sexta-feira, 22 de março de 2013

A Arte de Shiko ( Derby Blue )

O grafiteiro e ilustrador autodidata Shiko (também conhecido por Derby Blue) nasceu em João Pessoa, Paraiba, em março de 1976, e  hoje mora na Itália. Sua obra já foi publicada em capas de discos e livros, quadrinhos, grafites de rua, tatuagens, editoriais, anúncios, além de uma serie de exposições individuais e coletivas.

“Desenho em casa: ilustrações, storyboard, quadrinhos, telas, aquarelas, cinema de animação. Na rua faço graffiti com os amigos e cinema-gambiarra-favela com Las Luzineides. Encontro minhas idéias vendo cinema, lendo, ouvindo música, bebendo, jogando bola, tomando café, andando em círculos e sem rumo, desenho o que vejo e o que gostaria de ver. Quando vejo alguém comentar o meu trabalho, sempre tenho a sensação de que estão falando de outra pessoa, porque de modo geral tem sido boa a resposta. Na minha visão, a pornografia pode ser arte de bom gosto. Demorei pra entender que o que eu fazia era erótico. Eu simplesmente não fazia distinção, era só um desenho bonito e legal.”

Shiko pro­mete um 2013 com mui­tas novi­da­des. Mais impor­tante: novi­dade em qua­dri­nhos. Depois de cha­mar aten­ção com a HQ Blue Note, que ele cha­mou de “álbum sonoro” e que já tra­zia alguns per­so­na­gens pre­sen­tes em suas pin­tu­ras, o artista deve reto­mar sua pro­du­ção qua­dri­nhís­tica este ano.

Shiko foi um dos esco­lhi­dos para inte­grar o time de artis­tas que tra­rão uma nova visão dos per­so­na­gens de Maurício de Sousa. Ele lan­çará uma graphic novel estre­lada pelo Piteco, o herói da Pré-História, pre­sente em gibis da . “Eles acha­ram que meu estilo com­bi­nava com o Piteco. Então, man­dei um esboço do roteiro, e foi apro­vado. Estou muito empol­gado e devo pas­sar todo o pri­meiro semes­tre me dedi­cando a fina­li­zar este pro­jeto”, diz o autor por tele­fone, de João Pessoa, onde pas­sou as fes­tas de fim de ano com a famí­lia (ele reside atu­al­mente na Itália).

A HQ, com texto e dese­nhos de Shiko, deve sair até o final de 2013. “Shiko é um qua­dri­nhista e ilus­tra­dor talen­to­sís­simo, que o mer­cado bra­si­leiro pre­cisa conhe­cer. Muita gente vai ficar embas­ba­cada não ape­nas com sua arte, mas tam­bém com o roteiro que desen­vol­veu”, disse o edi­tor da obra, Sidney Gusman. Pela reper­cus­são que essa nova artís­tica para os per­so­na­gens de Maurício de Sousa vem tomando, a visi­bi­li­dade deve ser impor­tante para o autor. Sua HQ mais conhe­cida, Blue Note, teve mui­tos elo­gios da imprensa espe­ci­a­li­zada quando foi lan­çada em 2007, de forma inde­pen­dente. Com roteiro de Biu, a his­tó­ria fala de música e sexo e já apre­senta diver­sos ele­men­tos que carac­te­riza o estilo de Shiko, como os tipos urba­nos e a ficção-científica, pre­sente em per­so­na­gens meio androides.

No ano pas­sado ele tam­bém par­ti­ci­pou da cole­ção da edi­tora Ática que adapta clás­si­cos da lite­ra­tura bra­si­leira para os qua­dri­nhos. Ficou res­pon­sá­vel por O Quinze, escrito por Raquel de Queiroz. A his­tó­ria se passa no Sertão do Ceará, em 1915 e aborda a morte e a misé­ria tra­zida pela seca. Shiko, que nas­ceu no inte­rior da Paraíba, mas tem um tra­ba­lho influ­en­ci­ado pelas metró­po­les, rea­li­zou intensa pes­quisa para dese­nhar a HQ.

Este ano, além de Piteco, ele par­ti­cipa de cole­tâ­neas da edi­tora Marca de Fantasia. Uma delas, vol­tada para his­tó­rias com temá­tica homos­se­xual. “Chegou a hora de abrir as gave­tas. Tenho muito mate­rial de qua­dri­nhos que pre­tende libe­rar esse ano. São coi­sas que fiz há muito tempo e que fica­ram guar­da­das”, diz. “Fui con­vi­dado para essa edi­ção, mas tem outras coi­sas para sair, mas não tenho como adi­an­tar muito”. E a pro­du­ção segue. “Penso em outros álbuns e estou tra­ba­lhando em novas HQs”.

Morando em Florença, na Itália, Shiko diz que a expe­ri­ên­cia no exte­rior vem mexendo com sua per­cep­ção artís­tica. “Esse tempo em que estou morando por lá está ser­vindo para ver meu tra­ba­lho de outra maneira. Estou inte­res­sado em saber o que públi­cos de outros paí­ses acham do que faço. Acabo sendo influ­en­ci­ado pela cidade, me ins­tigo a expe­ri­men­tar novas ideias”, diz.

Ele pas­sou a morar na cidade ita­li­ana para acom­pa­nhar sua mulher, que faz mes­trado na cidade. Mas, o plano desde o iní­cio é vol­tar a viver em João Pessoa, capi­tal de seu Estado-natal. “Não aguen­ta­ria ficar aqui para sempre”.

Mas a esta­dia na Europa tem sido pro­vei­tosa para a car­reira. Fez peque­nas mos­tras em Lyon e no Salão do Livro de Paris, ambas na França, além de Florença. Ao longo de 2013, Shiko deve retor­nar outras vezes para o Brasil, sobre­tudo por causa do cinema. Ele faz parte da coo­pe­ra­tiva de curtas-metragens com sede na Paraíba.

Nascido em Patos, no Interior da Paraíba, Shiko ficou por lá até os 18 anos, quando mudou-se para João Pessoa. Depois de tra­ba­lhar no mer­cado publi­ci­tá­rio, o artista Francisco José Souto Leite tornou-se Shiko e pas­sou a expor em fei­ras e expo­si­ções, indi­vi­du­ais e cole­ti­vas. Na área de qua­dri­nhos, pas­sou a edi­tar e publi­car a revista indie Marginal Zine, que ganhou cole­tâ­nea pela Marca de Fantasia.


Abaixo alguns de seus trabalhos.

+ (MUITO MAIS) aqui

por Paulo Floro
O Grito

























3 comentários:

  1. Eu lembro de uma ilustração(acho que a arte é dele) na capa de uma fita K7, a banda é "Mob Ape" o álbum é "chuva de lágrimas". Eu comprei a fita na loja do Silvio a muito tempo, depois de ver uma resenha dessa banda na revista Metal Head e fiquei fascinado pela a arte da capa...mas do som...foi uma decepção!

    ResponderExcluir
  2. Tou ligado nessa capa, é muito boa mesmo.

    ResponderExcluir