pastor maluco que acha que os negros são um povo amaldiçoado e que ser gay é uma espécie de doença contagiosa preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos deputados. E pessoas outrora "rebeldes" (mesmo que alguns, assumidamente, sem causa), como Roger,do Ultrage a Rigor, e Lobão, não têm o menor constragimento em fazer as mais absurdas e reacionárias declarações em público, como a de que a "ditabranda" (definição da Folha de São Paulo) apenas arrancou umas unhazinhas de terroristas bebedores de sangue que pretendiam implantar, eles sim, uma verdadeira ditadura (a do proletariado) no Brasil. Dentre eles, a atual presidente, Dilma Roussef.

Enquanto isso, em Bangladesh, o terrorismo patrocinado indiretamente pelo capitalismo segue fazendo vítimas. Trabalhadores da industria têxtil morreram soterrados entre etiquetas das grifes de grandes companhias multinacionais da moda, que estão transferindo para lá sua produção para aproveitar a mão de obra barata. A mídia noticiou a tragédia, que já contabiliza mais de 1.000 vítimas fatais, mas de forma bem menos intensa e comovida do que a explosão da bomba que matou 3 nos Estados Unidos, por exemplo.

Mais números para engrossar as estatísticas do "Livro negro do capitalismo", escrito em contraponto ao "Livro negro do comunismo". (wikipedia) Antagonicamente à obra O Livro Negro do Comunismo, O Livro Negro do Capitalismo não pretende apenas mostrar, como também quantificar as vítimas do sistema econômico em questão. O livro é composto por uma série de tópicos independentes, encomendados a distintos escritores, aos quais foram concedidas cartas brancas para escreverem sobre qualquer aspecto do capitalismo. Os tópicos abordados vão desde o tráfico de escravos africanos até a era financeira da globalização. Uma nota fornece uma "incompleta" lista de vítimas do século XX que Gilles Perrault atribui ao sistema capitalista. A lista - que inclui as guerras motivadas por interesses capitalistas - conta com um número estimado de 58 milhões de mortos na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais, além de mortes nas várias guerras coloniais, repressões, conflitos étnicos, e algumas vítimas de fome ou desnutrição, que leva a lista incompleta a uma soma de 100 milhões de mortes atribuídas ao capitalismo no Século XX.

(Rius) Sobre a foto acima: A fotógrafa e ativista bengalesa Taslima Akhter percorria os escombros do prédio em situação irregular que desabou em Savar, nos subúrbios de Daca, capital de Bangladesh, no dia 24 de abril, quando se deparou com o casal da foto acima. Desde então, essa foto a assombra. Não exatamente pelo que a imagem mostra à primeira vista, mas pelo que só é possível sentir quando se sabe o contexto que envolve a tragédia ocorrida em uma fábrica de roupas e cujo número de mortos já se aproxima de mil.

Em um texto publicado dia 8 no site da revista americana Time, Akhter afirmou que o que a aterroriza nessa imagem é, na verdade, sua capacidade de dizer o que muitas vezes é ignorado em acontecimentos dessa natureza em Bangladesh: o fato de que os operários que trabalham sob as péssimas condições oferecidas pela indústria têxtil do país não são apenas números. São seres humanos cujas vidas valem tanto quanto as de qualquer outra pessoa.

Não por acaso a Time classificou a foto tirada por Akhter como a "mais perturbadora" da tragédia em Bangladesh, a mais representativa de uma cobertura fotográfica marcada por imagens fortes, como é possível observar na galeria dispónível ao final desse texto.O site Terra entrou em contato com Akhter, que cedeu a imagem do "Abraço Final". Abaixo, a tradução do texto publicado na Time.
Eu venho fazendo muitas peguntas a respeito do casal que morreu abraçado após o colapso. Eu tentei desesperadamente, mas ainda não achei nenhuma pista a respeito deles. Eu não sei quem são ou qual a relação eles tinham.

Eu passei o dia inteiro do desabamento no local, assistindo aos trabalhadores serem retirados das ruínas. Eu lembro do olhar aterrorizado dos familiares - eu estava exausta mental e fisicamente. Por volta das 2h, encontrei um casal abraçado nos escombros. A parte inferior dos seus corpos estava enterrada sob o concreto. O sangue que saía dos olhos do homem corria como se fosse uma lágrima. Quando os vi, não pude acreditar. Era como se eu os conhecesse - eles pareciam ser muito próximos a mim. Eu vi quem eles foram em seus últimos momentos, quando, juntos, tentaram salvar um ao outro – salvar suas vidas amadas.

Cada vez que eu olho para essa foto, me sinto desconfortável - ela me assombra. É como se eles estivessem me dizendo, nós não somos um número - não somos apenas trabalho barato e vidas baratas. Nós somos humanos como você. Nossa vida é preciosa como a sua, e nossos sonhos são preciosos também.

Eles são testemunhas nessa história cruel. O número de mortos agora passa de 750 (nesta quinta-feira, já chega a quase 1000). Que situação desagradável nós estamos, onde humanos são tratados apenas como números.


Essa foto me assombra todo o tempo. Se as pessoas responsáveis não receberem a punição merecida, nós veremos esse tipo de tragédia de novo. Não haverá consolo para esses sentimentos horríveis. Cercada de corpos, eu senti uma imensa pressão e dor nas duas últimas semanas. Como testemunha dessa crueldade, tenho necessidade de compartilhar essa dor com todos. Por isso eu quero que essa foto seja vista.

Roupas de grife a custo baixo

Bangladesh é o país com salários mais baratos na indústria da roupa e por isso empresas de todo o mundo, incluindo da China, estão transferindo parte de sua produção ao país asiático, de acordo com a Campanha Roupa Limpa.

As companhias internacionais Primark, El Corte Inglês, Bon Marché, Joe Fresh e Benetton confirmaram produzir em alguma das empresas locais implicadas no acidente, e outras como a Mango tinham feito pedidos de prova nas oficinas.

Bangladesh se transformou no destino favorito para as grandes companhias de moda, desbancando a China e o Vietnã. O motivo é que seus salários estão entre os mais baixos do mundo. A indústria têxtil representa 80% das exportações do país asiático, e emprega quatro milhões de trabalhadores.

Os proprietários das quase 5.000 fábricas existentes formam uma poderosa elite que financia os dirigentes políticos e ocupa cadeiras no parlamento. Não é por acaso que o proprietário do edifício derrubado, que violava todas as normas de construção, foi um membro importante do partido no poder.

É certo que muitas das grandes companhias ocidentais que operam em Bangladesh assinaram acordos com os provedores para garantir as condições laborais dos trabalhadores. Nisso está sua reputação. Mas é óbvio que o sistema falha. Para ampliar seus benefícios, os fabricantes locais costumam subcontratar outras empresas ilegais que não cumprem as condições mínimas de trabalho.

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/05/07/tragedia-de-bangladesh-e-a-maior-da-historia-superando-500-mortes-de-seul.htm 

(Wikipedia) O Bangladesh (etimologicamente, A Nação Bengali) é um país asiático rodeado quase por inteiro pela Índia, excepto a sudeste, onde tem uma pequena fronteira terrestre com Myanmar, e a sul, onde tem litoral no Golfo de Bengala. O país está listado entre as economias "Próximos Onze". A capital é Daca.

Bangladesh conquistou sua independência do Paquistão em 1971, depois da guerra civil de nove meses entre o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental. De 1947 a 1971, a região onde hoje é Bangladesh foi o Paquistão Oriental. Mais da metade da população do Paquistão morava lá.

O nordeste da Índia tem fronteiras com Bangladesh em três lados. Muitos dos aspectos físicos e culturais de Bangladesh são partilhados com Bengala Ocidental, um estado da Índia vizinho ao país. Na verdade, Bangladesh e Bengala Ocidental formam uma região da Ásia conhecida como Bengala. Bangladesh é, às vezes, chamado de Bengala Oriental. O nome Bangladesh significa "nação de Bengala".

Bangladesh é o oitavo país do mundo em número de habitantes - cerca de 150 milhões em 2012. O rápido crescimento populacional trouxe um sério problema de superpopulação. Bangladesh é um pouco maior do que o estado brasileiro do Amapá, mas o número de habitantes é, aproximadamente, 220 vezes maior. Seus habitantes são chamados bengaleses ou bengalis.

Há muito tempo a região é caracterizada por uma grande pobreza. A maior parte de seus habitantes é composta de agricultores pobres que se esforçam para tirar seu sustento de pequenos lotes de terra. Muitos trabalhadores das cidades ganham apenas alguns centavos por dia. Cerca de 52,1% da população com mais de 15 anos não sabe ler nem escrever. 85% da população é composta de muçulmanos. A quase totalidade dos restantes compostas de hindus. Daca, a capital e maior cidade do país, é considerada uma das maiores cidades do mundo (em termos de população), tendo mais de sete milhões de habitantes residindo dentro de seus limites e mais de cinco milhões nas cidades e povoados periféricos.

Existe vida vegetal em abundância no clima quente e úmido de Bangladesh. A maior parte do país é composta por planícies baixas, fertilizadas pelas enchentes dos rios e cursos d'água que as cruzam. Os rios, durante a época das cheias, depositam solo fértil ao longo de suas margens. Mas muitas dessas enchentes também causam grande destruição nos vilarejos rurais.

A região atualmente conhecida por Bangladesh foi governada, em diversos períodos da sua história, por hindus, muçulmanos e budistas. Tornou-se parte do Império Britânico quando o Reino Unido, em 1858, assumiu o controle da Índia. Os sangrentos conflitos entre hindus e muçulmanos provocaram a divisão da Índia em duas nações — isso em 1947, quando a Índia se tornou independente. O Paquistão — formado pelo Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental — foi criado a partir das regiões nordeste e noroeste. A maioria da população nas duas áreas é composta de muçulmanos.

Muitas diferenças, tanto culturais como econômicas, dividiam os habitantes do Paquistão ocidental e oriental. Em 1971 essas diferenças resultaram numa guerra civil e no estabelecimento do Paquistão oriental como uma nação independente — Bangladesh

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