“Desenho em casa: ilustrações, storyboard, quadrinhos, telas, aquarelas, cinema de animação. Na rua faço graffiti com os amigos e cinema-gambiarra-favela com Las Luzineides. Encontro minhas idéias vendo cinema, lendo, ouvindo música, bebendo, jogando bola, tomando café, andando em círculos e sem rumo, desenho o que vejo e o que gostaria de ver. Quando vejo alguém comentar o meu trabalho, sempre tenho a sensação de que estão falando de outra pessoa, porque de modo geral tem sido boa a resposta. Na minha visão, a pornografia pode ser arte de bom gosto. Demorei pra entender que o que eu fazia era erótico. Eu simplesmente não fazia distinção, era só um desenho bonito e legal.”
Shiko promete um 2013 com muitas novidades. Mais importante: novidade em quadrinhos. Depois de chamar atenção com a HQ Blue Note, que ele chamou de “álbum sonoro” e que já trazia alguns personagens presentes em suas pinturas, o artista deve retomar sua produção quadrinhística este ano.
Shiko foi um dos escolhidos para integrar o time de artistas que trarão uma nova visão dos personagens de Maurício de Sousa. Ele lançará uma graphic novel estrelada pelo Piteco, o herói da Pré-História, presente em gibis da Turma da Mônica. “Eles acharam que meu estilo combinava com o Piteco. Então, mandei um esboço do roteiro, e foi aprovado. Estou muito empolgado e devo passar todo o primeiro semestre me dedicando a finalizar este projeto”, diz o autor por telefone, de João Pessoa, onde passou as festas de fim de ano com a família (ele reside atualmente na Itália).
A HQ, com texto e desenhos de Shiko, deve sair até o final de 2013. “Shiko é um quadrinhista e ilustrador talentosíssimo, que o mercado brasileiro precisa conhecer. Muita gente vai ficar embasbacada não apenas com sua arte, mas também com o roteiro que desenvolveu”, disse o editor da obra, Sidney Gusman. Pela repercussão que essa nova artística para os personagens de Maurício de Sousa vem tomando, a visibilidade deve ser importante para o autor. Sua HQ mais conhecida, Blue Note, teve muitos elogios da imprensa especializada quando foi lançada em 2007, de forma independente. Com roteiro de Biu, a história fala de música e sexo e já apresenta diversos elementos que caracteriza o estilo de Shiko, como os tipos urbanos e a ficção-científica, presente em personagens meio androides.
No ano passado ele também participou da coleção da editora Ática que adapta clássicos da literatura brasileira para os quadrinhos. Ficou responsável por O Quinze, escrito por Raquel de Queiroz. A história se passa no Sertão do Ceará, em 1915 e aborda a morte e a miséria trazida pela seca. Shiko, que nasceu no interior da Paraíba, mas tem um trabalho influenciado pelas metrópoles, realizou intensa pesquisa para desenhar a HQ.
Este ano, além de Piteco, ele participa de coletâneas da editora Marca de Fantasia. Uma delas, voltada para histórias com temática homossexual. “Chegou a hora de abrir as gavetas. Tenho muito material de quadrinhos que pretende liberar esse ano. São coisas que fiz há muito tempo e que ficaram guardadas”, diz. “Fui convidado para essa edição, mas tem outras coisas para sair, mas não tenho como adiantar muito”. E a produção segue. “Penso em outros álbuns e estou trabalhando em novas HQs”.
Ele passou a morar na cidade italiana para acompanhar sua mulher, que faz mestrado na cidade. Mas, o plano desde o início é voltar a viver em João Pessoa, capital de seu Estado-natal. “Não aguentaria ficar aqui para sempre”.
Mas a estadia na Europa tem sido proveitosa para a carreira. Fez pequenas mostras em Lyon e no Salão do Livro de Paris, ambas na França, além de Florença. Ao longo de 2013, Shiko deve retornar outras vezes para o Brasil, sobretudo por causa do cinema. Ele faz parte da cooperativa de curtas-metragens com sede na Paraíba.
Nascido em Patos, no Interior da Paraíba, Shiko ficou por lá até os 18 anos, quando mudou-se para João Pessoa. Depois de trabalhar no mercado publicitário, o artista Francisco José Souto Leite tornou-se Shiko e passou a expor em feiras e exposições, individuais e coletivas. Na área de quadrinhos, passou a editar e publicar a revista indie Marginal Zine, que ganhou coletânea pela Marca de Fantasia.
Abaixo alguns de seus trabalhos.
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por Paulo Floro
O Grito
Eu lembro de uma ilustração(acho que a arte é dele) na capa de uma fita K7, a banda é "Mob Ape" o álbum é "chuva de lágrimas". Eu comprei a fita na loja do Silvio a muito tempo, depois de ver uma resenha dessa banda na revista Metal Head e fiquei fascinado pela a arte da capa...mas do som...foi uma decepção!
ResponderExcluirTou ligado nessa capa, é muito boa mesmo.
ResponderExcluirAdoro o trabalho desse cara!
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