Sempre achei Aracaju pobre em monumentos. Fora a
Ponte do Imperador – que por não ser uma ponte nem servir usualmente como
atracadouro serve apenas como monumento –
temos poucos, e pouco conhecidos. Por isso fiquei feliz quando começaram a
erguê-los na Nova Orla da Atalaia. Gosto muito do que homenageia os escritores
e intelectuais e do que é dedicado a Inácio Barbosa, presidente da provícia de
Sergipe Del Rey e fundador da cidade de Aracaju. Este último, especialmente, é
bastante peculiar e criativo, pois não exibe nenhuma imagem do homenageado em
si, já que não existem registros pictográficos do mesmo. Há, em seu lugar, uma
figura humana estilizada sendo observada por pessoas comuns que compõem as três
etnias formadoras do Brasil: um homem branco, uma negra e uma índia.
Já o chamado
“Monumento aos Formadores da Nacionalidade” acho incompleto. Falta alguém ali.
Estão lá os presidentes Kubitscheck e Getúlio Vargas, o Duque de Caxias, o
Barão do Rio Branco, Tiradentes, José Bonifácio e Dom Pedro II. Está lá,
inclusive, a imagem de Isabel, “A redentora”, princesa que entrou para a
história apenas porque seu pai, o imperador, estava ausente quando chegou a
hora de assinar, finalmente, a Lei Áurea, que abolia a escravidão no Brasil. Libertas
Quæ Sera Tamen. Falta, no entanto,
aquele que é o principal símbolo da luta contra este mal. Aquele que lutou com
todas as suas forças e sacrificou a sua vida em nome da liberdade. Zumbi dos
Palmares.
Nem seria necessário desalojar a
princesa de seu pedestal: Há um espaço vazio, clamando para ser preenchido,
entre as imagens de Tiradentes e de José Bonifácio, o “patriarca da
independência”. De quem ergueu o monumento não se poderia esperar que se
lembrasse deste verdadeiro Herói popular. Só não sei, sinceramente, como alguém
desta já nem tão nova administração do Governo Estadual ainda não pensou nisso,
já que se trata, supostamente, de uma coalizão de centro-esquerda comandada por um partido
socialista.
Fica lançada então a idéia: Representação de Zumbi no monumento aos formadores da pátria! Já!
Fica lançada então a idéia: Representação de Zumbi no monumento aos formadores da pátria! Já!
“A palavra Zumbi,
ou "Zambi", vem do termo zumbe, do idioma africano quimbundo,
e significa fantasma, espectro, alma de pessoa falecida. Zumbi
nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e
entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Rebatizado
com nome cristão de 'Francisco', recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim
e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de
aculturá-lo, escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de
origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era
um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte anos.
O Quilombo
dos Palmares - localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas - era
uma comunidade, um reino ou república - não se sabe ao certo - formado por escravos
negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ocupava
uma área próxima ao tamanho de Portugal e sua população chegou a trinta mil
pessoas, segundo estimativas.
Por volta de
1678 o governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito com o
Quilombo de Palmares, se aproximou de seu líder, Ganga Zumba, com uma oferta de
paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos caso o quilombo
se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas
Zumbi a rejeitou, desafiando a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a
resistência contra a opressão portuguesa, tornou-se então o novo líder dos quilombolas.
Quinze anos depois,
o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a
invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi
destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio
Soares e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra
Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois
anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada
e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça
pública, visando desmentir a crença da população quanto à lenda da imortalidade
de Zumbi.
De acordo com José Murilo de Carvalho, em "Cidadania no Brasil" (pag 48), "os quilombos mantinham relações com a sociedade que os cercavam, e esta sociedade era escravista. No próprio quilombo dos Palmares havia escravos. Não existiam linhas geográficas separando a escravidão da liberdade". Para alguns estudiosos, no entanto, a escravidão nos quilombos não se assemelhava à escravidão dos brancos sobre os negros, sendo os escravos considerados como membros das casas dos senhores, aos quais deviam obediência e respeito. Algo semelhante à escravidão entre brancos, comum na Europa na Alta Idade Média.
Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria sido assassinado, e os negros de Palmares elevaram Zumbi a categoria de chefe: "Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo". Seu governo também teria sido caracterizado pelo despotismo: "Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do quilombo.
Em todo o caso, Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão. Lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra."
wikipedia
Todo dia é uma dia de luta. Luta de ideias, luta por justiça, luta por identidade... Meu camarada - produtor e locutor do programa mais alternativo de Sergipe, Programa de Rock, Adelvan Barbosa Kenobi - entre muitas conversas levantou uma questão: Por que não há Representação de Zumbi no monumento aos formadores da pátria na Orla de Atalaia?? E respondi é mesmo!
ResponderExcluirParabéns companheiro, esse é o começo de uma nova jornada, que se permitir terei prazer qem trilhaá-la ao seu lado!