* Expressão “ixpierta” cunhada por Adolfo Sá em seu blog, que você deve visitar assim que possivel para ler a megaentrevista com Panço que ele publicou lá.
Panço que aparece, na foto acima , retratado por Mauro Pimentel na sala de sua casa
A primeira coisa que eu tenho para falar sobre o novo/velho (porque na verdade foi o primeiro que ele escreveu, apenas demorou “um pouco” – mais de uma década! – para lançar) livro de Leonardo Panço é que ele é cheiroso. Sim, cheiroso! Pra quem gosta de cheiro de tinta impressa em papel, claro. Eu gosto. Muito. Especialmente se o impresso for novo – e este é, está lá, na abertura: 1ª. Edição, outubro de 2011.
Gosto de sentir o cheiro dos livros, sempre gostei. Porque ? Não sei. Só sei que é assim, e na internet não é assim, embora imagine que qualquer dia inventam, também, a internet com cheiro. Deve ser amor, pois sempre cheirei os livros que lia, às vezes em público, para a surpresa dos desavisados, como Adolfo Sá no dia do lançamento do “Esporro” aqui em Aracaju. Dito isto, digo mais: o livro é bonito. Não sei se é gostoso, porque não como livros. Não com a boca, pelo menos. Com os olhos, talvez. A capa é ótima, a encadernação é boa e as páginas, ricamente ilustradas com inúmeras fotos e reproduções de cartazes de shows, fluem com facilidade ao serem manuseadas.
Agora o conteúdo: é divertido. Muito divertido. O que esperar, afinal, de um livro que se propõe a contar historias do underground carioca da primeira metade dos anos 90, principalmente, quando algumas das mais insanas formações do rock brazuca, como Gangrena Gasosa, Zumbi do Mato, Piu Piu e sua banda e chatos e chatolins estavam em plena atividade e com seus membros na fina flor da juventude descompromissada ? Loucura total, claro!
Temos encontros inusitados, por exemplo: você sabia que o Fugazi, uma das mais sérias (sério mesmo) e respeitadas bandas de rock alternativo do mundo, já tocou com a Gangrena Gasosa num pico suburbano tosco da baixada fluminense? E se eu te disser que houve um encontro pra lá de bizarro entre membros das duas “agremiações” no banheiro do local do show? Pois aconteceu, e está lá, contado em detalhes. Assim como estão inúmeros outros episódios curiosos e pitorescos, como a quase prisão dos membros do zumbi do mato por estarem cheirando balas garoto, os bastidores da entrevista da Gangrena (campeões de insanidade) no programa do Jô Soares, as tentativas de estupro e de shows pirotécnicos dos Chatos e Chatolins e as loucuras de Piu Piu, famoso por tocar fogo no próprio corpo e broxar recebendo um boquete em pleno palco – tudo isso e mais os perrengues comuns pelos quais todos, sem exceção, já passaram, e com os quais qualquer pessoa que já tenha se aventurado por um momento que seja no mundo do rock independente e alternativo vai se identificar.
Porque nem tudo é loucura total, claro – há algumas passagens bem ingênuas até. Mas tudo junto forma um impressionante mosaico e acaba ajudando, e muito, a contar uma história: a história de uma cena que fez história, para além dos que se projetaram na mídia, como o Planet Hemp, principalmente. Os que ficaram pelo caminho, como Poindexter, Soutien Xiita, Anarchy Solid Sound e Sex Noise, deixaram também um legado valioso que merece ser resgatado, e este livro o faz com louvor. Isto para não mencionar os que continuam por aí, existindo e insistindo, como a Gangrena, o Zumbi e o próprio Jason, banda posterior do autor, que segue firme em nova formação preparando um novo disco.
O painel é, inclusive, bem mais amplo do que Panço deixa entender nas entrevistas, com suas compreensíveis ressalvas de que seu relato é incompleto. Está quase tudo lá – o que de mais relevante aconteceu no cenário da época está, senão esmiuçado, pelo menos citado, sempre. E satisfatoriamente retratadas estão as carreiras de inúmeras bandas, produtores, personalidades e casas de espetáculo: além das já citadas, temos pequenas biografias dos Beach Lizards, do Dash, de Simone e do Formigão, do Funk Fuckers, do B. Negão, de Skunk e Marcelo D2, do Cabeça, da coletânea paredão, lançada pela “major” EMI, do Garage, o “templo” de todos, e de Fabio, dono do Garage, de quem são, apropriadamente, algumas das últimas palavras escritas no livro.
Missão cumprida, Leonardo Panço. Pode descansar.
Sei que não ...
por Adelvan
Hahahahaha...
ResponderExcluirHuahahahahahahash...
Seu cheirador de livro safado!
http://bachareisembaixaria.blogspot.com/2011/12/devora-me-ou-te-decifro-ou-sem-rei-nem.html
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